terça-feira, janeiro 30, 2007

a dança da vida

Munch - "A dança da Vida"
Há uma mulher que parece dançar sozinha. Mas não, dança com a vida que traz no ventre.
Feliz menino, aquele que é amado desde que vive no escuro quentinho e protegido. Feliz também a Mãe, que dança com ele, mesmo com tudo o que a possa preocupar...
Felizes de nós, enquanto amarmos a vida. A nossa e a que não é nossa. Aquela que geramos não é nossa, nunca foi. Tem fortes ligações a nós, e isso é diferente. Uma pessoa só é de outra quando se dá, e até se dar, só pertence a si mesma. E mesmo ao dar-se, não deixa de ser dona de si. Será sempre mais dona de si que qualquer outra pessoa. Ao dar-se, dá apenas a alguém a honra de participar de perto numa parte do seu íntimo.
E mesmo a nossa vida, é Deus que no-la empresta. Deus dá, Deus tira. A vida é uma relação profunda de Amor que temos com o Pai, talvez a primeira relação de todas que temos. Quem ousa nela interferir?
Aos amigos ateus que me lerem, pede-se o favor de substituir "Deus" e "o Pai" por "a Natureza". Penso que também é legítimo pensar-se assim.
A vida é uma dança. Uma dança apaixonada entre um ser e todo o meio envolvente. É de má educação "interromper" (?!) as danças dos outros. Má educação... e a educação devia melhorar com o avançar dos tempos. Ou não é assim?

domingo, janeiro 28, 2007

Esclarecendo...

Felizmente, ainda antes dos debates nucleares acerca do tema, os Movimentos implicados aperceberam-se da palhaçada que estavam a esboçar. Ainda vão a tempo de refazer argumentos(pois ideias espera-se que sempre tenham tido, embora mal difundidas) e ajudar a reflectir com base naquilo que nos é proposto: permitir ou não o Aborto até às dez semanas de gravidez.
Pelo SIM: Sessão pública no Hotel Altiz, pelas 15 horas, com Eurodeputados multi-cores a esclarecer pelo Sim.
Pelo NÃO: Caminhada pela Vida, 14 horas, à frente da Maternidade Alfredo da Costa a andar pelo Não até à Alameda.

Em Lisboa, hoje, Domingo 28 de janeiro.

TAM

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Uma visão da Jamaica e do Sul da América

A Jamaica é um país de praias paradisíacas e paisagens deslumbrantes, sendo assim destino turístico por excelência dos ingleses, antigos colonos. O luxo dos resorts contrasta com a simplicidade da população, que apesar de tudo não vive muito mal, economicamente. Com uma cultura recente mas bem arreigada, esta foi criada pela herança e pelo engenho daqueles que buscaram na magia a sua fonte da autoridade. A religião do Deus Jah foi inventada e conduzida por alguns afro-americanos descendentes de escravos que, iluminados por Rousseau e mais alguma tralha jacobina, aproveitaram-se do clima propício e dos exemplos loucos dos vizinhos do Haiti, para alinhar em maluqueiras político-românticas, misturadas com ritos voodoos que assustam a população.
É uma religião do medo, suavizada pelos sons alegres e pseudo-harmoniosos do Reggae, o principal veículo da sua propagação, com mensagens de suposta libertação e alguma afronta ao Catolicismo, que está nas Caraíbas altamente implantado. A vizinha e rival Cuba, com o seu Comunismo irrespirável, é um vizinho com baixo nível de qualidade de vida e serve de pretexto para o governo da Jamaica seguir com as suas políticas de opressão e terror, fazendo uso da sua forte autoridade policial e continuando a instrumentalizar a religião para ter o povo na mão.
Esta situação na Jamaica repete-se no geral daquilo que é a América Central e do Sul. Os vizinhos servem de pretexto para justificar políticas autoritárias, e as pessoas nem têm coragem para se perguntarem se o seu nível de exigência não é baixo. A Venezuela, a Bolívia, o Brasil, Cuba, todos os grandes países caminham para governos cada vez mais socialistas e de uma esquerda caciquista e corrupta. Chávez apresenta-se como o novo Fidel que faz frente aos Estados Unidos, e até já recebeu na sua Venezuela natal o Presidente do Irão Ahmadinejad. O único país da América do Sul que escapa a esta vaga parece ser o Chile, que confia nas suas instituições democráticas, na sua moderação política, no seu capitalismo sustentado e nas suas alianças estratégicas e comerciais com o Mundo Ocidental.
Os sul-americanos gostam de basear as suas políticas nas dos vizinhos. Se essa mentalidade é difícil de mudar, temos ao menos de lhes mostrar o que se passa no Chile e dizer que deviam pôr mais os olhos neste país do que na Venezuela, na Jamaica & companhia. O Chile é, em linguagem geopolítica, o verdadeiro farol político da região.

