A Cidade, espaço autónomo, Antigo -nomeadamente grego- e Moderno -principalmente na península itálica-, passou(como se a dicronia que os separa em nada os separasse), ao longo de séculos, a núcleos integrados e politicamente dependentes de um território mais vasto. Na Idade-Média, a Cidade esbate a sua relevância com a constante disputa senhorial de terras, tornando-se centro de efectivação do Poder Real e, nesse sentido, pouco atractiva, porque experimental, e indigente. O estado tardo-moderno(para ter o mínimo de tranquilidade histórica considero-o na Modernidade, após os seiscentistas), num processo paulatino de consolidação régia e união social, sob uma só voz, governa efectivamente as cidades integradas territorial e nacionalmente e integradoras social e etnicamente. Viveu à margem do fausto até, nos palácios que se foram edificando ou remodelando, se fixar a ideia de Corte, a luz resplandecente, apanágio de velhos Fidalgos e novos Burgueses. A Cidade, ao século XIX, passa a atractivo industrial e financeiro que, invariavelmente, a mudificou. Convém sublinhar que o Campo se manteve, intacto(apesar das necessárias adequações às Épocas), por ventura menos povoado.
Agora, tornou-se repulsiva por ter atraído tanto e tantos... mas continua a ser o mesmo espaço de excelência para os desejos socio-culturais tidos por mais raros; pois nela se foram tentando concentrar, esforçadamente, ao longo da História.
Volta-se ao campo, a ruralidade reatrai. Sim, o campo é de tradições e, como tal, é cultural. Talvez mais natural, não obstante de não querer emitir juízos de valor. Gera-a e difunde-a com peculiaridades, no entanto, o que é a cultura -alta ou baixa, de massas ou de elite- se não essa diferença que se compreende(ou tenta) no tempo, no espaço e na inter-relação social? A Cultura está(fisicamente) na cidade, porém, é o campo que a preserva, garantindo-lhe que se faz hábito, consumo, e é acto cultural. Assim, não proporcionassem as não-cidades a cultura e a ruralidade a sua manutenção e veríamos o que dela(não) restaria.
A excepção ao declínio é a capital, todavia, essa, não faz a regra.
TAM
quarta-feira, janeiro 17, 2007
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