quinta-feira, maio 31, 2007

algures no Oriente

Na busca de imagens da Grande Muralha da China, encontrei ainda uma relíquia. Não encontro palavras que possam acompanhar esta maravilha, certamente uma das novas 7.

a caminho da guerra das estrelas - II

Devo no entanto dizer que por trás desta aparente filantropia chinesa se encontram importantes interesses. O que têm a Nigéria, a Venezuela e o Irão em comum? Muito petróleo e alergia aos Estados Unidos. O que têm o Bangladesh, a Indonesia, a Nigéria, o Paquistão e o Irão em comum? São muçulmanos, com forte tendência para se radicalizarem. A Tailândia e o Peru também são ricos em matérias primas que a China precisa e não tem. Tal como o resto de África.
E com a Mongólia, também é preciso manter uma política de boa vizinhança. Os chineses não esquecem que de lá vieram muitas vezes os inimigos invasores, ou não fosse necessária uma Grande Muralha (que de resto é a única obra humana que é visível do Espaço) para os proteger. E no Oriente, a História ainda conta muito.

alguém me pode explicar...


... porque é que o Nuno da Câmara Pereira, deputado à Assembleia da República, está a cantar o fado em directo no "Portugal no Coração" da RTP1, ao mesmo tempo que há um debate no Parlamento (também em directo, na RTP2) com a presença do Governo para dar explicações sobre a Ota, caso DREN, exames de Português e quejantes?

a caminho da guerra das estrelas

Cada vez há mais países a quererem estar presentes no Espaço. Mas o elitista e restrito Clube do Espaço é dominado pelos Estados Unidos, que têm tentado afastar a China e outros países das suas ambições espaciais. Em reposta, a China está apostada em criar e liderar um novo género de clube espacial: o dos países emergentes.


No dia 14 deste mês de Maio, a China lançou um satélite nigeriano, com desenho, contrução e lançamento made in China, e ainda concedeu à Nigéria um empréstimo de 2/3 do valor do satélite, para os ajudar a pagar... a si própria. Entretanto, a China assinou outro contrato com o novo inimigo dos Estados Unidos, a Venezuela. Está também a desenvolver parcerias no campo da observação e vigilância da Terra através de satélites com o Bangladesh, Indonesia, Mongólia, Paquistão, Irão, Tailândia e Peru. Como vemos, todos países com relações difíceis com os Estados Unidos da América. A China criou ainda a associação dos satélites da Ásia, tudo isto num curto espaço de tempo. A ideia é que entre os países emergentes se construa uma imagem da China como sendo a grande mãe benfeitora dos países que se querem modernizar.




A China é uma potência que se quer afirmar neste Mundo, e o espaço não é apenas uma arena mais onde a China quer projectar poder. A conquista do Espaço significa muito mais que uma simples conquista. Um país que tenha um satélite no Espaço, é um país do século XXI. O satélite é um símbolo de status e de independência, e os chineses sabem disso, e assim apostam neste mercado de satélites, que sonham poder liderar. Está em causa o prestígio nacional chinês, está em causa a afirmação de um país na vanguarda dos avanços tecnológicos. Está em causa, acima de tudo, a disputa de um Espaço até hoje dominado pelo Ocidente.




Os Estados Unidos olham para as ambições da China com muita desconfiança. Os chineses são suspeitos de espionagem industrial e do roubo de material espacial que desapareceu da NASA. Mais, são acusados de lançar satélites de uso dual, isto é, com capacidade de estarem preparados não só para uso civil como também para uso militar. E a nível militar, a China está em grande processo de modernização. O último sinal foi em Janeiro, quando a China testou o seu novo míssil anti-satélites, destruindo um dos seus próprios satélites. Deu poucas explicações à comunidade internacional. Os Estados Unidos estão de prevenção, este é um sinal de que a China pode também atingir os satélites de outros países. Em Taiwan o clima também não é descontraído: a modernização militar da China será usada contra este território, seja por via negocial, seja através da "via práctica". O ambiente que se vive é de uma nova guerra fria.




