segunda-feira, dezembro 31, 2007

Bom Ano, sejam felizes

Divirtam-se na passagem de ano e tenham um grande 2008!

Ainda em 2007 mas já de olhos em 2008...
TAM

domingo, dezembro 23, 2007

Portugal e a Democracia

Confunde-se, não raras vezes, Monarquia com algo de não-democrático. Trata-se, no mínimo, de um atentado às antigas instituições monárquicas e ao conhecimento histórico, nomeadamente por constituir um gravíssimo e intolerável erro na compreensão da História científica(e por vezes a responsabilidade é dos que a tentam desenhar). Seria correcto uma frase neste sentido geral: do fim da Monarquia à instauração da República. Porém, tal como a maioria das afirmações são redigidas, pretendem que democracia seja sinónimo de república, o que é falso (ou não inteiramente verdadeiro). As afirmações costumam ser: do fim da Monarquia à instauração da Democracia.
A Democracia, em sentido moderno de representação de um Estado Democrático, surge em Portugal com a Monarquia (e nem sequer no final da mesma), criando-lhe várias dificuldades políticas e sociais que, ainda assim, se consideravam menores perante a necessidade e justiça de tal modelo. Primeiro, com a Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1822 e, mais aprofundadamente, com a Carta Constitucional de 1826, o documento jurídico mais duradouro em toda a História da Jurisprudência nacional. Passou a ser formal e praticamente válida, em Portugal, uma organização democrática, com a Separação dos Poderes, Soberania a residir também na Nação, Direitos e Deveres dos Cidadãos, etc., ainda na primeira metade do Século XIX. A República surge no século posterior, no qual, naturalmente, a democracia já há muito havia sido “instaurada”. Quanto muito, alterou-se o rumo geral das políticas do Estado, para além da óbvia representação da Chefia do Estado. Em 1926, sem a resolução dos problemas que muitos haviam publicitado como sendo de regime, eles instalaram-se(pelo menos) na governação. Dá-se o Golpe Militar, que abre caminho ao Estado Novo e à nova Constituição de 1933. Continuamos em república, porém, os princípios democráticos, desapareceram em larga escala. Não me interessa aqui debater se era ou não necessário, positivo ou essencial, questões doutrinárias ou ideológicas: foi um período não-democrático. Só na década de 70 de 1900 é que, de certa forma, é retomado.
Portugal nunca foi uma Nação pacífica, no sentido de deixar passar os problemas sem os resolver ou preferir fechar os olhos a combater(também a ideia contrária é fabricada). Contudo, democrático, é há séculos. Nas viragens naturais que foram sendo executadas/necessárias, esteve quase sempre à frente e, muito fortemente, tem sido exemplo entre os mais correctos e sensatos a aplicá-las.

Aos Portugueses em Portugal, no Mundo Português(este que me satisfaz) e no Globo; aos estrangeiros em Portugal e a todos os Povos, votos de um Santo Natal.

TAM

terça-feira, outubro 02, 2007

A corrupção: no Ocidente e no Islão

É recorrente ouvirmos algumas pessoas reclamar a superioridade civilizacional do Ocidente em relação ao Islão. A seguir a tão vazia declaração, normalmente acrescentam que "a prova disso é que os árabes são corruptos" e que "abdicam de todos os seus valores por dinheiro". As pessoas esquecem-se é que nisso mudamos pouco: todos os povos conseguem ser promíscuos e corruptos - basta olhar para a classe governante portuguesa e para a de outros países europeus. A Justiça? Compra-se. Os valores? Ofuscam-se com outros brilhos mais urgentes. No entanto, a argumentação em torno da corrupção roça o ponto decisivo que nos distingue economicamente dos muçulmanos. A diferença não está na existência da corrupção - existe onde houver dinheiro, mas no processo. Ouçamos as palavras do professor Bernard Lewis, perito em estudos sobre o Islão.
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"No Ocidente faz-se dinheiro no mercado, que depois se utiliza para comprar ou influenciar o poder. No [Próximo] Oriente toma-se o poder e utiliza-se o controlo do Estado para fazer dinheiro. Moralmente, não existe diferença entre os dois casos, mas o seu impacte ao nível da economia e da política é muito diferente."
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extraído do livro de Bernard Lewis: O Médio Oriente e o Ocidente - o que correu mal?

quarta-feira, setembro 19, 2007

contra os direitos de autor

O direito de autor é um direito egoísta e retardador. Cada cêntimo ou autorização que se gasta com os direitos de autor, é dinheiro ou tempo a menos que se gasta em mais cultura, investimento e desenvolvimento. O prémio de uma descoberta acontecerá sempre, e não à custa do consumidor obrigado, mas da pessoa reconhecida que voluntariamente o destaca.

divagação acerca da natureza humana

Aristóteles, ao dizer que o homem é um animal político, indica-nos que a verdadeira natureza humana só se encontra na cidade, na polis. Para o filósofo, aquele que vive fora da cidade e sem dela depender ou é um deus, ou uma besta. A verdadeira natureza humana encontra-se na cidade.
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Os modernos teóricos do estado de natureza - inspirados pelos primeiros passos de Hobbes - negam esta ideia aristotélica e procuram a natureza humana fora da cidade, pois a polis condiciona o homem ou, para usar o vocabulário de Rousseau, a sociedade agrilhoa o homem.
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Podemos conhecer alguém que viva sem Estado? Os genuínos hippies, certos ciganos e alguns sem-abrigo quase nos mostram que sim. Quase. Nunca a independência é total. Nem os índios norte-americanos, confinados às suas reservations, conseguem viver sem o dinheiro da venda do seu artesanato aos turistas.
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Mesmo que estes fossem exemplos verídicos de independência estatal, era nestes casos extremos que iriamos buscar a nossa natureza humana? A cidade de Aristóteles é demasiado artificial para encontrarmos a nossa verdadeira natureza. O estado de natureza de Hobbes e Rousseau é demasiado imaginário e difícil de analisar com ciência.
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A natureza humana parece ser, para Santo Agostinho, produto da nossa orientação para Deus criador. Mas, estaremos todos igualmente orientados para Deus? Digo que sim, apenas os caminhos estão percorridos com desvios próprios, intensidades e tempos diferentes e percursos irrepetíveis - consoante a pessoa que caminha. A orientação existe, a vontade de caminhar varia.
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Que a definição de natureza humana deve ser universal, isto é, ser válido para todos, isso parece inegável - para estes filósofos e também para mim, que entre as suas mentes gigantes me escondo. Mas a descoberta da natureza humana deverá ser uma descoberta pessoal, própria do solitário caminho de cada um, para não perturbar o entendimento de certas nuances que variam de pessoa para pessoa, como ramos diferentes de um mesmo tronco.

quinta-feira, agosto 09, 2007

o mau exemplo dos partidos

O Governo exige de todos nós que cumpramos com os nossos deveres fiscais. Exige que esteja sempre tudo certinho. E agora, sabemos que todos os 5 partidos com assento parlamentar - logo, os únicos que podem formar governo - vão ser multados, sem excepção, por irregularidades relativas às suas contas. Com que autoridade é que nos vêm pedir rigor?

