Para não vos tirar o incentivo de visitar o Museu de Arte Contemporânea de Lisboa para ver o «Soirée chez lui», tão pertinenemente indicado pelo superior post feito pelo nosso colaborador Tiago, deixo-vos aqui uma outra pintura não menos conhecida deste grande retratista que foi Columbano Bordalo Pinheiro. O retrato é de Antero de Quental, que recordamos também através de "O Palácio da Ventura".
O PALÁCIO DA VENTURA
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d' ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
Antero de Quental, in Sonetos
AVC
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