Apesar das desconfianças internacionais, tudo parece dar confiança à China para avançar nesta nova guerra fria. A China oferece mais abertura a propostas de outros países, oferece serviços mais baratos e ainda concede empréstimos, como vimos acima. Em África, só este ano, os empréstimos que a China fez são na ordem dos 7 biliões de dólares. Até os empréstimos são astronómicos. Na China, existem hoje 3 centros espaciais: Beijing, Shangai e Harbin, estando um novo centro em construção na província de Hainan.




Prevê-se que nos próximos anos, a China lance mais de 100 novos satélites que ajudem o país a construir mapas mais precisos e um sistema que substitua o GPS norte-americano, a prever a metereologia com mais rigor, a desenvolver projectos de televisões rurais e a contribuir para mais pesquisa científica. A China quer ainda contruir uma Estação Espacial em Marte e pôr um astronauta na Lua, a curto prazo. Grandes mudanças se estão a dar na Ásia distante, mas que nos vão afectar a todos num curto espaço de tempo. E nós concentrados no Iraque e na esquizofrenia do Médio Oriente, onde se apostam muito mais esforços do que aquilo que a região realmente vale.

terça-feira, maio 29, 2007

o País está de tanga. Só o País, por favor...


Trago notícias. Afinal não é só na política que o país está em crise. A nossa Miss Portugal 2007 é Beatriz Ventura, tem o nariz torto, madeixas feitas no cabeleireiro da esquina e umas sobrancelhas bastante esquisitas. Descubra mais imperfeições ampliando a imagem. Não percebi ainda qual é a ideia de beleza que as luminárias que a escolheram têm. Algo me escapa. Talvez seja como diz um grande amigo meu: "ela é apenas simpática"! E às vezes, isso é tudo.

segunda-feira, maio 28, 2007

duas ideias de "povo" - perigos da segunda

Podemos falar de "povo de Deus" na Igreja Católica? Sim. Porquê? Porque os católicos que se dizem praticantes são fomentadores de união (na Igreja), têm uma direcção (o Céu), e um Caminho (a santidade). O "povo de Deus" é unânime nas questões essenciais de fé. No entanto também somos cidadãos da cidade terrestre, e aí já o caso muda de figura. O "povo" passa a ser um conceito mais perigoso.
Acostumei-me a ver o "povo de um País", de qualquer país, como uma massa disforme, sem direcção nem unanimidade sobre os assuntos políticos. Ainda bem que o é, em nome de alguma pluralidade que é necessária para o país se desenvolver. É necessário que as leis confiram e protejam a liberdade de uma pessoa poder discordar e manifestar a sua discordância (dentro de alguns limites), mesmo quando faz parte de uma minoria desse "povo".
Mas o que mais me assusta na ideia que temos de "povo", é a herança que Rousseau nos deixou sobre a "vontade geral" de um povo, onde a vontade da maioria tem de ser indiscutivelmente aplicada, porque o voto expresso da maioria está legitimado pela "vontade geral", da qual que se diz titular. É Rousseau um dos inimigos da liberdade, diz Isaiah Berlin, e esta é uma das razões. É curioso como no nosso subconsciente ele é sempre associado aos defensores da liberdade e não como um dos seus inimigos.

quinta-feira, maio 24, 2007

Publius e a mensagem da Constituição dos E.U.A.