quinta-feira, julho 26, 2007

utopias - 2

1. Nenhuma utopia se cumpriu totalmente até hoje. É sempre uma política de cenoura que atrai o burro, que nunca a chega a comer. É sempre um engano.
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2. Em contraste com a ausência de utopia na política, há valores que - esses sim - se devem cultivar, valores que nos puxam para cima. Alguns, estão implícitos nas várias religiões que habitam no mundo. Outros, são relativos ao regime político que governa a região. Os valores, a religião e a educação são as respostas que se dão à mediocridade da igualização das pessoas. São estes valores que elevam a fasquia de uma comunidade, que devem ser regados no seio das famílias e nunca como um desígnio nacional que oprime a liberdade de educação por parte das famílias e a liberdade religiosa por parte das pessoas e das igrejas.
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3. Assim, a política deve ser horizontal porque real; e incentivadora de verticalidade, porque apoia as famílias, a religião, todos os valores que são úteis à comunidade, e todos os direitos implícitos à dignidade da pessoa humana. O sonho e a utopia devem reservar-se ao íntimo das pessoas e nunca se devem assumir como projectos comuns e políticos de poder.

utopias

Comunismo e Sovietismo:






Fascismo e Mussolini:





Nazismo e Hitler:



Neo-imperialismo lusitano:








Conclusão:

Apostar numa utopia para salvar um país é como apostar num casino. É sempre um jogo de sorte ou de azar. Normalmente, de azar. A utopia que parte de uma visão utópica da realidade, deu sempre maus resultados; a utopia que quer responder a uma visão realista do contexto político, económico e social de uma comunidade, precisa de aliar sorte ao engenho, sendo que a sorte não se fabrica - ao contrário do que às vezes por aí se diz. Brincar às utopias é muito bonito e poético, sejam essas utopias de amanhãs que cantam, sejam as utopias apontadas ao passado, dos reaccionários. Tudo isso é um exercício intelectual interessante. Mas o que está em jogo são vidas humanas, são pessoas com dignidade. Nenhuma utopia se impôs sem guerra, e todas as utopias caíram com as guerras. A utopia é fumo, pois fabrica figuras engraçadas e cativantes; é também fumo porque essas imagens não têm consistência real.

Como disse atrás, brincar às utopias pode ser engraçado como exercício intelectual. Mas não contem comigo para aplicar utopias à acção política, pois o que está em causa é demasiado valioso para admitir riscos: a vida de pessoas. Estas brincadeiras deram sempre mau resultado.

sexta-feira, julho 20, 2007

não-lugares como realidades possíveis

Desde cedo que Portugal perdeu a sua capacidade de "utopizar". Contudo, graças a ela, estamos cá enquanto Nação. Hoje, julgamo-la indesejável e oca. Por oposição, considera-se o realismo/o real. Como se este só existisse dada a ausência de utopia. Parece ter-se transformado em fardo nacional, esta incapacidade de ultrapassar um certo sebastianismo messiânico e de pensar, reflectir e desejar romper com paradigmas há demasiado tempo vigentes ou recentemente adaptados dos ventos que sopram do Atlântico.
Nem todos somos políticos, mas quase tudo é entendido como política, portanto tenhamos atenção. Os estrangeiros nacionais governam-nos. Novas gerações se preparam para lhes dar seguimento e nós vamos deixando que isto, impunemente, vá acontecendo.
Temos de nos revoltar, Caros Compatriotas!
Não podemos permitir a venda da Soberania Nacional, nem do que nos torna únicos e exemplo vivo de uma Civilização moderna!
Temos de agir rápida e eficazmente!
Derrubemos o Estado!
A Nação tem de saber quem a Governa, ou destituir a instiuição do Governo de governar!
Readquiramos o Orgulho em Ser-Português!

TAM

Outra sugestão de leitura

PORTUGAL - O Pioneiro da Globalização (2007)

quinta-feira, julho 19, 2007

um pouco mais de realismo

O caro TAM fez uma série de afirmações e acusações que, embrenhadas na sua rica prosa, quase passam por recados. Então vamos lá ver, ponto por ponto e de uma forma sistemática:
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1. O império. Vamos tornar claro o tipo de império de que falamos. Falamos de um império político, com fronteiras? A História mostra que todos os impérios políticos degeneraram em despotismos. Não encontram nenhum caso excepcional. Falamos de um império económico? Está claro que o comércio internacional não tem as mesmas preocupações morais que tem o comércio a nível interno. É de um pretenso império cultural que falamos? Seja. É uma imagem simpática, poética, mas que nas relações económicas e políticas significa pouco ou nada. Só quem se quer enganar a si próprio, ou quem quer enganar outros, é que ainda acredita que os brasileiros e o Brasil precisam dos portugueses e de Portugal para negociar com os europeus e com a Europa. Se os países de Língua Portuguesa formassem uma associação (ou comunidade) forte, ao nível da Commonwealth, a história seria ligeiramente diferente. Mas não é isso que temos. Concluindo este primeiro ponto - História dos impérios: "lição obrigatória ao futuro descrente e decadente"? Concerteza. Para que não repitamos os erros do passado e evitarmos discursos imperialistas, sejam esses discursos de carácter comunista, capitalista, ou até tradicionalista.
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2. O dever. O meu único dever é para com a verdade. Considero que a análise dos assuntos exige do homem sábio um espírito aberto e que siga a verdade para onde quer que ela vá, embora através de meios que estejam de acordo com a moral. Um juiz não pode ser cego, nem surdo: ouve todas as hipóteses com espírito aberto à verdade, e só no fim decide. Não sou sábio, nem sequer sou juiz. Mas tento buscar a verdade com a mesma abertura de espírito e prudência com que o sábio e o juiz a buscam. É nesse processo que se distingue melhor quem é o inimigo - se é que há inimigo - e quais são os aliados. Não considero os Estados Unidos um nosso inimigo, nem penso isso da Europa Continental. Acho que estão ambos do mesmo lado e formam juntos uma civilização - a Civilização Ocidental (extensível ao Canadá e à Austrália).
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3. O anti-americanismo. Tenho para mim que os Estados Unidos nunca quiseram ser a principal potência mundial. Foram-no por acidente. Aliás, toda a História dos Estados Unidos está repleta de grandes conquistas involuntárias. Os americanos eram patriotas e não se quiseram tornar independentes: foram forçados a isso. Os EUA são o fruto de más políticas fiscais e coloniais. No taxation without representation. Mas também são fruto de liberdades pensadas e adquiridas desde que são Nação. Cresceram, em alguns momentos por acaso: como comprova a compra a preços de saldo da Louisiana aos franceses e do Alasca aos russos. Os Estados Unidos, na sua base, sempre se preocuparam muito mais em desenvolver-se internamente e fazer comércio pacífico a nível externo. Foram obrigados a intervir na I Guerra Mundial na Europa, a pedido de vários países. A Europa não aguentou a humilhação de reconhecer que já não era capaz de resolver uma guerra sozinha. Na II Guerra Mundial, uma vez mais os EUA só entraram quando a tal foram obrigados. Mais uma vez, a guerra na Europa só se resolveu graças aos EUA, que ainda por cima ajudaram os países europeus na sua recuperação. Dupla humilhação. E, como se não bastasse, formaram-se dois grandes blocos: os aliados da URSS e os aliados dos EUA. A Europa, uma vez mais, precisou de recorrer à sua antiga colónia, aliando-se aos EUA. Paradoxal, não? Depois da queda do Muro de Berlim e do desmembramento da URSS, ficou muito mais confortável à Europa Continental armar-se em anti-americana. A Europa Continental é orgulhosa e não aguenta ter sido ajudada pelos EUA nas guerras e nos pós-guerra's. Não sabe reconhecer que foi salva pelos Estados Unidos. O anti-americanismo que cá se vive é não só profundamente injusto, como também uma traiçoeira expressão de má educação - somos mal agradecidos. Perante os novos perigos que se avizinham, a quem iremos recorrer? Não ser anti-americano não quer dizer que nos tornemos lacaios dos EUA. Mas é reconhecer o seu valor histórico e moral na reconstrução da Europa. Ser-se anti-americano é querer dividir o Mundo Ocidental, perante novos Mundos emergentes, como o Indiano e o Chinês.
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4. Os continentais. O TAM diz-se Continental, com C grande e pundonor. Mas resta saber de onde vem esse orgulho. De Rousseau e a sua vontade geral? Da Alemanha Nazi? Da França de Vichy? Da Itália de Mussolini? De Marx? De Hegel? De Lutero e Calvino? Do modernismo? Da liberdade contra a qual se atenta, da igualdade invejosa de diferenças e da fraternidade fraticida, apregoadas na Revolução Francesa? Voltemos à II Guerra Mundial, para ver como se portou a grande Europa Continental. A Inglaterra foi a única potência que se opôs à Alemanha durante toda a II Guerra Mundial. França, Espanha, Itália e outras nações continentais foram colaboracionistas nazis. Apenas Inglaterra aguentou firme nos seus ideais. E uma vez mais, a vitória não era possível sem a ajuda dos EUA. É esta a Europa Continental de que nos orgulhamos? Perdoem-me, mas recuso-me fazer parte desse grupo. Portugal na sua História foi mais sábio, e soube cultivar a mais antiga aliança do Mundo - com Inglaterra.
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5. Os impérios de influência. É claro que há impérios de influência. De todos os lados eles aparecem, e são vários. Recordo-me por exemplo de uma situação: uma aluna portuguesa foi fazer o seu PhD a Harvard. Ao voltar a Portugal, fez um pedido de equivalência para Doutoramento na Universidade Clássica de Lisboa. A universidade de cá recusou, dizendo que o PhD de Harvard corresponde a um mestrado de cá. Harvard respondeu a perguntar quantos prémios Nobel já sairam da Clássica. Sabemos o prestígio de Harvard, recorrentemente apontada como a melhor e mais completa universidade do Mundo. Este gesto da Clássica é ou não produto de uma influência anti-americana injusta? Vamos lá ser sérios. No que diz respeito a instituições de ensino, onde estarão as mais conceituadas (em todas as áreas): na Europa Continental, ou nos EUA e Inglaterra? Não é preciso uma grande tese de doutoramento da Clássica para responder a esta pergunta. Num plano mais político, vejamos só a forma como José Maria Aznar e o PP espanhol foram castigados por ir contra a influência anti-americana vigente: bombas, mortos, mentiras, manipulação dos media, tudo serviu para os afastar.
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6. Saudosismos. Na política, há pouco espaço para a saudade. A saudade deve-se viver no íntimo de cada pessoa, pois sempre que se tornou desígnio imperial deu grandes complicações. Ilustro esta afirmação com os primeiros três exemplos que me ocorrem: a) Hitler e a resposta ao Tratado de Versalhes, que humilhara uma Alemanha grandiosa. O resto da história já conhecemos, deu no que deu. b) Napoleão e a tentativa de recuperar França como um império. Conseguiu, mas durou pouco e o preço a pagar por isso foram todas as vidas que se perderam e o atraso económico que se sempre acontece após a guerra. c) Alexandre Magno, o Macedónio que quis dar à Grécia Antiga uma grandiosidade espacial que acompanhasse a grandiosidade espiritual, política e científica que a Grécia já tinha. O império construiu-se em poucos anos e, com a morte de Alexandre, destruiu-se em poucos anos. Muitos mais exemplos existem. O exemplo que nos é mais familiar é a teimosa insistência portuguesa na guerra colonial, a partir de certo momento.
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Quanto a mim? Português, Crente, mas Realista e pouco utópico.
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AVC

