quinta-feira, maio 31, 2007

a caminho da guerra das estrelas

Cada vez há mais países a quererem estar presentes no Espaço. Mas o elitista e restrito Clube do Espaço é dominado pelos Estados Unidos, que têm tentado afastar a China e outros países das suas ambições espaciais. Em reposta, a China está apostada em criar e liderar um novo género de clube espacial: o dos países emergentes.


No dia 14 deste mês de Maio, a China lançou um satélite nigeriano, com desenho, contrução e lançamento made in China, e ainda concedeu à Nigéria um empréstimo de 2/3 do valor do satélite, para os ajudar a pagar... a si própria. Entretanto, a China assinou outro contrato com o novo inimigo dos Estados Unidos, a Venezuela. Está também a desenvolver parcerias no campo da observação e vigilância da Terra através de satélites com o Bangladesh, Indonesia, Mongólia, Paquistão, Irão, Tailândia e Peru. Como vemos, todos países com relações difíceis com os Estados Unidos da América. A China criou ainda a associação dos satélites da Ásia, tudo isto num curto espaço de tempo. A ideia é que entre os países emergentes se construa uma imagem da China como sendo a grande mãe benfeitora dos países que se querem modernizar.




A China é uma potência que se quer afirmar neste Mundo, e o espaço não é apenas uma arena mais onde a China quer projectar poder. A conquista do Espaço significa muito mais que uma simples conquista. Um país que tenha um satélite no Espaço, é um país do século XXI. O satélite é um símbolo de status e de independência, e os chineses sabem disso, e assim apostam neste mercado de satélites, que sonham poder liderar. Está em causa o prestígio nacional chinês, está em causa a afirmação de um país na vanguarda dos avanços tecnológicos. Está em causa, acima de tudo, a disputa de um Espaço até hoje dominado pelo Ocidente.




Os Estados Unidos olham para as ambições da China com muita desconfiança. Os chineses são suspeitos de espionagem industrial e do roubo de material espacial que desapareceu da NASA. Mais, são acusados de lançar satélites de uso dual, isto é, com capacidade de estarem preparados não só para uso civil como também para uso militar. E a nível militar, a China está em grande processo de modernização. O último sinal foi em Janeiro, quando a China testou o seu novo míssil anti-satélites, destruindo um dos seus próprios satélites. Deu poucas explicações à comunidade internacional. Os Estados Unidos estão de prevenção, este é um sinal de que a China pode também atingir os satélites de outros países. Em Taiwan o clima também não é descontraído: a modernização militar da China será usada contra este território, seja por via negocial, seja através da "via práctica". O ambiente que se vive é de uma nova guerra fria.




Apesar das desconfianças internacionais, tudo parece dar confiança à China para avançar nesta nova guerra fria. A China oferece mais abertura a propostas de outros países, oferece serviços mais baratos e ainda concede empréstimos, como vimos acima. Em África, só este ano, os empréstimos que a China fez são na ordem dos 7 biliões de dólares. Até os empréstimos são astronómicos. Na China, existem hoje 3 centros espaciais: Beijing, Shangai e Harbin, estando um novo centro em construção na província de Hainan.




Prevê-se que nos próximos anos, a China lance mais de 100 novos satélites que ajudem o país a construir mapas mais precisos e um sistema que substitua o GPS norte-americano, a prever a metereologia com mais rigor, a desenvolver projectos de televisões rurais e a contribuir para mais pesquisa científica. A China quer ainda contruir uma Estação Espacial em Marte e pôr um astronauta na Lua, a curto prazo. Grandes mudanças se estão a dar na Ásia distante, mas que nos vão afectar a todos num curto espaço de tempo. E nós concentrados no Iraque e na esquizofrenia do Médio Oriente, onde se apostam muito mais esforços do que aquilo que a região realmente vale.

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