A Constituição dos Estados Unidos da América é defendida por Publius nos “The Federalist Papers”, sendo a sua leitura uma boa maneira de se conhecer a fundo o espírito desta Constituição. Num tempo de reflexão único, muitas foram as ideias e propostas que surgiam em discussão entre os cidadãos. Um dos maiores problemas era se a nova nação devia ser uma Confederação de Estados ou uma União.
De início, Publius procurou demonstrar a utilidade da União para a prosperidade política. A Confederação apresentava-se insuficiente para preservar a União, e o projecto de vários Estados unidos, tal como existem hoje, advêm dos defensores da União e da Constituição. Aqueles que advogavam as vantagens de uma confederação de Estados diziam que esta ideia de uma República Unida era descabida e que a História demonstrava o seu fracasso: havia a ideia de que as repúblicas só era sustentáveis em Estados pequenos, e esta nova nação era demasiado grande para ser uma República Unida. Por outro lado, os unionistas e constitucionalistas defendiam que esta república podia ser construída, desde que o alargamento da órbita geográfica, demográfica e social da União fosse regulamentado e legitimado por uma Constituição virtuosa de inspiração republicana.
Numa coisa os americanos estavam de acordo: o Governo devia sustentar a sua legitimidade no povo. Mas havia dois tipos de regime que se baseavam no voto popular: a Democracia e a República. Publius defendeu a República, o regime onde a Democracia era temperada com aspectos aristocráticos. O povo tem uma acção intermitente no governo da União, e a duração dos mandatos é mais curta quanto mais popular for a eleição para essa instituição. Ainda hoje assim é: a eleição para a Câmara dos Representantes é feita de 2 em 2 anos, a eleição para Presidência da União é feita de 4 em 4 anos, e o cargo de Senador tem a duração de 6 anos. Quanto maior o cariz popular e directo da eleição, menor a duração do mandato. Foi esta a fórmula que Publius apoiou para que o governo fosse popular, mas sem os vícios democráticos: uma República renovada, representativa, com separação de poderes e um poder judicial quase independente do poder político.
Havendo a estrutura política desenhada, Publius avisa que isso não basta. É preciso agora tratar das virtudes do governante. Há duas virtudes que devem estar sempre presentes num governante: a coragem e a magnanimidade. São uma vez mais virtudes aristocráticas tradicionais, que Publius tenta casar com a República. Nem aqui parece ser ao acaso a escolha do pseudónimo Publius, uma vez que também este foi acusado na Antiga Roma de ser demasiado elitista, acusação nunca confirmada pelos factos. Para além destas virtudes, devem ser criadas as condições necessárias para que o governante possa levar a cabo a sua acção política com energia. A existência de um governo enérgico é essencial para a obtenção dos seus objectivos. O Governo deve ser encabeçado por um só homem, e os poderes que ele tem devem ser compatíveis com a sua missão, respeitando a duração do seu mandato. Os ingredientes para a segurança do Executivo é a responsabilidade sempre presente, e uma devida dependência do povo.
Publius bateu-se ainda pela conformidade entre a Constituição e os verdadeiros princípios do governo republicano. A protecção do governo, da liberdade e da propriedade foram as suas principais preocupações no final dos ensaios.
Ponto por ponto, Publius foi atacando cada crítica que os apoiantes da confederação faziam à Constituição. A sua argumentação erudita entusiasmou os nova-iorquinos, que apoiaram a ratificação daquela que é hoje a Constituição mais antiga do Mundo em vigor.

quarta-feira, maio 23, 2007

viagem ao presente

Quanto mais igualitárias se tornam as condições, menos os homens são individualmente fortes e mais facilmente se deixam arrastar pela multidão, experimentando sempre mais dificuldade em manter uma opinião que ela tenha abandonado.
O jornal representa a associação; podemos dizer que ele fala a cada leitor em nome de todos os outros e que os cativa tanto mais facilmente quanto mais fracos eles são individualmente.
O império dos jornais deverá pois crescer à medida que for aumentando a igualdade de condições entre os homens.
Alexis de Tocqueville, Da Democracia na América, II, II, VI

terça-feira, maio 22, 2007

11 de Setembro em discussão

O que causou o 11 de Setembro de 2001? Vejamos um pouco do debate entre os candidatos republicanos às eleições para a presidência dos Estados Unidos da América de 2008. Neste vídeo, a corajosa análise do Congressista Ron Paul, do Texas e a reacção de Rudy Giuliani, Mayor de New York na altura dos ataques ao World Trade Center.

segunda-feira, maio 21, 2007

o primeiro rei tirano

Este é o primeiro registo de um rei tirano no Mundo. Foi há cerca de 65 milhões de anos atrás, na Era Mesozóica, Período Cretáceo. Foi Tirano e foi Rei. É hoje conhecido por Tyranossaurus Rex.

domingo, maio 20, 2007

Artigos Alheios

Carissimos, deixo-vos aqui um atrigo de João César das Neves, "delicioso" diria, se não estivesse em causa algo tão grave como a nossa identidade nacional.



"ACIMA DE TUDO NÃO ESTRAGAR

O Estado tem funções essenciais na sociedade. Para as cumprir deveria ter como regra suprema o velho princípio médico do juramento de Hipócrates: Primum non nocere, acima de tudo não prejudicar.