Relações, Impérios, Futuro e Loucura

Os Impérios não se esfumam. Evoluem, mudam de aspecto, adaptam políticas e instituições. Ou caem, dão lugar a outro ou outros e servem de lição obrigatória ao futuro descrente e decadente. Outros ainda refazem-se, retocam-se, porém, mantêm a essência, a vitalidade preponderante e a Alma(ou seja, o seu Povo). Não raras vezes, os que(e todos esses) que têm o dever -talvez já não haja deveres, portanto poderão ter o prazer- moral, histórico e, simultaneamente, básico de o defender, reconstruir ou animar, dependendo da fase de construção/degradação em que se encontram, acabam por fazer o contrário. E a missão sai em favor do inimigo, sempre presente e atento, que posteriormente o recompensará(ou não). Isto passa-se hoje nas Grandes-Nações, que não são necessariamente as Potências, mas são as que concorrem para esse lugar, que o ameaçam ou detiveram com relevância. Diz Fernand Braudel, que há Sociedades e Civilizações e estou em crer que assim é. Porém, hoje, as Sociedades são todas aquelas que se lembram da autonomia e se tornam Estados-locais e os que deles se separam e tornam-se parciais Estados-Nação; as Civilizações são as que a qualquer preço concorrem ao lugar de Potência, e as que para o Saber mundial fortemente criaram e contribuíram com conhecimento, tendo tido normalmente esse mesmo "posto" em alguma Época(as Civilizações históricas).
Os responsáveis culturais, económicos, governantes, cidadãos das Nações Contemporâneas são, contudo, tristemente, tentados e posteriormente manipulados(os que cedem, claro está) pelo lugar-comum reinante, a Cultura e Língua que lhes facilita o caminho e a Economia de onde surgem os apoios que apontam rumo à prosperidade e desenvolvimento(ou o que por isso o Estado-Reinante entende). Assim, é desde a I Grande Guerra tempo de os Estados Unidos da América(parte do Mundo-Novo) tentarem impor a sua mundividência, política de relações e (des)entendimentos, intimidação militarista e poderio económico ao Mundo. O Mundo -o Velho, o Milenar e o outro-Novo- reage. Aceita ou não, conforme circunstância potenciadas, também elas, por factores diversos e obscuros. As relações inter-nacionais e inter-continentais decorrem e desenrolam-se nos seus trâmites vulgares. Há, no entanto, excepções, pesos-relevantes, que "abanam" e não cedem às pressões que verticalmente são impostas rumo ao Sul e Oriente. São os Impérios antigos/medievais/ modernos a re-animar. É a cadência histórica a impor o ritmo a todos os que, assustadamente e com razão para tal, assistem ao reavivar das grandes Almas: os Impérios de Influência, a não sucumbir e eternamente presentes. Democratizam-se, retocam fronteiras, aceitam Novas Ordens Internacionais, adormecem mas são como os bonecos sempre-em-pé. Não sucumbem e são combativos.
É, pois, da primeira década do Século XX aos nossos dias, compreensível a tentativa dos E.U.A. de dominar tudo e todos. Por vezes, em vão. Também não é de estranhar, dada a ausência civilizadora braudelianamente defendida. Agora, nos meios intelectuais e académicos, mais implantada: pela facilidade, apoio e motivação que gera. Chegámos ao ponto de instituções de Ensino, internacionais mas localizadas, Crentes e fervorosas, se deixarem influenciar por ela... e Institutos específicos dentro das mesmas serem palhaços norte-americanos em seculares e basilares Civilizações Europeias. "Os Impérios Continentais? -Foram importantes, mas são ilusão." É a loucura estupidificante do chá de Boston.