terça-feira, janeiro 23, 2007

a desilusão é um bom sinal

Van Gogh - Noite estrelada
Quem se ilude, às vezes desilude-se. A desilusão é um bom sinal de vida. Quer dizer que a capacidade de sonhar está boa e recomenda-se. Que as desilusões não tirem a entrega de continuarmos a apostar em ilusões! Quem não se quer iludir, fica sem a possibilidade de agarrar uma boa parte da vida. A vida é também feita de sonhos, mesmo daqueles que não se realizam.

domingo, janeiro 21, 2007

Porque se continua a abortar o debate sério?

Com esta lei que existe, nunca uma mulher foi condenada à prisão em Portugal por ter abortado o seu filho ou filha. Mas dizem os do "Sim" que isso não chega, a simples possibilidade de serem condenadas e uma pena de prisão é inaceitável. Penso que o que está em causa não é a pena das mães nem dos pais, mas sim do médico e da parteira que levaram a cabo o crime. Normalmente, o juiz considera que a mulher já leva na consciência um peso demasiado grande por ter abortado. E concordo. Os do "Sim" têm mesmo assim medo da possibilidade de alguma mulher ser presa injustamente. Mas esquecem-se que a maior pena de todas, a pena de morte, é aplicada a um inocente, que nada fez a não ser existir, para "merecer" tamanho castigo.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Sem vergonha

O Senhor Ministro da Saúde vai ao Parlamento e, descaradamente(alertado pelo líder da bancada parlamentar do PCP, veja-se o que eles já evoluiram), repete um discurso -provavelmente que mal conhece, pois em tempo de crise não lhe deverão faltar assessores de imprensa- que havia lido numa conferência de imprensa há alguns dias. Já disse tantas mentiras que tem de se repetir, não vá correr o risco de esgotar o vocabulário conhecido.
Bem, se a contenção é para aplicar, parecem existir outras matérias em que se deve economizar: não são necessariamente as palavras que gastam fortunas.
E assim vamos andando: servem-se do mesmo cajado para matar dois coelhos, cultiva-se a falta de vergonha e de respeito e já nem a Nobilitas Literaria -nem para os socialistas, velhos bons oradores, contra o privilégio inato ou de condição- lhes interessa.
São estes que nos governam, e assim vamos desandando.

TAM

Cavalo de Tróia

Parece ser hoje impossível esperar-se Bom Senso ou Carácter.
Recordo-vos, há algum tempo, o discurso do Deputados e Líder da bancada parlamentar do CDS, Sr. Nuno Melo. Além de aludir ao passado próximo do partido(na altura parecia ser somente PP), citou abusadamente qualidades e sucessos que a anterior presidência partidária conseguiu para o mesmo como se de uma premunição ou desejo do seu regresso se tratasse.
Ora, se o Senhor Deputado não apreciava pessoal ou politicamente o actual Presidente do partido, Sr. Ribeiro e Castro, não tinha aceite a liderança e as responsabilidades que, pelo mesmo, lhe foram confiadas. Convém salientar que o actual Presidente do CDS "agarrou" o partido numa altura especialmente difícil -com o afastamento de um líder altamente mediático, depois da participação, em coligação, num Governo Constitucional relativamente instável-, em que poucos se mostraram disponíveis para o fazer. Hoje aparecem com o sarcasmo que já se reconhece aos senhores da direita(da direita mesquinha, partidária, do PP... nao da Direita!) e, tristemente, esquecem depressa os acontecimentos e os apoios.
Se o núcleo PP, sensacionalista e desprezivelmente convencido de si próprio, não se sentia tocado pelos ideais, próximos da ideia original da Democracia Cristã -CDS-, não ladeavam o Sr. Ribeiro e Castro, decente e respeitável figura e, por isso, rara de encontrar na política nacional.
O Cavalo de Tróia, sem categoria para o ser, não é menos desprezível que qualquer outro que abandone o seu navio em pleno oceano... porém, tal é a banalidade, já nos habituámos a achar normal. Todavia, o não é.
É requisito mínimo, ainda que implícito, haver solidariedade e cooperação vertical. E, se considerarem que a presidência está em mãos erradas, candidatam-se e esperam que os miltantes decidam. Afinal quem governa, administra ou dirige não são os eleitos? Parece ser isso que querem inverter.
Têm horror à anarquia mas são os anarquistas da nova direita social e parda.
Não é esta a Política de Péricles(nem dos decentes, que não necessitam que a Constituição o exija para serem educados, sérios e leais).

