quarta-feira, maio 16, 2007

PS e a eleição para Lisboa

O Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira disse ontem que a candidatura de Helena Roseta, independente, não é uma boa notícia porque vai dividir os votos à esquerda. É um Ministro de Portugal que o diz, um Ministro que tem responsabilidades sobre a acção governativa que desepenha, e que afecta todos os portugueses, não só os de esquerda como também os de centro e os de direita: todos. Um pouco mais de sentido de Estado não lhe ficava mal. Depois, esta dicotomia "esquerda vs. direita" não interessa para nada numa eleição municipal. As pessoas votam no candidato, mais que no partido. O partido só o apoia, não concorre. Quem concorre é uma equipa encabeçada pelo candidato. Insistir que isto se trata de um voto partidário e de um voto "de esquerda" ou "de direita" é continuar a desvirtuar esta eleição. E a responsabilidade de não dizer tais disparates fica maior quando se trata de um Ministro.


António Costa, outro Ministro deste Governo, Ministro de Estado e da Administração Interna, e nº 2 de Sócrates, o Zé, é o candidato apoiado pelo PS para estas eleições. Tal quer dizer que, à conta de uma crise municipal, José Sócrates prescinde de uma peça fundamental da arquitectura do Governo. Quanta generosidade. Mas o problema é que António Costa sai do Governo na pior altura - não se trata apenas de "arquitecturas". Trata-se também da sustentabilidade política deste Governo numa altura crucial da economia do nosso país, em que Portugal vai entrar na presidência da União Europeia, exigindo de Sócrates muita atenção para as questões europeias. Quem vai segurar isto? Rui Pereira, jurista, que nem sequer era do Governo e que ainda vai precisar de tempo para se ambientar às pastas que recebe. Uma desgraça, quando devíamos andar a velocidade de cruzeiro. Os outros países não esperam por nós.

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