Europeu, ainda Crente e Continental,
TAM

quarta-feira, julho 18, 2007

leitura de Verão



Júlio Dinis - A Morgadinha dos Canaviais (1868)

ilusões de óptica


Sócrates apresenta Portugal na União Europeia como a ponte para os negócios com o Brasil, como o fomos no tempo do Império marítimo. Já vamos tarde. Nem o Brasil nem a União Europeia precisam de nós para nada. A ponte, os barcos que descobriram o Brasil, é tudo passado. É tudo ilusão.

resultado da sondagem Curtas e Rápidas

A leitura das sondagens pode sempre ser manipulada de modo a tudo bater certo. Mas aqui não escondemos que a sondagem atingiu resultados bastante diferentes daquilo que realmente aconteceu em Lisboa. No entanto, nem tudo ficou perdido, pois fiquei a conhecer um pouco melhor acerca das intenções de voto daqueles que nos lêem. Assim sendo, resta saudar todos aqueles que nela participaram, com um muito obrigado. Os resultados da sondagem foram estes:

Carmona Rodrigues - 15 votos (26%)
José Pinto Coelho - 10 votos (18%)
Helena Roseta - 7 votos (12%)
António Costa - 5 votos (9%)
Garcia Pereira - 5 votos (9%)
Fernando Negrão - 4 votos (7%)
Branco - 4 votos (7%)
Gonçalo da Câmara Pereira - 3 votos (5%)
José Sá Fernandes - 2 votos (4%)
Ruben de Carvalho - 1 voto (2%)
Manuel Monteiro - 1 voto (2%)
Nulo - 0 votos (0%)
Pedro Quartin Graça - 0 votos (0%)
Telmo Correia - 0 votos (0%)

Total de participação - 57 votos

pensamento do dia

Sou paciente, porque sou pouco paciente. Não conheço uma pessoa que seja impaciente por natureza.

a justiça dos homens e a justiça de Deus

A definição clássica de Justiça é "dar a cada um o que lhe é devido", ou "dar a cada um o que é seu de Direito".
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No plano da sociedade humana, quando alguém comete o crime de roubar e é apanhado para ir a julgamento, é condenado a cumprir uma pena. Esta é a justiça dos homens. Se o indíviduo se arrepender do acto cometido, a pena pode ser encurtada e até perdoada. Mas o crime nunca é perdoado, pois o seu registo fica no cadastro do indivíduo.
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Mas se estivermos a falar da Justiça divina, o caso apresenta algumas mudanças. O mesmo crime (ou pecado) de roubar, ou qualquer outro pecado (ou crime), é condenável e condenado. No entanto, o crime pode ser perdoado - apagado - na sua totalidade, através do perdão. E mais ainda se ao perdão se seguirem boas obras, obras de amor. É impossível a um ser humano compreender a Justiça de Deus através de um raciocínio meramente racional e mundano. A Justiça de Deus baseia-se no amor, algo a que as nossas leis humanas não obrigam. É que, o amor, é para os homens muito mais do que dar a cada um o que lhe é devido. Mas para o Deus dos cristãos, o amor é o que devemos ao próximo, a todo e cada próximo. É uma Justiça muito mais exigente e difícil de teorizar e praticar.
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Parece que o desafio aqui é o de distinguir entre dois esquemas de pensamento com uma diferença muito subtil, mas ao mesmo tempo determinante: o homem é criado à imagem e semelhança de Deus, e não é Deus que é criado à nossa imagem e semelhança. O tipo de Justiça que prega a doutrina divinizada do "olho por olho, dente por dente" não é uma doutrina do Deus que cria o homem à sua imagem e semelhança, mas sim do homem que projecta Deus como feito à sua imagem e semelhança.
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O homem tem em si muito de mundano para ser conquistado pelo divino. Nem tudo o que somos pode ser divinizado tal como está. Para o ser, é necessária uma dolorosa transformação, que apenas é sólida quando nos transcende. E apenas o amor nos transcende com a Justiça de Deus, pois essa é a Sua medida.
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O homem religioso parece calhado a viver com estes dois tipos de Justiça: a Justiça dos homens e a Justiça de Deus. Justiças diferentes, mas conciliáveis desde que a Justiça dos homens não obrigue o homem religioso a ir contra os seus princípios. É aqui que verdadeiramente reside a questão da liberdade religiosa: trata-se primeiramente da questão de conciliar as duas Justiças.

quinta-feira, julho 12, 2007

a minha escolha para a C.M. de Lisboa


Carmona Rodrigues.
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Porque ainda não tem muitos tiques de político.

Porque é simpático.

Porque é independente de partidos e propõe uma equipa despartidarizada (não sei se a palavra existe, mas percebem-me).

Porque este é, de facto, engenheiro (vá, processem-me!).

Porque foi eleito em Outubro de 2005 e o seu mandato foi interrompido. As razões pelas quais foi interrompido (acusações de corrupção ao vereador Fontão de Carvalho) foram arquivadas. É injusto que não continue até ao fim do mandato.

Porque o PSD se portou muito mal em todo este processo e está a fazer uma campanha contra o Governo e não por Lisboa.

Porque Telmo é mau demais. E a mensagem dele também tem muito a ver com o Governo e pouco a ver com Lisboa.

Porque António Costa saiu do Governo na altura em que era preciso um número 2 forte: quer porque Sócrates está mais preocupado com a presidência portuguesa da UE, quer porque os fogos estão aí à porta e Costa era Ministro da Administração Interna. Ninguém me garante que, quando ele for mais preciso na Câmara de Lisboa, ele não saia para um cargo mais apetecível. Lisboa está farta de ser viveiro de presidenciáveis que dela desistem.

Porque Ruben de Carvalho é CDU - uma coligação enganosa onde um partido inexistente chamado Partido Ecologista Os Verdes tem sempre lugar cativo para disfarçar o vermelhusco comunista. No entanto, embora os apoios sejam ideologicamente distantes de mim, vejo em Ruben uma pessoa empenhada.

Porque Sá Fernandes é "só fumaça" e o povo é sereno. Lisboa não precisa deste Zé.

Porque Pinto Coelho tem um discurso intolerante para com os emigrantes que já cá estão, e Lisboa tem muitos. Também não é este o Zé que Lisboa precisa.

Porque não sei o que é que Gonçalo da Câmara Pereira vai lá fazer.

Porque secretamente acredito que Garcia Pereira encarna a máxima de Manuel João Vieira - "só desisto se for eleito" - e eu gostava de o ver ainda por muitas e boas eleições a candidatar-se.
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Porque Manuel Monteiro fez o pior da campanha ao dizer que punha uma bomba em cada centro comercial, embora também tenha feito o melhor desta campanha: bloquear a sede da EMEL.
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Porque Quartim Graça concorre pelo partido onde Gonçalo Ribeiro Telles é a cara principal do projecto (MPT), e o arquitecto prefere apoiar Sá Fernandes.




Espero que Helena Roseta tenha votos suficientes para ser vereadora, porque quer unir esforços por um plano de emergência para Lisboa. Também não é apoiada por qualquer partido e desfiliou-se do PS para se poder chamar independente sem dúvidas. É uma pessoa trabalhadora, com princípios, luta pela emergência de associações da sociedade civil - dando um bom contributo para a cidadania portuguesa -, embora me distancie em muito das suas posições ideológicas, por exemplo em relação ao aborto e - aqui já tem a ver com a sua candidatura a Lisboa - em relação às quotas. Está disposta a colaborar, e isso é bom.

E espero que Carmona Rodrigues tenha a melhor votação possível.

mas afinal, o que é isto de se ser conservador?

