segunda-feira, maio 28, 2007

duas ideias de "povo" - perigos da segunda

Podemos falar de "povo de Deus" na Igreja Católica? Sim. Porquê? Porque os católicos que se dizem praticantes são fomentadores de união (na Igreja), têm uma direcção (o Céu), e um Caminho (a santidade). O "povo de Deus" é unânime nas questões essenciais de fé. No entanto também somos cidadãos da cidade terrestre, e aí já o caso muda de figura. O "povo" passa a ser um conceito mais perigoso.
Acostumei-me a ver o "povo de um País", de qualquer país, como uma massa disforme, sem direcção nem unanimidade sobre os assuntos políticos. Ainda bem que o é, em nome de alguma pluralidade que é necessária para o país se desenvolver. É necessário que as leis confiram e protejam a liberdade de uma pessoa poder discordar e manifestar a sua discordância (dentro de alguns limites), mesmo quando faz parte de uma minoria desse "povo".
Mas o que mais me assusta na ideia que temos de "povo", é a herança que Rousseau nos deixou sobre a "vontade geral" de um povo, onde a vontade da maioria tem de ser indiscutivelmente aplicada, porque o voto expresso da maioria está legitimado pela "vontade geral", da qual que se diz titular. É Rousseau um dos inimigos da liberdade, diz Isaiah Berlin, e esta é uma das razões. É curioso como no nosso subconsciente ele é sempre associado aos defensores da liberdade e não como um dos seus inimigos.

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