terça-feira, janeiro 30, 2007

a dança da vida

Munch - "A dança da Vida"
Há uma mulher que parece dançar sozinha. Mas não, dança com a vida que traz no ventre.
Feliz menino, aquele que é amado desde que vive no escuro quentinho e protegido. Feliz também a Mãe, que dança com ele, mesmo com tudo o que a possa preocupar...
Felizes de nós, enquanto amarmos a vida. A nossa e a que não é nossa. Aquela que geramos não é nossa, nunca foi. Tem fortes ligações a nós, e isso é diferente. Uma pessoa só é de outra quando se dá, e até se dar, só pertence a si mesma. E mesmo ao dar-se, não deixa de ser dona de si. Será sempre mais dona de si que qualquer outra pessoa. Ao dar-se, dá apenas a alguém a honra de participar de perto numa parte do seu íntimo.
E mesmo a nossa vida, é Deus que no-la empresta. Deus dá, Deus tira. A vida é uma relação profunda de Amor que temos com o Pai, talvez a primeira relação de todas que temos. Quem ousa nela interferir?
Aos amigos ateus que me lerem, pede-se o favor de substituir "Deus" e "o Pai" por "a Natureza". Penso que também é legítimo pensar-se assim.
A vida é uma dança. Uma dança apaixonada entre um ser e todo o meio envolvente. É de má educação "interromper" (?!) as danças dos outros. Má educação... e a educação devia melhorar com o avançar dos tempos. Ou não é assim?

2 comentários:

J disse...

António,

Gostei muito da maneira como descreveste a gravidez, a beleza de uma dança apaixonada, que é envolvida pelo Amor de Deus.

Acho que ninguém gosta de ser interrompido em nada, muito menos quando está numa dança tão envolvente como é a dança da vida.

Um grande beijinho em Cristo

Fátima F disse...

A dança da vida...pessoas acompanhadas, pessoas sós, umas de luto, outras a trazer vida...a vida de cada um acaba por passar por todas essas fases. Gostei muito do significado desta pintura.

Esta dança faz-me lembrar a imagem q Anthony de Mello dá sobre a dança e o dançarino em "Desperta": vê-se a Deus como o dançarino e a criação como a dança de Deus. Não somos dançarinos, nós somos a dança.
Eu acrescentaria que Deus é também o coreógrafo. :)
Assim, mais uma vez e em concordância com o que é dito no post, quem somos nós para interferir na dança, na criação (na coreografia)?

Beijinho grande, António ;)