Em política, o conservador é aquele que admira a antiguidade das instituições políticas, não pelo pó que têm, mas pelas provas dadas. As instituições políticas, tal como os direitos e os valores só têm legitimidade quando são celebradas pelo tempo e pelas provas dadas. Como tal, o conservador quer manter as instituições, reformando-as onde e quando for preciso. Aliás, o conservadorismo é a política do estritamente necessário para se manter a ordem, adoptando uma atitude reactiva face às circunstâncias (são as circunstâncias que dão valor aos valores) e deixando a criativadade para os cidadãos - nos dias de hoje, a chamada sociedade civil. É isto que se chama governar com prudência, lembra Edmund Burke. Para o conservador, o governante tem de ser humilde, não presumindo que a sua opinião é maior que o preconceito popular. O preconceito é uma palavra muito mal-tratada nos dias de hoje, muito à custa de liberais puros, como por exemplo John Stuart Mill. O preconceito não é mais que a sabedoria popular, instintiva, natural, que respeita os hábitos e costumes dessa comunidade, e que deve por isso ser valorizada e tida em conta pelo governante. O conservador é, assim, como que um aristocrata não-elitista. É-se conservador quando há uma disposição conservadora dentro de nós, como sugere Michael Oakeshott. Não é uma doutrina fixa, pura, dura. É antes uma disposição para disfrutar do que existe, gozando o que se tem o mais possível. É ter gosto pela liberdade, mas uma liberdade que não seja vazia de sentido e de intenções: a liberdade deve ser usada com sabedoria, com resposabilidade e moral. É também ter gosto pela educação, pela Natureza, pela arte e pela cultura. É valorizar o que aprendemos da geração que foi para entregarmos o tesouro do conhecimento à geração que vem.

segunda-feira, julho 09, 2007

Tocqueville - a profecia de um filósofo, político e sociólogo

Passava os meus olhos pelo livro Da Democracia na América, escrito por Alexis de Tocqueville, e deparei-me com uma magnífica profecia: em 1835, a data da primeira publicação do livro, este erudito aristocrata francês previu com bastante clarividência que, um dia, o poder do Mundo estaria dividido entre os Estados Unidos da América e a Rússia, como de facto aconteceu no século seguinte, entre 1945 e 1989. Senhor Tocqueville, com a devida vénia, passo a palavra a Vossa Excelência.

No mundo, existem hoje dois grandes povos que, embora partindo de pontos diferentes, parecem avançar para o mesmo destino: são eles os Russos e os Anglo-Americanos.

[...]

O Americano luta contra os obstáculos que a natureza lhe opõe; o Russo trava lutas contra os homens. Um combate o deserto e a barbárie; o outro, a civilização com todas as suas armas; deste modo, as conquistas do Americano fazem-se com a charrua do trabalhador, as do Russo com a espada do soldado.

Para alcançar o seu fim, o primeiro conta com o interesse individual e deixa agir, sem as dirigir, a força e a razão dos indivíduos.

O segundo, de certo modo, concentra num só homem todo o poder da sociedade.

Um tem por meio principal de acção a liberdade; o outro a servidão.

O ponto de partida de ambos é diferente, as suas vias são diversas; contudo, cada um deles parece chamado, por um destino secreto da Providência, a conservar um dia nas mãos os destinos de uma metade do Mundo.

Alexis de Tocqueville, Da Democracia na América, I, II, X.

quarta-feira, julho 04, 2007

declaração de independência

No dia 4 de Julho de 1776, há 231 anos atrás, a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América foi assinada por 56 senhores, representantes dos 13 Estados originais: New Hampshire, Massachusetts, Rhode Island, Connecticut, New York, New Jersey, Pennsylvania, Delaware, Maryland, Virginia, North Carolina, South Carolina e Georgia.

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Esses homens, entre os quais se contavam, por exemplo, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson e John Adams, defenderam neste dia que todos os homens são criados iguais por Deus, e que têm direitos inalienáveis, como o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade:


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We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed, by their Creator, with certain Inalienable rights, that among these are Life, Liberty, and the pursuit of Happiness.

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Neste dia histórico, o Mundo conheceu no "Novo Mundo" um mundo novo na forma de se fazer política, com moral e sem medo de mostrar a política como uma vertente de religião, no sentido de actuarmos de acordo com a forma com que Deus nos criou, e buscando a felicidade - que parece ser o objectivo de qualquer ser vivo.
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Foi também neste dia, há dois anos, que o Curtas & Rápidas começou: também lutando pelo direito à vida, com toda a liberdade de expressão - dentro da boa educação -, e buscando sempre novas pistas para esta busca da Felicidade, denunciando os obstáculos que nos dificultam este caminho. Estão de parabéns os caríssimos leitores e todos aqueles que contribuem para que este espaço exista hoje, com valor acumulado de dois anos. Obrigado!

terça-feira, julho 03, 2007

a revolução e o terror que silencia Portugal

Em Portugal, vivem-se tempos de grandes e pouco disfarçados (mas, apesar de tudo - e ao que parece - consentidos) atentados à liberdade.


Está em curso o cartão único, com informações identitárias, médicas e criminais, e direito a chip que facilmente se localiza através do sistema GPS. Sócrates afinal não é engenheiro, mas não se pode falar disso nem gozar com tal assunto. A provar o que digo, houve já o caso DREN. Directoras e directores de centros de Saúde que, pelo país, são trocados por boys e girls do PS que se portem bem. O caso Balbino Caldeira, do "Portugal Profundo" (com link aqui ao lado), que foi posto em tribunal por Sócrates. Jaime Silva, Ministro da Agricultura, em resposta a um pescador descontente com a política de pescas da União Europeia, sugere que ele saia da União Europeia. O Ministro da Saúde, António Correia de Campos, lembrou-se de - num tom jocoso que só o Governo pode usar - sugerir que se dessem os restos de medicamentos aos pobrezinhos. E até os poderosos empresários portugueses têm medo do governo: dos 25 que financiaram o estudo alternativo do aeroporto em Alcochete, só 5 se identificaram, pois os outros alegaram ter medo de represálias económicas (e acrescentaria, fiscais) por parte do Governo.


O perfil do Governo de José Sócrates é este. Tiques de despotismo, com uma grande dose de tirania, em jeito de revolução. E como bem anotou Napoleão, não há revolução sem terror. Eis o terror.

quinta-feira, junho 28, 2007

cidadania mundial? não me cheira.


Nos últimos dias, andei a ler este livro. Sobre o artigo de Mário Soares: curto e vago. Ao menos sabemos que foi mesmo ele que escreveu aquele pequeno texto de 2 páginas e meia. Se cidadania significar o poder e o dever de nos pronunciarmos quanto a tudo o que respeita a todos, então Mário Soares tem razão quanto à existência de uma cidadania mundial. Mas, como diz José Manuel Fernandes e bem, não há cidadania se não houver patriotismo. E não me parece que haja um patriotismo mundial. No dia em que Quioto for cumprido, então aí podemos pôr a hipótese de entendermos uma espécie de patriotismo mundial no campo do ambiente. Coisa esquisita. E vaga. E improvável!

quarta-feira, junho 27, 2007

contrastes no juízo das pessoas

Nos tribunais, o réu é considerado inocente até prova em contrário.
Na comunicação social, o réu fica culpado até provas grandes em contrário.

sábado, junho 23, 2007

Tony Blair católico?

