domingo, março 26, 2006

A Insustentável Leveza do Ser

Vivemos hoje num Mundo em que não se cultiva a Guerra, pelo menos de cariz medieval, e quando ela acontece -mais injusta, impessoal , falaciosa e tecnológica do que nunca(na Idade Média ainda se valorizava a Coragem e a Bravura)-, não faltam movimentos de Massas, surgidos espontânea ou organizadamente, para a contestar e repudiar: muito bem, também concordo! As sociedades, todas estas que compõem o Planeta, são, ou pretenderiam teoricamente ser, mais justas, porque igualitárias, fraternas, pluralistas, livres, em suma, auto-denominam-se de Democráticas (seja lá isso o que for, ou melhor, alterem o seu significado para o que lhes der mais jeito). Porém, todas estas "evoluções" democráticas republicanas que, na sua esmagadora maioria, só foram respeitadas pelo Regime Monárquico(Nacional e outros), aparecem como bandeira da Répública: este magnífico sistema desajustado que nos governa e nos faz crer que é, por si só, melhor que qualquer outro regime e que, à posteriori, se revela mais dispendioso que eficaz, mais elitista que igualitário. Reflictamos sobre tal.
Da Idade Média à Era Moderna passou-se de um sistema Feudal, efectivamente "frio" e injusto, em que só as classes possidentes(e para as integrar só mesmo nascendo nelas, não se cultivava a tão famosa, hoje, mobilidade social) tinham direito aos inúmeros privilégios previstos pelo Soberano e viviam desafogadamente -até aqui se manipula a História, pois ninguém passava mais necessidades que a Nobreza Rural, tão valorosa quanto miserável. Passámos para a Era das liberdades, igualdades e fraternidades e, logo aí, o carácter sanguinário do campesinato e assalariados fabris foi altamente notório, contudo, como a escalada de violência partia das classes desfavorecidas, tudo era permitido, porque tinham direito a matar uns quantos nobres para regozijo pessoal. Na contemporaneidade, apregoa-se aos sete ventos a desresponsabilização enquanto sujeito executor das acções, bem como a força das Massas, o poder televisivo, a igualdade social, a falta de valores e, consequentemente, a gritante falta de educação e respeito que só não atordoa as Almas adormecidas: e tudo isto é promovido como sendo benéfico. E Porquê? Porque deixou de existir a divisão entre classes, pelo menos de cariz genealógico(pois a divisão económica é mais fácil de ser ultrapassada, basta para isso enganar meio milhão de conhecidos e torno-me rico e, portanto, influente), e vivemos agora numa suposta sociedade ideal/global, republicana e laica.
Mas são esses mesmos que contestam, e muitas vezes bem, as políticas dos Governos da República que a defendem, e AI de quem ousar contrapôr-se: formam uma pseudo-Moral geral que é mais nefasta ao indivíduo do que as repreensões inquisitoriais(hoje, "queima-se" quem não nos agrada por "dá cá aquela palha").
No fundo, quero dizer que na Idade Média um Camponês podia cavar à vontade, pois sabia que o colega da parcela anterior à sua não o iria desmembrar -pelo menos não cobardemente, pelas costas- com uma foice, bem como o Cavaleiro podia confiar na força da rectaguarda, pois o companheiro de exército não o abandonaria ao vislumbrar a primeira hoste inimiga. E hoje, mesmo que superficialmente pareça o contrário, quando olho para o meu lado direito, ou esquerdo, não vejo, em momentos de aflição ou de grande sucesso, um Amigo, mas antes mais um -ou dezenas deles- canibal, tão perigoso quanto o outro desconhecido que vive três quarteirões para norte.
Pelo menos na Idade Média, podia-se contar com alguém(desde que do mesmo Estado social), todavia, actualmente, nem com a própria sombra: são as profundas e gravíssimas implicações da Aldeia Global(posso ter acesso em 2horas a Berlim, no entanto, não temos um Amigo seguro em casa). Isto é, obtiveram-se inúmeros avanços e regalias, científicas, laborais e outras, contudo, perdeu-se o mais elementar Direito do Homem: o de poder confiar no seu Semelhante, sem que para isso tenha de oferecer tudo o que tem e mais aquilo que terá de roubar para satisfazer as necessidades ordinárias do seu "Amigo". Plantem-se Amizades, no verdadeiro sentido da palavra, inculquem-se Valores, recupere-se a Tradição e transpareçamos, antes de tudo, o Carácter e a Personalidade que nos caracterizam, mais assim ou mais assado, todavia, o Autêntico!
Só me ocorre dizer... a Insustentável leveza do Ser(Humano).

