Por ter citado este Português no último postal, e pela qualidade da Carta que nos deixou, julguei lógico e interessante dedicar-lhe algumas linhas no Curtas e Rápidas.
Substituiu seu pai, Vasco Fernandes de Caminha, Cavaleiro do Duque de Bragança, no cargo de Mestre da Balança da Casa da Moeda do Porto, cidade onde nasceu. Dedicou-se, também, ao Comércio até ser designado para a Feitoria de Calicute - como Escrivão-, na Índia, de onde parte com Pedro Álvares Cabral, corria o ano de 1500.
Escreveu, em 1 de Maio de 1500, a Carta da Descoberta do Brasil, onde relata primorosamente a terra e a gente que vislumbrava. A Carta destinava-se, obviamente, ao Soberano de Portugal, El-Rei D. Manuel I, no entanto, tornou-se do conhecimento público, felizmente, para regozijo de todos os Portugueses que se orgulham da sua História e que encontram, assim, um elemento fulcral comprovativo da Expansão Portuguesa e um documento histórico detalhadamente descritivo. Esta Carta foi divulgada pela primeira vez pelo padre Aires do Casal, no livro «Corografia Brasileira», depois de ter estado guardada durante mais de três séculos na Torre do Tombo(local altamente recomendável para ser visitado, na Alameda da Universidade ao Campo Grande, a ladear a também histórica Faculdade de Letras de Lisboa).
Pero Vaz de Caminha morre no mês de Dezembro de 1500, aquando do assalto Mouro à Feitoria de Calicute, para onde havia retornado com Álvares Cabral após a descoberta da Terra de Vera Cruz.
Deixo-vos agora com um brevíssimo excerto da Carta de Vaz de Caminha a Sua Majestade, El-Rei D. Manuel I, na esperança de que se entusiasmem sobre a temática em causa e a leiam integralmente.
«Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de papagaio. E outro lhe deu um ramal grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljôfar, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza. E com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar. », Pero Vaz de Caminha
TAM
terça-feira, março 14, 2006
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3 comentários:
Esta carta é, "sans doute", um excelente indicativo do imenso choque cultural sentido por uma mentalidade tardo-medieval (como era a deste rival de Camões)ao ver com indignação e ao msm tempo com admiração e curiosidade, as manifestações de hábitos e costumes destes seres do "novo Mundo" (índios).
Bem haja TAM pelo seu interesse por este magnífico documento que mt apreciei, uma vez que já tive de trabalhar com o mesmo, escrito com a letra do autor.
Saudações Wellingtonianas
O meu entusiasmo induziu-me em erro neste comment. O rival de Camões era Pero de Andrade Caminha, nome parecido com o do autor da carta de achamento do Brasil que morreria nesse mesmo ano de 1500. Já Luis de Camões nascerá em 1524. Nunca foram contemporaneos.
Peço desculpas pelo erro.
Saudações Wellingtonianas
Agradeço a Simpatia dos seus comentários e a sua correcção de Escrita.
Com prazer, TAM
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