O Guardian fala-nos sobre a possível conversão de Tony Blair ao catolicismo aqui em baixo:

sexta-feira, junho 22, 2007

sugestão de leitura

Para saborear com tempo e aos poucos, o número 8 da revista internética Alameda Digital, com muito interessantes reflexões subordinadas ao tema "a Direita e as Direitas". A não perder, começando pelo editorial de Carlos Bobone e avançando pelos outros artigos bem desenvolvidos pelo elenco participante: http://www.alamedadigital.com.pt

quarta-feira, junho 20, 2007

sondagem Curtas e Rápidas

Contribuindo para o choque tecnológico, do qual ainda se viu pouco, o Curtas e Rápidas veio dar um sinal de que se adapta às novas tecnologias. Na barra lateral, há uma sondagem, que será a mais correcta da campanha eleitoral. Basta chegar e votar. As nossas sondagens nunca erraram!

segunda-feira, junho 18, 2007

a grupeta dos 8


Enquanto o G8 for apenas este grupo dos 8 países considerados como "os mais industrializados do Mundo" (Estados Unidos da América, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia), vai estar a perder terreno para as duas potências emergentes: a China e a Índia. Duvido que a Índia ou a China não tenham ultrapassado já a Rússia ou a Itália no que diz respeito à industrialização. E se não o fizeram ainda, estão muito perto de o conseguir. Mas se falarmos de influência cultural e poder militar, o Canadá, a Itália e a Alemanha já foram largamente ultrapassadas pela China e pela Índia, ao tempo. O G8 é uma realidade cada vez mais... irreal. Quando se alargar a G10, então aí, merecerá mais toda a atenção que lhe é dada - para o melhor e para o pior.

sexta-feira, junho 15, 2007

a História repete-se

No tempo de Jesus Cristo viveu o Rei Herodes, que ficou conhecido por ser um dos reis mais cruéis da História, por ter ordenado a famosa "matança dos inocentes", em que todas as crianças com menos de 2 anos deviam morrer.


Em 2007 temos alguém que não tem medo de se vestir de preto para defender o aborto. Mas nada de confusões: o preto não é de luto, mas sim de carrasco. O novo Rei Herodes e a nova matança dos inocentes - José Sócrates e a lei do aborto. Este Zé não faz falta.

cultura, religião e família

Todas as tentativas "legais", ou melhor, "legalizadas" de enfraquecer os laços familiares, são ataques à Família. E todos os ataques à Família são ataques à Religião e à Boa Educação. Porque é no seio da Família unida e forte que a Educação da criança é coerente e virtuosa. E porque é numa Família estável que a Religião se transmite em condições. Se a nossa cultura se fundou numa religião, é importante continuar a regar as nossas raízes antes que a nossa árvore seque. É urgente que haja políticas que voltem a apoiar e a proteger a Família, verdadeira célula da sociedade.

terça-feira, junho 12, 2007

alguém ainda se lembra do maremoto?

Alguém ainda se lembra do drama do maremoto que afectou toda a costa índica da Ásia do Sul no dia 26 de Dezembro de 2004, e que matou largos milhares de pessoas? Não, preferimos andar à procura da Maddie. Mas as pessoas de lá não se esqueceram, nem nunca se esquecerão daquele dia. Mesmo que quisessem esquecer o que se passou, toda a destruição ainda presente que os rodeia lembra os tailandeses, indonésios, chineses, indianos, e tantos outros que naquele dia, as águas infernais engoliram paraísos naturais, familiares, amigos - alguns encontrados mortos, outros ainda hoje desaparecidos. Com a dimensão co-criadora do homem, os paraísos vão voltando a instalar-se numa renovada Natureza circundante. Para este mês, lembramos a promessa que a ONU fez em meados de Junho de 2005: que a maioria das centenas de milhar de deslocados estariam dentro de dois anos (acaba este mês o prazo) realojados nas suas novas casas. É isso o que acontece? Esperamos dados de alguém que se lembre de investigar o que por lá se passa. Para ler o que a ONU disse no dia 25 de Junho de 2005, é favor clicar por exemplo aqui em baixo:

domingo, junho 10, 2007

Dia de Portugal

Hoje, 10 de Junho, comemora-se o Dia de Portugal, de Luís de Camões, da Raça Portuguesa, das Comunidades Lusas espalhadas pelos cantos que o Império conheceu e do Arcanjo protector da Nação.
Comemorado com base numa data fatalista(10 de Junho de 1580), em que morre o Bardo Lusíada e, circunstancialmente, o Reino fidelíssimo cai em mãos Filipinas, não deixa, até por isso mesmo, de ser um símbolo: da Grande Nação que se comemora em datas difíceis, porém, que possibilitaram a demonstração da sua preponderância, merecendo por isso a exaltação de todos quantos a conhecem e amam. Depois de ter escrito a grande Ode ao Mundo Português, que além de ser responsável pela essência do que é "mundo", foi o Mundo que durante séculos orientou o mundo das terras-novas e influenciou a velha Europa egípcia, cartaginesa, grega, estrusca/romana, Camões não assistiu ao breve abalar da cultural -sabedora e respeitadora- muralha que cantou, mas decerto preparou e incomparavelmente permitiu que a mesma nunca sucumbisse. É isso que a Restauração da Independência Nacional de 1640 representa e que, apesar de não comemorada hoje, intimamente se liga. Trata-se de um dia de Glória. E as Glórias, como as derrotas e as tentativas, devemos ter prazer em assinalar e honrar.

Porque uma Nação sem um Povo não se constitui, e esse Povo é o material da História do depois, tenhamos orgulho em ser Portugal.

Com Pundonor camoniano, Sou Português.
TAM

as celebridades e o american dream

"Mom, this isn’t right.", disse Paris Hilton quando o juiz a mandou voltar para a prisão, após ter saído por causa de um problema de saúde não especificado.
Paris Hilton foi presa por conduzir sem carta, depois da carta ter sido confiscada por esta loiraça conduzir embriagada.
Os Estados Unidos ficaram indignados quando se começou a desenhar um tratamento preferencial na cadeia a Paris Hilton, por esta ser uma celebridade.
Mas... porque é Paris Hilton uma celebridade nos Estados Unidos? Por várias razões:
1. É herdeira do império hoteleiro Hilton.
2. Foi apanhada num vídeo escaldante amplamente divulgado na internet.
3. Aproveitou-se desse escândalo que a tornou mais mediática para se tornar cantora. O que é preciso para se ser uma cantora pop? Se pensou que era preciso cantar bem, enganou-se. Basta ter-se dois palmos de testa.
4. Cobra dinheiro para aparecer nas festas e nas revistas da moda.
5. É modelo e tem um comportamento extravagante. Mas Paris Hilton tem uma particularidade que pouca gente ainda reparou. Aparece sempre com os pés tortos, como se estivesse atrás de um balcão. O que é preciso para se ser modelo? Nada. Modelo de quem? Dos mesmos que papam tudo quanto é reality shows.
Mas não serão todos estes pontos que vimos atrás contra o ideal que existe de american dream, onde a meritocracia e a moralidade é que seriam as principais escadas para o sucesso?
Andará o american dream pelas ruas da amargura? A ideia de celebridade, nos dias de hoje, parece combater este já antigo ideal americano.

quarta-feira, junho 06, 2007

segunda-feira, junho 04, 2007

buscando pontes entre os dois Sócrates

No Livro VIII d'A República de Platão, assistimos a uma longa conversa entre Sócrates e Adimanto, que falam sobre 4 regimes políticos (Timocracia, Oligarquia, Democracia e Tirania) e traçam o perfil dos governantes de cada um desses governos. Sobre a tirania e o tirano, deixo aqui alguns excertos que nos podem ajudar a perceber o interior de alguns dos nossos políticos.

Platão, A República, 562a:

- Resta-nos analisar a mais bela forma de governo, e o mais belo dos homens: a tirania e o tirano.
- Absolutamente.
- Vamos lá! De que maneira, meu caro companheiro, se origina a tirania? Pois é quase evidente que provém de uma alteração da democracia.
- É evidente.