É nestes momentos prosaicos que fico contente quando, ainda assim(e apesar de integrado neste sistema hipócrita), consigo sorrir ao relembrar bons Amigos, pois é um sinal de que ainda os Há: em tom de raridade, mas há!
Com Amizade, e um voto especial de Felicidades - aos Antónios, Gonçalos, Marias, Catarinas, Filipas, Franciscos... excepções de Referência que acompanham esta caminhada de vida- e Parabéns ao Tiago Tejo,

TAM

terça-feira, março 21, 2006

Bem-vinda Primavera

Inicia-se hoje, dia 21 de Março, a entrada numa nova Estação do Ano: na Primavera. Deixamos para trás o frio, os cachecóis e a natureza "despida" do Inverno para evoluir para um período infinitamente mais colorido(e animado, diria eu, mas esta análise já é muito própria). Floresce a natureza e, como que paralelamente, a boa-disposição e alegria primaveril humana. Não que se ande triste no Inverno -até podemos andar, porém, não se trata de uma inevitabilidade epocal- no entanto, que o os primeiros raios de Sol de Primavera são "rejuvenescedores", lá isso são. Não se trata de uma ideia que deva ser tomada literalmente, pois os raios solares são, quando em exagero, tudo menos rejuvenescedores -aumentam a probabilidade de envelhecimento da pele, quando, como em tudo na vida, em demasia. Trata-se de um rejuvenescimento de Alma e das motivações de cada um, que para Freud, por exemplo, se designava -e resumia- por Líbido.
Mas deixemos as recomendações Médicas e concepções Psicanalíticas para outra altura.
Agora devo sublinhar que a época do ano em que nos encontramos influencia substancialmente algumas pessoas mais "ambientalmente influenciáveis". E deveríamos ser todos, visto a vertente Ambiental/Natural assumir tamanha importância à vida do Homem. Portanto, aproveitemos os dias primaveris que devem estar a surgir para circular, para deambular(como diria Cesário Verde) pelas cidades, vilas e aldeias desse tão lindo Portugal. O que não falta nesta Nação são locais agradabilíssimos.
Como diz a música da Sra. Dª Simone(a Portuguesa, não vá haver confusões com a Brasileira), o sol de inverno não tem calor restando-nos, assim, o magnífico da Primavera e Verão.

TAM

Dia Mundial da Poesia

Assinala-se hoje, 21 de Março, o Dia Mundial da Poesia e, apesar da minha incapacidade de a honrar e escrever, não posso deixar passar a data em branco. Portanto, e relembrando a nossa Mais Alta Qualidade Literária e, de modo muito peculiar, Poética, com tão grandes Personalidades que desde pelo menos o século XVI nos presenteiam com magníficas obras poéticas de valor universalmente reconhecido, remeto-vos(porque também eu já o fiz) para o o Blog Arrepio Cardíaco, abaixo linkado, para que disfrutem do mais belo quadro literário alusivo ao dia. Trata-se de uma montagem realizada pelo autor do citado blog que compreende os Altos Poetas de Língua Portuguesa(e não os cito porque temo que me esqueça de algum). Vale a pena espreitar a Imagem/Quadro que aparece como Homenagem aos Poetas e forma de relembrar a data.

Poeticamente, pelo menos em desejo, TAM

terça-feira, março 14, 2006

Além de Caminha...

Na medida em que não quero ser injusto, e no seguimento do último postal por mim escrito, cito outros autores que também relataram a sua impressão sobre a gente e a terra de Vera Cruz(Brasil). Foram eles: Pêro Lopes e Sousa, em 1530; Pêro Magalhães de Gândavo, em 1576; Gabriel Soares de Sousa, em 1587 e Ambrósio Fernandes Brandão, em 1618.
Paralelamente a esta literatura, de Informação, verificava-se também no Brasil a literatura dos Jesuítas, tendo sido considerada a melhor Literatura por lá produzida na primeira fase do Brasil-Colónia(claramente com outros objectivos, nomeadamente o de Evangelizar os Ameríndios).
Os mais dignos representantes desta literatura Jesuitaica foram os Padres José de Anchieta, Manuel da Nóbrega e Fernão Cardim.

TAM

Pero Vaz de Caminha

Por ter citado este Português no último postal, e pela qualidade da Carta que nos deixou, julguei lógico e interessante dedicar-lhe algumas linhas no Curtas e Rápidas.
Substituiu seu pai, Vasco Fernandes de Caminha, Cavaleiro do Duque de Bragança, no cargo de Mestre da Balança da Casa da Moeda do Porto, cidade onde nasceu. Dedicou-se, também, ao Comércio até ser designado para a Feitoria de Calicute - como Escrivão-, na Índia, de onde parte com Pedro Álvares Cabral, corria o ano de 1500.
Escreveu, em 1 de Maio de 1500, a Carta da Descoberta do Brasil, onde relata primorosamente a terra e a gente que vislumbrava. A Carta destinava-se, obviamente, ao Soberano de Portugal, El-Rei D. Manuel I, no entanto, tornou-se do conhecimento público, felizmente, para regozijo de todos os Portugueses que se orgulham da sua História e que encontram, assim, um elemento fulcral comprovativo da Expansão Portuguesa e um documento histórico detalhadamente descritivo. Esta Carta foi divulgada pela primeira vez pelo padre Aires do Casal, no livro «Corografia Brasileira», depois de ter estado guardada durante mais de três séculos na Torre do Tombo(local altamente recomendável para ser visitado, na Alameda da Universidade ao Campo Grande, a ladear a também histórica Faculdade de Letras de Lisboa).
Pero Vaz de Caminha morre no mês de Dezembro de 1500, aquando do assalto Mouro à Feitoria de Calicute, para onde havia retornado com Álvares Cabral após a descoberta da Terra de Vera Cruz.
Deixo-vos agora com um brevíssimo excerto da Carta de Vaz de Caminha a Sua Majestade, El-Rei D. Manuel I, na esperança de que se entusiasmem sobre a temática em causa e a leiam integralmente.
«Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de papagaio. E outro lhe deu um ramal grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljôfar, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza. E com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar. », Pero Vaz de Caminha

