quarta-feira, junho 21, 2006

No primeiro Dia de Verão

«Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...

Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?

Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...»

Alberto Caeiro, XXII-Num Dia de Verão

Chegou o Verão. Que o seu calor se manifeste na nossa atitude, na medida em que os raios de sol que nos oferece devem ser proporcionais ao sorriso com que presenteamos os outros(cândido e generoso).
TAM

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