TAM

quarta-feira, janeiro 17, 2007

A verdadeira questão f(r)acturante

Aquilo que ideologicamente está em causa, neste referendo, é o "valor da liberdade" versus o "valor da vida". Qual é o valor mais valioso para si?
AVC

A Cidade

A Cidade, espaço autónomo, Antigo -nomeadamente grego- e Moderno -principalmente na península itálica-, passou(como se a dicronia que os separa em nada os separasse), ao longo de séculos, a núcleos integrados e politicamente dependentes de um território mais vasto. Na Idade-Média, a Cidade esbate a sua relevância com a constante disputa senhorial de terras, tornando-se centro de efectivação do Poder Real e, nesse sentido, pouco atractiva, porque experimental, e indigente. O estado tardo-moderno(para ter o mínimo de tranquilidade histórica considero-o na Modernidade, após os seiscentistas), num processo paulatino de consolidação régia e união social, sob uma só voz, governa efectivamente as cidades integradas territorial e nacionalmente e integradoras social e etnicamente. Viveu à margem do fausto até, nos palácios que se foram edificando ou remodelando, se fixar a ideia de Corte, a luz resplandecente, apanágio de velhos Fidalgos e novos Burgueses. A Cidade, ao século XIX, passa a atractivo industrial e financeiro que, invariavelmente, a mudificou. Convém sublinhar que o Campo se manteve, intacto(apesar das necessárias adequações às Épocas), por ventura menos povoado.
Agora, tornou-se repulsiva por ter atraído tanto e tantos... mas continua a ser o mesmo espaço de excelência para os desejos socio-culturais tidos por mais raros; pois nela se foram tentando concentrar, esforçadamente, ao longo da História.
Volta-se ao campo, a ruralidade reatrai. Sim, o campo é de tradições e, como tal, é cultural. Talvez mais natural, não obstante de não querer emitir juízos de valor. Gera-a e difunde-a com peculiaridades, no entanto, o que é a cultura -alta ou baixa, de massas ou de elite- se não essa diferença que se compreende(ou tenta) no tempo, no espaço e na inter-relação social? A Cultura está(fisicamente) na cidade, porém, é o campo que a preserva, garantindo-lhe que se faz hábito, consumo, e é acto cultural. Assim, não proporcionassem as não-cidades a cultura e a ruralidade a sua manutenção e veríamos o que dela(não) restaria.
A excepção ao declínio é a capital, todavia, essa, não faz a regra.

TAM

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Slogans destes? Não, obrigado.

Há, segundo ouvi, 6 plataformas pelo "Sim" no referendo do Aborto (o interruptor é na parede, e liga e desliga e volta a ligar sempre que quisermos), e 21 plataformas pelo "Não". Vou votar não. Mas infelizmente, a campanha do Não é muito associada ao nome da plataforma com publicidade mais visível, a "NÃO OBRIGADA". Digo infelizmente porque considero o slogan infeliz.
Primeiro, o "obrigada" é feito no feminino, portanto dirigido apenas às mulheres. Mas este é um assunto para todos votarem, e não só as mulheres. Um bébé tem um Pai, tal como tem uma Mãe. A votação será democrática, com ambos os géneros a ter o direito de responder ao referendo. Dizer "obrigada" é sempre um ponto a favor daquele argumento demagogo que usam alguns do "Sim", no slogan "Eu [a mulher] é que mando na minha barriga!"
O segundo erro de dizer "NÃO OBRIGADA" nesta campanha, prende-se precisamente com o assunto "quem manda na barriga de quem". Falar de obrigações é um ponto a nosso desfavor. Um dos argumentos do "Sim" é a suposta falta de liberdade da Mãe (nunca do feto) em escolher aquilo que lhe apetece. Dizem os arautos do "Sim" que por lei, as mulheres são OBRIGADAS a ter o filho. Chamar a atenção para isso num slogan é atracção para o abismo...
Em terceiro, "NÃO OBRIGADA" é uma expressão de boa educação. Mas nos dias de hoje, é muito fácil de ser gozada como sendo uma expressão "chiq" das tias de Cascais. Só por ser de boa educação, entenda-se. Mas a caricatura da Tia de Cascais, nestes assuntos, é aquela de uma senhora que diz "Não" ao aborto cá, porque tem dinheiro para ir a Londres fazer o seu. É mais "chiq" e ainda pode comprar um vison, rematam alguns demagogos do "Sim", fazendo piada daquilo que é muito sério.
É óbvio que voto não, por muitas razões. Mas penso que este tipo de campanha é favorável ao sim. O discurso demagogo está impregnado na sociedade. Em anos de campanha do "Sim", fizeram a cabeça a nós portugueses, castigando-nos por termos votado "Não" em 1998. Respeitadores dos valores democráticos? Não me cheira. Esta campanha sanguinária foi e é patrocinada pelas clínicas do aborto, que esperam como abutres que os portugueses dêem um sinal de morte para aqui pousarem. E a campanha do "Não", parece ter agentes infiltrados.
Atenção, portuguesas e portugueses... as armas estão em cima da mesa. Ainda vêm aí os fanáticos, de ambas as partes, que vão estragar o debate do assunto que nem devia ser debatido. À falta de interesse no campeonato de futebol, à falta de euros e mundiais e à falta de interesse nos debates do Estado da Nação, novos clubes se formam. E depois do referendo, o que se segue?
AVC