Há 200 anos, insultar o rei dava severo castigo, mas o assassino de um escravo ficava impune. Era uma época bárbara sem respeito pelos direitos humanos. Hoje, uma mãe mata o filho aos dois meses de gestação com apoio do Estado (Lei n.º 16/2007 de 17 de Abril), mas será exemplarmente castigada se fumar um cigarro num bar (proposta de lei n.º 119/x). Aliás, mais castigada que se fumasse droga. Temos de abandonar a ideia de que a lei melhorou.

Não melhorou mas aumentou. A justiça antiga só actuava em crimes cometidos e danos causados. A lista de delitos e penas era discutível, mas limitada. Hoje a lei mete-se em tudo na nossa vida, não para corrigir injustiças, mas para ensinar como viver. As autoridades nacionais e europeias estatuem os mais pequenos detalhes da existência. Nada existe sem regulamentação. O Estado deixou de ser justo para ficar bisbilhoteiro.

O futuro desprezará o tempo que deixou a vida e a liberdade nas mãos de miríades de burocratas, funcionários, inspectores, ministros, polícias e juízes. Técnicos que, pela sua acção, geram muitas vezes mais estragos e custos que qualquer benefício que julguem atingir. O défice mostra-o bem. Mas o défice é o menos.

O pior é que, na ânsia regulamentar, a lei passou a castigar quem não faz mal nenhum. A polícia multa por conduzir sem cinto de segurança ou sem seguro, penaliza quem faltar à medicina no trabalho. A lei interessa-se por materiais de construção, formas de brinquedos, peso de mochilas escolares. No restaurante, onde não se fuma mas ainda se come, a lista de requisitos e regras abstrusas enche volumes pesadíssimos. Tudo com penas agravadas. O mundo diz-se mais evoluído, mas é mais espartilhado, quadriculado, entupido.

Não admira que o tema recorrente nos jornais seja a incapacidade das autoridades, da Ota e TGV à corrupção e desleixo. Os funcionários são os primeiros a denunciar os disparates dos seus serviços. A fúria legista gera os crimes mais bizarros cometidos, não por malfeitores, mas pelas autoridades pretendendo melhorar a nossa vida.

Esta afirmação parece severa, mas é evidente. Quando inspectores inutilizam toneladas de comida, que sabem em bom estado, porque o acondicionamento não era regular, cometem pecado que brada aos céus. Um exemplo recente mostra como até se minam as bases da nossa identidade nacional.

A escola, antes de tudo, ensina a ler e escrever. Por isso os custos de mudar a gramática lectiva são esmagadores, com benefícios vagos. Os linguistas, como todos os cientistas, são inovadores, polémicos, puristas. É natural que as teorias abundem, evoluam, se entrechoquem. Mas quando o Ministério da Educação intervém, a interessante discussão de especialistas passa a gravíssimo atentado à língua e cultura.

A Portaria n.º 1488/2004 de 24 de Dezembro revogou a anterior gramática (Nomenclatura Gramatical Portuguesa da Portaria n.º 22 664 de 28 de Abril de 1967), adoptando, "a título de experiência pedagógica, a Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário". Agora, como a experiência correu mal, vai proceder-se, "até Janeiro de 2009, à revisão dos programas das disciplinas de Língua Portuguesa" e "ficam suspensos, até 2010, os processos de adopção de novos manuais das disciplinas de Língua Portuguesa dos 5.º, 6.º, 7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade" (Portaria n.º 476/2007 de 18 de Abril).

