sexta-feira, dezembro 09, 2005

O Amor e a Esperança


Num confortável ambiente de uma paz enorme, provocada pela presença de Deus na suave melodia que abraçava a sala, sentei-me e acomodei-me numa poltrona onde folheei alguma poesia do Padre José Tolentino de Mendonça, materializada no livro "De igual para igual". Já conhecia outro livro dele, "Baldios", e intrigou-me se o espirito com que Tolentino escreve tinha ou não mudado de um livro para o outro.

Em pouco mudou: fala-nos do Amor, de um Amor que nos dá angústia, dor, incertezas e, principalmente, cria-nos bastantes dificuldades para espalharmos e pregarmos algumas certezas (poucas) que temos. É como um rol de osbtáculos que cresce sem parar, como uma imagem, que vejo projectada na parede da sala em que medito. Realismo e pessimismo andam muitas vezes de mãos dadas. Ora, Tolentino ao ser realista nesta angústia, é por vezes bastante pessimista.

Neste caso, sou mais sonhador e vejo com melhores olhos a frase de Diotima que Eugénio de Andrade cita nos posfácio do livro de Tolentino e que diz: "Amar é desejar a perpétua possessão do bem." Transmite-me mais esperança e optimismo, e penso que é disso que precisamos.

Cernache, 3/12/2005


AVC

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