TAM

quarta-feira, março 08, 2006

Pedra Filosofal

Não sei se as pedras podem filosofar, todavia, os filósofos, foram várias vezes pedras que permitiram construir a muralha da(s) cultura(s) que ainda hoje nos sustenta(m)/rege(m).

Contra qualquer simbolismo hipoteticamente existente sobre este, antes de mais, belo poema, gosto de o ler/ouvir e julgo que merece que se faça justiça. Sim, também deu uma simpática- e graças a ela mais reconhecido- música, de Manuel Freire.
É um poema -maioritariamente escrito em quadras- de António Gedeão, talvez o poeta mais "cientista" da história da Literatura e da Cultura Portuguesa, composto por onze estrofes. É longo e rimante, calmo e descomprometido.
Em boa verdade, e sem análises de carácter político ou social(que, de facto, o poema cantado recorda), é uma poesia do mais inspirado que há.
É simples, bondoso e nostálgico, em análise pessoal. Bem como o exemplo de "usurpação" por parte de alguns para representar aquilo que, em última análise literária, não representa! Fala tão somente, e tanto que é, do Sonho, presente na vida de todos os Seres Humanos. Quanto muito poderia ter sido, de alguma forma, ligado a Freud e à temática Psicanalista, nomeadamente de análise dos Sonhos... mas não. Quiseram identificá-lo com períodos críticos e ideias revolucionárias, contudo, disso, o poema tem tanta culpa quanto os ameríndios tinham de maldade quando dançavam em Terras de Vera Cruz, sem roupa, aquando do desembarque dos Marinheiros Portugueses capitaneados por Pedro Álvares Cabral, no ano de 1500, maravilhosamente descrito nas Cartas de Pêro Vaz de Caminha.
Quis, assim, prestar homenagem à letra de uma música que não esteve, politicamente, do lado dos ideais por mim defendidos, porém, como já dizia não sei quem, «nem sempre, nem nunca[falar sobre assuntos político-ideológicos]».
Como repararam já estou a falar nela, ou pelo menos a pensá-la(à ideologia social e política)... é inevitável, mas também, ela é imprescindível à vida em sociedade.
TAM

segunda-feira, março 06, 2006

Portugal...conhecer/reconhecer

O contributo que a nossa história desempenhou ao longo dos anos é de uma preponderância inacreditável, e parace- me, que é lhe dada essa pouca importância. Não é só a nossa história mas é este papel da Penísula Ibérica que durante a época medieval e noutras épocas em muito contribuiu quer a nível político, quer a nível cultural,quer a nível religioso, é realmente de uma grande importância e isso não podemos deixar passar de todo em branco. As forças francas na defesa do condado Portucalense, a própria política autonomista do conde D. Henrique que pôs em comunicação as igrejas francas e portuguesas, a ajuda das Cruzadas no âmbito das conquistas de Afonso Henriques. Isto são apenas alguns exemplos de que esta nossa história tem um papel fundamental.
Quando digo que é dada pouca importância referi-me aos livros, não encontramos autores estrangeiros a falar da nossa história de terem a capacidade de construir uma historia de Portugal e dos seus acontecimentos na cena internacional. Somos nós e os espanhois que escrevemos sobre isto, claro cada um com a sua opinião, somos nós os únicos que reconhecemos. Não vejo e se vejo são muitissimos poucos, a escreverem sobre esta história que tem muito para mostrar. Fazem-se filmes sobre as Lendas do Rei Artur , sobre a força inglesa, sobre a independência dos Estados Unidos, etc sobre esses paises que apesar de tudo têm o seu peso mas se olhassem sobre as conquistas de Afonso Henriques, sobre a Reconquista Cristã na qual se vê um ponto de partida para as Cruzadas isso sim daria também um bom elemento para dar a conhecer muito mais daquilo que se sabe e que todos devem saber, isso sim evidenciarnos-ia. Mais à frente quando falamos de Descobrimentos e Expansão Portuguesa ai então assumimos-nos como autênticos e como pioneiros na formação de um império que desbravou oceanos e mistérios onde o medo muitas vezes tomou conta dos nossos navegadores que sempre arriscaram a sua vida pela pátria, pelos portugueses. Temos tanto para mostrar, temos tanto para dar, somos Portugueses mostrem-nos ao mundo quem somos. Temos um passado que não pode ser esquecido. Viva PORTUGAl.
Por Portugal enquanto é Tempo!!

Um grande abraço
TSM