A antiga gramática está revogada e a nova vai ser revista. Quem aprendeu, afinal não sabe nada. Quem quer aprender, não sabe o quê. Ninguém se entende. E o assunto é "só" a língua materna. Se existisse uma conspiração deliberada para destruir as bases da nossa educação, progresso e unidade nacionais, o efeito não seria pior. O facto de isto ser causado, não por terroristas, mas pela arrogância e incompetência de funcionários, não é desculpa. Estão na prisão muitos por muito menos. "


sábado, maio 19, 2007

Chelsea conquistou Taça de Inglaterra

José Mourinho salvou o final de temporada ao conquistar com o Chelsea a Taça de Inglaterra, frente ao rival Manchester United, no já mítico Estádio de Wembley. O resultado final foi 1-0, com um bom golo apontado pelo humilde fair-player Didier Drogba, que considerou Cristiano Ronaldo o melhor jogador da época que hoje se encerrou. Dos portugueses que participaram nesta partida, jogaram Ronaldo e Paulo Ferreira, em campos opostos, e no banco estiveram José Mourinho e o ajudante de Sir Alex Ferguson, Carlos Queiroz, também em lados opostos. No futebol, como na política, os portugueses jogam ao mais alto nível. Mas Portugal, nem por isso...

quarta-feira, maio 16, 2007

Será que tem Costa(s) largas ou são mesmo cordelinhos?



Boa noite caros cúrticos, senhoras e senhores leitores.
É com alegria que volto a escrever neste blog, no qual não dava à pena há uns tempos.
O que cá me traz, desta vez, é a intrigante escolha socialista para a câmara de Lisboa:
António Costa que, como já aqui foi dito, tem sido um dos pilares fundamentais do Governo.
Por princípio, não posso deixar de querer acreditar nas boas intenções dos nossos governantes (sim, eu sei que pode parecer muito absurdo...), mas esta troca, chamem-me desconfiado, não é clara.
A ver vamos que "surpresas" se seguem (convém não esquecer que há um ministro novo, Rui Pereira, que estava no tribunal constitucional.), são capazes de "dar jeito" a alguém.
Espero desenvolvimentos.

PS e a eleição para Lisboa

O Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira disse ontem que a candidatura de Helena Roseta, independente, não é uma boa notícia porque vai dividir os votos à esquerda. É um Ministro de Portugal que o diz, um Ministro que tem responsabilidades sobre a acção governativa que desepenha, e que afecta todos os portugueses, não só os de esquerda como também os de centro e os de direita: todos. Um pouco mais de sentido de Estado não lhe ficava mal. Depois, esta dicotomia "esquerda vs. direita" não interessa para nada numa eleição municipal. As pessoas votam no candidato, mais que no partido. O partido só o apoia, não concorre. Quem concorre é uma equipa encabeçada pelo candidato. Insistir que isto se trata de um voto partidário e de um voto "de esquerda" ou "de direita" é continuar a desvirtuar esta eleição. E a responsabilidade de não dizer tais disparates fica maior quando se trata de um Ministro.


António Costa, outro Ministro deste Governo, Ministro de Estado e da Administração Interna, e nº 2 de Sócrates, o Zé, é o candidato apoiado pelo PS para estas eleições. Tal quer dizer que, à conta de uma crise municipal, José Sócrates prescinde de uma peça fundamental da arquitectura do Governo. Quanta generosidade. Mas o problema é que António Costa sai do Governo na pior altura - não se trata apenas de "arquitecturas". Trata-se também da sustentabilidade política deste Governo numa altura crucial da economia do nosso país, em que Portugal vai entrar na presidência da União Europeia, exigindo de Sócrates muita atenção para as questões europeias. Quem vai segurar isto? Rui Pereira, jurista, que nem sequer era do Governo e que ainda vai precisar de tempo para se ambientar às pastas que recebe. Uma desgraça, quando devíamos andar a velocidade de cruzeiro. Os outros países não esperam por nós.

terça-feira, maio 15, 2007

esquerda de confiança?

