eleições francesas e outros recados

A primeira volta das eleições em França está aí à porta: dia 22 de Abril, próximo Domingo, os franceses decidirão quem querem que passe à segunda volta para o duelo final (a menos que algum candidato ultrapasse os 50% dos votos, situação improvável). Nicolas Sarkozy (em 1º lugar nas sondagens com 28% das intenções de voto) tem agitado muito os corações em Portugal, graças às suas declarações em relação ao assunto da emigração em França, onde é mais exigente e restritivo que todos os outros candidatos, à excepção do velho Le Pen.

Não sei se descansa os familiares de portugueses que trabalham em França, mas Sarkozy deu hoje uma entrevista à Rádio Alfa e elogiou a forma exemplar como os portugueses vivem em França e ainda classificou o mister Barroso como um "homem de grande qualidade", defendendo-o das críticas de Ségolène Royal (em 2º lugar nas sondagens com 24% das intenções de voto), que o considera demasiado liberal.

Em 3º lugar aparece François Bayrou ainda pode surpreender, embora já tenha pouco tempo e apenas 18% das intenções de voto. Mesmo assim, os constantes disparates ditos pela pouco preparada Ségolène ainda podem mudar a opinião algum francês menos apaixonado. Os socialistas apostam numa mulher charmosa, porque é Primavera. Gostava de ver como seria se estivéssemos no Outono.

Jean-Marie Le Pen vai em 4º lugar nas sondagens com 14%, e desta vez com poucas probabilidades de chegar à segunda volta, como aconteceu nas últimas presidenciais francesas contra Chirac, quando o Mundo apanhou um susto.

Na altura, a multiracial selecção francesa estava em baixo de forma, e como o povo se esquece rápido, pois os triunfos de '98 (Mundial) e 2000 (Euro) também foram graças à mesma selecção, Le Pen soube capitalizar esse descontentamento. O futebol foi um veículo de manipulação sentimental das massas, instrumentalizado pelos políticos. Como quase sempre, a paixão é melhor instrumento que a razão, quando o objectivo é obter o poder. Cá em Portugal, como sabemos, o futebol é a mais forte e consensual paixão que temos, enquanto massa manipulável e sinistra que é isto de sermos "povo". Quando os políticos de cá descobrirem como lidar bem com este bicho, estamos feitos. E para lá caminhamos, em condições. Valentim e Avelino são apenas tubos de ensaio autárquicos para projectos mais ambiciosos a nível nacional, e só assim se explica porque ainda se vão mexendo.