Platão, A República, 567c

- Portanto, tem de discernir com agudeza quem é corajoso, quem tem grandeza de ânimo, quem é prudente, quem é rico; e é tal a sua felicidade que é forçado a ser inimigo de todos esses, quer queira, quer não, e armar-lhes ciladas, até limpar a cidade.
- Bela limpeza essa!
- Sim - disse eu - é o contrário do que fazem os médicos com os corpos: estes retiram o pior e deixam o melhor; aquele, é o inverso.


Platão, A República, 569b-c

- Que queres dizer? O tirano ousará exercer violência sobre o pai, e bater-lhe, se ele não obedecer?
- Ousará, mas depois de o despojar das armas.
- O tirano é, ao que dizes, um parricida, e um acrimonioso sustentáculo da velhice e, segundo parece, chegámos já àquilo que se concorda em chamar tirania; conforme o provérbio [ao fugir ao fumo, foi cair no fogo], o povo, ao tentar escapar ao fumo da escravatura de homens livres, há-de cair no fogo do domínio dos escravos, revestindo, em vez daquela liberdade ampla e despropositada, a farda mais insuportável e mais amarga, a da escravatura de escravos.
- É isso sobretudo o que acontece.

a Metáfora do Navio

"Imagina, pois, que acontece uma coisa desta espécie, ou em vários navios ou num só: um armador, superior em tamanho e em força a todos os que se encontram na embarcação, mas um tanto surdo e com a visão a condizer, e os conhecimentos náuticos da mesma extensão; os marinheiros em luta uns com os outros, por causa do leme, entendendo cada um deles que deve ser o piloto, sem ter jamais aprendido a arte de navegar nem poder indicar o nome do mestre nem a data do aprendizado, e ainda por cima asseverando que não é arte que se aprenda, e estando prontos a reduzir a bocados quem declarar sequer que se pode aprender; estão sempre a assediar o dono do navio, a pedir-lhe e a fazer tudo para que lhes entregue o leme; algumas vezes, se não são eles que o convencem, mas sim outros, matam-nos, a esses, ou atiram-nos pela borda fora; reduzem à impotência o verdadeiro dono com a mandrágora, a embriaguez ou qualquer outro meio; tomam conta do navio, apoderam-se da sua carga, bebem e regalam-se de comer, navegando como é natural que o faça gente dessa espécie; ainda por cima, elogiam e chamam marinheiros, pilotos e peritos na arte de navegar a quem tiver a habilidade de os ajudar a obter o comando, persuadindo ou forçando o dono do navio; a quem assim não fizer, apodam-no de inútil, e nem sequer percebem que o verdadeiro piloto precisa de se preocupar com o ano, as estações, o céu, os astros, os ventos e tudo o que diz respeito à sua arte, se quer de facto ser comandante do navio, a fim de o governar, quer alguns queiram ou não - pois julgam que não é possível aprender essa arte e estudo, e ao mesmo tempo de comandar uma nau."

Disse-nos Platão, n'A República, entre as cotas 488a e 488e, cerca do ano de 387 a.C.. A análise de Sócrates não podia ser mais actual hoje, em 2007.

Este foi o postal número 300 do Curtas & Rápidas.

domingo, junho 03, 2007

como deve o cristão encarar o homossexual


Ouço dizer muitas baboseiras dos críticos da Igreja Católica. Uma das baboseiras recorrentes é acerca da tão apregoada intolerância da Igreja Católica para com os homossexuais. Passo a reflectir, nas próximas linhas, um pouco do que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre o assunto.


Qual é a atitude que a Igreja Católica nos pede para termos em relação aos homossexuais? Pede-nos que a eles tenhamos respeito, compaixão e delicadeza no trato. E que evitemos para com eles todo sinal de discriminação injusta. Tão simples como isto: a Igreja condena a homossexualidade, mas ao mesmo tempo pede-nos que sejamos tolerantes e compassivos com os homossexuais. Isto porque só Deus pode julgar cada um de nós. Devemos olhar o próximo não com olhos de juiz, mas com olhos de amor. Aos homossexuais, a Igreja indica um Caminho claro: o da castidade, unindo ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa da sua condição.


Para mais informações, consultar os pontos 2357, 2358 e 2359 do Catecismo da Igreja Católica. Não custa nada, e assim já podem basear a análise crítica naquilo que a Igreja realmente defende.

sábado, junho 02, 2007

sexta-feira, junho 01, 2007

Dia Mundial da Criança



Em 1950, a ONU chamou ao dia 1 de Junho "o dia Mundial da Criança". A justificação era que metade das crianças europeias após a II Grande Guerra não sabiam ler nem escrever. Será que a metade de que falavam era a metade que vai dos 0 aos 6 anos? Se assim for, nada mudou. E parece não haver volta a dar...

quinta-feira, maio 31, 2007

algures no Oriente

Na busca de imagens da Grande Muralha da China, encontrei ainda uma relíquia. Não encontro palavras que possam acompanhar esta maravilha, certamente uma das novas 7.

a caminho da guerra das estrelas - II

Devo no entanto dizer que por trás desta aparente filantropia chinesa se encontram importantes interesses. O que têm a Nigéria, a Venezuela e o Irão em comum? Muito petróleo e alergia aos Estados Unidos. O que têm o Bangladesh, a Indonesia, a Nigéria, o Paquistão e o Irão em comum? São muçulmanos, com forte tendência para se radicalizarem. A Tailândia e o Peru também são ricos em matérias primas que a China precisa e não tem. Tal como o resto de África.
E com a Mongólia, também é preciso manter uma política de boa vizinhança. Os chineses não esquecem que de lá vieram muitas vezes os inimigos invasores, ou não fosse necessária uma Grande Muralha (que de resto é a única obra humana que é visível do Espaço) para os proteger. E no Oriente, a História ainda conta muito.

alguém me pode explicar...


... porque é que o Nuno da Câmara Pereira, deputado à Assembleia da República, está a cantar o fado em directo no "Portugal no Coração" da RTP1, ao mesmo tempo que há um debate no Parlamento (também em directo, na RTP2) com a presença do Governo para dar explicações sobre a Ota, caso DREN, exames de Português e quejantes?

a caminho da guerra das estrelas

Cada vez há mais países a quererem estar presentes no Espaço. Mas o elitista e restrito Clube do Espaço é dominado pelos Estados Unidos, que têm tentado afastar a China e outros países das suas ambições espaciais. Em reposta, a China está apostada em criar e liderar um novo género de clube espacial: o dos países emergentes.


No dia 14 deste mês de Maio, a China lançou um satélite nigeriano, com desenho, contrução e lançamento made in China, e ainda concedeu à Nigéria um empréstimo de 2/3 do valor do satélite, para os ajudar a pagar... a si própria. Entretanto, a China assinou outro contrato com o novo inimigo dos Estados Unidos, a Venezuela. Está também a desenvolver parcerias no campo da observação e vigilância da Terra através de satélites com o Bangladesh, Indonesia, Mongólia, Paquistão, Irão, Tailândia e Peru. Como vemos, todos países com relações difíceis com os Estados Unidos da América. A China criou ainda a associação dos satélites da Ásia, tudo isto num curto espaço de tempo. A ideia é que entre os países emergentes se construa uma imagem da China como sendo a grande mãe benfeitora dos países que se querem modernizar.




A China é uma potência que se quer afirmar neste Mundo, e o espaço não é apenas uma arena mais onde a China quer projectar poder. A conquista do Espaço significa muito mais que uma simples conquista. Um país que tenha um satélite no Espaço, é um país do século XXI. O satélite é um símbolo de status e de independência, e os chineses sabem disso, e assim apostam neste mercado de satélites, que sonham poder liderar. Está em causa o prestígio nacional chinês, está em causa a afirmação de um país na vanguarda dos avanços tecnológicos. Está em causa, acima de tudo, a disputa de um Espaço até hoje dominado pelo Ocidente.