O Bloco de Esquerda (BE) leva amanhã à Assembleia da República um novo projecto de lei sobre o divórcio. No sentido de acompanhar os tempos, como dizem, esta "esquerda moderna" quer que o divórcio seja possível apenas a pedido de um dos cônjuges. Ou seja, basta que uma parte deixe de gostar da outra, et voilá, sai um divórcio, assim, sem mais. O que também facilita o casamento, já que este é um contrato que deixa de meter tanto medo, pois fica fácil de se quebrar. Se alguém ainda acredita em "palavras de honra", desengane-se. Os casamentos à moda da esquerda moderna são assim: um dia gosto de ti, amanhã já não. Hoje casamo-nos, amanhã divorciamo-nos.
O BE quer enfraquecer os laços da verdadeira célula da sociedade: a família. O BE não quer pessoas, quer indivíduos. O BE não quer "palavras de honra", embora não saiba o que vem a ser isso. O BE quer acabar com a fé, inclusivamente nos contratos que se assinam entre as pessoas: o BE mais prefere o terror da incerteza do que a confiança no cumprimento do contrato. Apesar disso, e para confundir os incautos, o BE intitula-se "a esquerda de confiança".
Felizmente, o projecto de lei não passará amanhã. Já em 2004 não passou. Mas o BE vai insistir nesta batalha e noutras, como fez com o aborto, até o PS precisar novamente de apoiar um fogo de artifício como este, para nos distrair dos problemas reais do país. E a melhor maneira que a "esquerda moderna e de confiança" encontra para nos aliviar dos problemas que temos, é inventar (criar!) problemas novos para resolvermos. Vale a pena estarmos alerta.

sábado, maio 12, 2007

para querentes


O Curtas&Rápidas associa-se às comemorações dos dias 12 e 13 de Maio, 90 anos depois das aparições de Nossa Senhora aos Santos Pastorinhos de Fátima: Lúcia, Francisco e Jacinta. Proponho, cara leitor, que rezemos como estas crianças que acrescentaram valor à História de Portugal e da Igreja, de mãos postas, em sinal de recolhimento ao nosso íntimo e de entrega a Deus.

Avé Maria, cheia de graça, o Senhor é conVosco. Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós os pecadores, agora e na hora da nossa morte! Ámen.

sexta-feira, maio 11, 2007

as catedrais do século XXI

Pode parecer um cliché dizer que o centro comercial é a catedral do século XXI, mas mesmo assim há uma razão para o dizer. Tal como a catedral o era nos seus dias, também no nosso tempo é debaixo do tecto do centro comercial que toda a comunidade se junta e encontra.

(...)

Enquanto a catedral gótica é sempre arquitectada numa lógica de olhar para cima e contemplar a obra de Deus, que não tem preço, o objectivo do centro comercial é que olhemos para baixo, para as obras do homem, onde todas elas são facilmente adquiríveis por um preço.

(...)

Uma vez no centro comercial, os nossos olhos estão constantemente atraídos para o horizontal, pelas luzes intermitentes e as publicidades competidoras de cada loja. Estando dentro da loja, os nossos sentidos são continuamente assaltados pela insistente batida da música pop que nos é imposta, como que oprimindo o nosso espírito com a baixeza do tecto, a violência da luz artificial e as cores garridas do pandemónio de slogans e logotipos que nos chamam até para o mais ordinário dos produtos.

(...)

As catedrais do século XXI estão menos feitas para nelas orarmos e contemplarmos, e mais feitas para nelas comprarmos e delas escaparmos, rapidamente, com os braços cheios de compras que na verdade não precisamos, e que realmente nem as queríamos.


Tradução muito livre e algo adaptada de "Plato's Children", de Anthony O'Hear

quinta-feira, maio 10, 2007

um pouco de comédia com Bush

A Rainha de Inglaterra Isabel II esteve estes últimos nos EUA para celebrar os 400 anos de Jamestown, a primeira localidade fundada pelos colonos ingleses. No discurso oficial de boas-vindas na Casa Branca, o anfitrião George W. Bush quis lembrar a última vez que Isabel II foi aos EUA, em 1976 no bicentenário do país, mas trocou a data e disse 1776. Então, ao ver a gaffe que fez, virou-se para a Rainha e piscou-lhe o olho, acrescentando logo de seguida "She gave me a look that only a mother could give a child.". Mais uma bushice para juntar à lista.

terça-feira, maio 08, 2007

"a doutrina separa, o serviço une"


Afinal o que é isto do Ecumenismo? Um lugar onde algumas religiões conseguem encontrar pontes de entendimento entre elas? Ou um plano para que essas religiões percam as suas especificidades e abdiquem de alguns princípios para formarem uma super-religião que abranja todas elas? Penso que não é preciso ir tão longe. Vejamos.