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Diga não à manipulação

Com o aproximar da data, vêm-se multiplicando movimentos que, declarando-se não partidarizados, têm vindo a desenrolar campanhas, sobre o Aborto, dignas dos maiores e mais organizados partidos representados no Palácio de São Bento. Neste seguimento, tenho visto que, mais do que preocupados em esclarecer, há movimentos e pessoas singulares interessados em manipular ideias e opiniões. Ora bem, as pessoas -ao contrário do que, analisando as campanhas e argumentos diminuídos, quer de um lado quer de outro, pensam ou tentam levar a pensar- não são estúpidas. Sabem pensar e reflectem. E, se não conseguirem tomar uma decisão de voto(pois é nisto que a maioria das campanhas anda a pensar e não realmente nas implicações sociais que a despenalização ou não terá na sociedade), também ninguém poderá tomar por elas... é a Consciência Moral de cada um que decide. Se sim, SIM; se não, NÃO.
A minha opinião não interessa, aqui e para si.
Não evite consultar a mais complexa aliada de cada um de nós, a Consciência, mas...Diga não à manipulação!

TAM

Sim ou Não, com que razões? - Parte 2

Pergunto agora, depois de ler o texto do último post (Sim ou Não, com que Razões? - Parte 1 - ponham o rato sobre a imagem e esperem q apareça um ícone no canto inferior direito. Cliquem lá para ampliar), se as razões pelas quais discutimos a legalização da interrupção voluntária da gravidez serão as mais válidas.
Com todo o respeito pelos factores sociais, económicos, de saúde, e todos os outros que são de todos nós sobejamente conhecidos, mas parece-me que no texto que leram temos o maior, sobre o qual menos nos podemos pronunciar - a vida que perde a sua oportunidade de singrar.
Quem somos nós para decidirmos se uma vida vai poder ser boa?
Consciente de que cada caso é um caso, e tem por isso as suas especificidades muito próprias, acho que este deve ser o maior critério, quando decidirmos tomar uma opção de voto.
Será que uma constituição que prevê o direito à vida, e é absolutamente contra a pena de morte, permite que se silenciem os inocentes por conveniência, tantas vezes, financeira?
Por ainda não ter nascido não é vida? Alimenta-se, tem orgãos, mexe-se, tem um metabolismo próprio, mas não é vida?
Por estar fisicamente dependente de outra pessoa perde os seus direitos?
Perde o direito de ter uma oportunidade?
Por ser vulnerável é descartável?
Não será uma exploração do mais fraco no seu expoente máximo?
E mesmo para a mulher que toma essa opção, não é uma humilhação, por-se à frente do seu filho, pensar antes em si e depois no outro, correr um risco para matar?
A que sociedade levará isto? Possivelmente a uma em que cada um siga por si. Em que a solidariedade será um mito do passado.
Deixo-vos com estas questões, e outras melhor formuladas, que podem encontrar em www.independentespelonao.org.
Despeço-me com esperança na reflexão séria,
João Moreira Pires

Sim ou Não, com que razões? - Parte 1



Ciquem na imagem para a ampliar e conseguirem ler.

Vale a Pena