Os Estados Unidos olham para as ambições da China com muita desconfiança. Os chineses são suspeitos de espionagem industrial e do roubo de material espacial que desapareceu da NASA. Mais, são acusados de lançar satélites de uso dual, isto é, com capacidade de estarem preparados não só para uso civil como também para uso militar. E a nível militar, a China está em grande processo de modernização. O último sinal foi em Janeiro, quando a China testou o seu novo míssil anti-satélites, destruindo um dos seus próprios satélites. Deu poucas explicações à comunidade internacional. Os Estados Unidos estão de prevenção, este é um sinal de que a China pode também atingir os satélites de outros países. Em Taiwan o clima também não é descontraído: a modernização militar da China será usada contra este território, seja por via negocial, seja através da "via práctica". O ambiente que se vive é de uma nova guerra fria.




Apesar das desconfianças internacionais, tudo parece dar confiança à China para avançar nesta nova guerra fria. A China oferece mais abertura a propostas de outros países, oferece serviços mais baratos e ainda concede empréstimos, como vimos acima. Em África, só este ano, os empréstimos que a China fez são na ordem dos 7 biliões de dólares. Até os empréstimos são astronómicos. Na China, existem hoje 3 centros espaciais: Beijing, Shangai e Harbin, estando um novo centro em construção na província de Hainan.




Prevê-se que nos próximos anos, a China lance mais de 100 novos satélites que ajudem o país a construir mapas mais precisos e um sistema que substitua o GPS norte-americano, a prever a metereologia com mais rigor, a desenvolver projectos de televisões rurais e a contribuir para mais pesquisa científica. A China quer ainda contruir uma Estação Espacial em Marte e pôr um astronauta na Lua, a curto prazo. Grandes mudanças se estão a dar na Ásia distante, mas que nos vão afectar a todos num curto espaço de tempo. E nós concentrados no Iraque e na esquizofrenia do Médio Oriente, onde se apostam muito mais esforços do que aquilo que a região realmente vale.

terça-feira, maio 29, 2007

o País está de tanga. Só o País, por favor...


Trago notícias. Afinal não é só na política que o país está em crise. A nossa Miss Portugal 2007 é Beatriz Ventura, tem o nariz torto, madeixas feitas no cabeleireiro da esquina e umas sobrancelhas bastante esquisitas. Descubra mais imperfeições ampliando a imagem. Não percebi ainda qual é a ideia de beleza que as luminárias que a escolheram têm. Algo me escapa. Talvez seja como diz um grande amigo meu: "ela é apenas simpática"! E às vezes, isso é tudo.

segunda-feira, maio 28, 2007

duas ideias de "povo" - perigos da segunda

Podemos falar de "povo de Deus" na Igreja Católica? Sim. Porquê? Porque os católicos que se dizem praticantes são fomentadores de união (na Igreja), têm uma direcção (o Céu), e um Caminho (a santidade). O "povo de Deus" é unânime nas questões essenciais de fé. No entanto também somos cidadãos da cidade terrestre, e aí já o caso muda de figura. O "povo" passa a ser um conceito mais perigoso.
Acostumei-me a ver o "povo de um País", de qualquer país, como uma massa disforme, sem direcção nem unanimidade sobre os assuntos políticos. Ainda bem que o é, em nome de alguma pluralidade que é necessária para o país se desenvolver. É necessário que as leis confiram e protejam a liberdade de uma pessoa poder discordar e manifestar a sua discordância (dentro de alguns limites), mesmo quando faz parte de uma minoria desse "povo".
Mas o que mais me assusta na ideia que temos de "povo", é a herança que Rousseau nos deixou sobre a "vontade geral" de um povo, onde a vontade da maioria tem de ser indiscutivelmente aplicada, porque o voto expresso da maioria está legitimado pela "vontade geral", da qual que se diz titular. É Rousseau um dos inimigos da liberdade, diz Isaiah Berlin, e esta é uma das razões. É curioso como no nosso subconsciente ele é sempre associado aos defensores da liberdade e não como um dos seus inimigos.

quinta-feira, maio 24, 2007

Publius e a mensagem da Constituição dos E.U.A.

A Constituição dos Estados Unidos da América é defendida por Publius nos “The Federalist Papers”, sendo a sua leitura uma boa maneira de se conhecer a fundo o espírito desta Constituição. Num tempo de reflexão único, muitas foram as ideias e propostas que surgiam em discussão entre os cidadãos. Um dos maiores problemas era se a nova nação devia ser uma Confederação de Estados ou uma União.
De início, Publius procurou demonstrar a utilidade da União para a prosperidade política. A Confederação apresentava-se insuficiente para preservar a União, e o projecto de vários Estados unidos, tal como existem hoje, advêm dos defensores da União e da Constituição. Aqueles que advogavam as vantagens de uma confederação de Estados diziam que esta ideia de uma República Unida era descabida e que a História demonstrava o seu fracasso: havia a ideia de que as repúblicas só era sustentáveis em Estados pequenos, e esta nova nação era demasiado grande para ser uma República Unida. Por outro lado, os unionistas e constitucionalistas defendiam que esta república podia ser construída, desde que o alargamento da órbita geográfica, demográfica e social da União fosse regulamentado e legitimado por uma Constituição virtuosa de inspiração republicana.
Numa coisa os americanos estavam de acordo: o Governo devia sustentar a sua legitimidade no povo. Mas havia dois tipos de regime que se baseavam no voto popular: a Democracia e a República. Publius defendeu a República, o regime onde a Democracia era temperada com aspectos aristocráticos. O povo tem uma acção intermitente no governo da União, e a duração dos mandatos é mais curta quanto mais popular for a eleição para essa instituição. Ainda hoje assim é: a eleição para a Câmara dos Representantes é feita de 2 em 2 anos, a eleição para Presidência da União é feita de 4 em 4 anos, e o cargo de Senador tem a duração de 6 anos. Quanto maior o cariz popular e directo da eleição, menor a duração do mandato. Foi esta a fórmula que Publius apoiou para que o governo fosse popular, mas sem os vícios democráticos: uma República renovada, representativa, com separação de poderes e um poder judicial quase independente do poder político.
Havendo a estrutura política desenhada, Publius avisa que isso não basta. É preciso agora tratar das virtudes do governante. Há duas virtudes que devem estar sempre presentes num governante: a coragem e a magnanimidade. São uma vez mais virtudes aristocráticas tradicionais, que Publius tenta casar com a República. Nem aqui parece ser ao acaso a escolha do pseudónimo Publius, uma vez que também este foi acusado na Antiga Roma de ser demasiado elitista, acusação nunca confirmada pelos factos. Para além destas virtudes, devem ser criadas as condições necessárias para que o governante possa levar a cabo a sua acção política com energia. A existência de um governo enérgico é essencial para a obtenção dos seus objectivos. O Governo deve ser encabeçado por um só homem, e os poderes que ele tem devem ser compatíveis com a sua missão, respeitando a duração do seu mandato. Os ingredientes para a segurança do Executivo é a responsabilidade sempre presente, e uma devida dependência do povo.
Publius bateu-se ainda pela conformidade entre a Constituição e os verdadeiros princípios do governo republicano. A protecção do governo, da liberdade e da propriedade foram as suas principais preocupações no final dos ensaios.
Ponto por ponto, Publius foi atacando cada crítica que os apoiantes da confederação faziam à Constituição. A sua argumentação erudita entusiasmou os nova-iorquinos, que apoiaram a ratificação daquela que é hoje a Constituição mais antiga do Mundo em vigor.