O diálogo entre religiões é necessário e encontrar pontos de encontro entre elas parece-me positivo. Desde que não se abdique de princípios fundamentais que tornam essas religiões singulares e únicas. Pode e deve haver conversas e conversões, mas nunca se deve mudar uma doutrina apenas para aproximar duas religiões numa lógica de aumentar os fiéis. Os fiéis podem e devem ser cada vez mais, se Deus assim quiser, mas através da conversão íntima de cada pessoa, e não através de cedências doutrinárias. O bom das doutrinas é que ao longo dos tempos não mudam e os valores são os mesmos desde o princípio: no limite, adaptam-se aos tempos renovando o modo de transmitir a mensagem, que - e repito - não muda. Se mudasse, não era uma doutrina, mas uma mera ideologia. E quem leva a sério uma religião que se baseia numa ideologia, que por definição é mutável?




O diálogo ecuménico a nível de doutrina parece-me um ponto demasiado sensível. Deve ser feito para encontrar as semelhanças, mas também as diferenças. É importante encontrar aquilo que nos une, mas é igualmente essencial não esquecer o que nos divide, ou que nos dividiu até agora. Entendeu-se no princípio do século XX (nos encontros de Edimburgo em 1910 e Lausana em 1927, entre outros) que a existência de várias religiões cristãs afectavam a divulgação de algo que as une: o Envangelho. Nesse aspecto, os encontros ecuménicos que se seguiram foram importantes para tentar encontrar uma coerência na forma de anunciar a Palavra de Cristo. Valeu a pena.


Lugares como Taizé, no sul de França, existem precisamente com o objectivo de unir os crentes protestantes, católicos e ortodoxos em torno do Evangelho e de orações comuns a todos, ou pelo menos que não vão contra a sua doutrina. É bom que tal aconteça e que aproxime as pessoas dos vários povos, desde que estes não queiram perder os laços com as especificidades das suas religiões. O objectivo de Taizé não é criar uma nova super-religião. É antes percebermos que pode haver entendimento sobre algumas questões.



Que questões são essas? É aqui, parece-me, que podem entrar os verdadeiros objectivos construtivos do ecumenismo. Primeiro, a ideia que a existência de uma paz entre religiões é meio caminho andado para uma paz durável entre os povos que, sendo irmãos, são agora mais fraternos. Depois, é prioritário que haja um entendimento sobre a Justiça, a Paz e as questões ambientais e ecológicas (ou em linguagem ecuménica, a "salvaguarda da criação"). É por aqui que o ecumenismo deve continuar a avançar, numa acção concertada pelos valores comuns que os povos cristãos defendem.


"A doutrina separa, o serviço une."

sexta-feira, maio 04, 2007

o vírus igualitário, topado há 174 anos atrás

Tocqueville escreveu, em 1833, directamente para um taxista que apanhei ontem e que se queixava que lhe incomoda ver os banqueiros a enriquecer mais depressa que o resto das pessoas. Escreveu também para José Sócrates e a sua sede canuda de ser Engenheiro e de ver todos os portugueses licenciados através de Novas Oportunidades, que cheiram a mais licenciaturas às três pancadas e a preço de saldo. Escreveu ainda a todos nós, mulheres e homens que, se não nos pomos a pau, embarcamos também na onda igualitária que nos querem impor. Escutemos este Grande Professor (como lhe chamaria Leo Strauss):
"A paixão da igualdade penetra por todas as vias possíveis no coração dos homens, onde se expande até o encher por completo. De pouco vale dizer então aos homens que, entregando-se assim cegamente a uma paixão exclusiva, estão a comprometer os seus interesses mais caros; eles ficam surdos. Ou mostrar-lhes que a liberdade lhes escapa das mãos, enquanto estão a olhar para o outro lado; eles ficam cegos, ou melhor, em todo o universo apenas vêem um único bem digno de inveja.




(...)




Penso que os povos democráticos têm um gosto natural pela liberdade; entregues a si próprios, procuram-na, amam-na, e só dolorosamente se vêm separados dela. Mas, pela igualdade, a sua paixão é ardente, insaciável, eterna, invencível; querem a igualdade na liberdade e, se não puderem alcançá-la, desejam-na mesmo na escravidão. São capazes de suportar a pobreza, a servidão, a barbárie, mas não a aristocracia."




Alexis de Tocqueville, Da Democracia na América, II, II, I