No Livro VIII d'A República de Platão, assistimos a uma longa conversa entre Sócrates e Adimanto, que falam sobre 4 regimes políticos (Timocracia, Oligarquia, Democracia e Tirania) e traçam o perfil dos governantes de cada um desses governos. Sobre a tirania e o tirano, deixo aqui alguns excertos que nos podem ajudar a perceber o interior de alguns dos nossos políticos.
Platão, A República, 562a:
- Resta-nos analisar a mais bela forma de governo, e o mais belo dos homens: a tirania e o tirano.
- Absolutamente.
- Vamos lá! De que maneira, meu caro companheiro, se origina a tirania? Pois é quase evidente que provém de uma alteração da democracia.
- É evidente.
Platão, A República, 567c
- Portanto, tem de discernir com agudeza quem é corajoso, quem tem grandeza de ânimo, quem é prudente, quem é rico; e é tal a sua felicidade que é forçado a ser inimigo de todos esses, quer queira, quer não, e armar-lhes ciladas, até limpar a cidade.
- Bela limpeza essa!
- Sim - disse eu - é o contrário do que fazem os médicos com os corpos: estes retiram o pior e deixam o melhor; aquele, é o inverso.
Platão, A República, 569b-c
- Que queres dizer? O tirano ousará exercer violência sobre o pai, e bater-lhe, se ele não obedecer?
- Ousará, mas depois de o despojar das armas.
- O tirano é, ao que dizes, um parricida, e um acrimonioso sustentáculo da velhice e, segundo parece, chegámos já àquilo que se concorda em chamar tirania; conforme o provérbio [ao fugir ao fumo, foi cair no fogo], o povo, ao tentar escapar ao fumo da escravatura de homens livres, há-de cair no fogo do domínio dos escravos, revestindo, em vez daquela liberdade ampla e despropositada, a farda mais insuportável e mais amarga, a da escravatura de escravos.
- É isso sobretudo o que acontece.
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