concerto visão

No dia 17 de Janeiro passado aconteceu um dos concertos mais esperados dos últimos tempos, para os amantes da boa música portuguesa. No mesmo palco e uma após outra, desfilaram bandas e músicas do imaginário roqueiro português. Por ordem de entrada: Rádio Macau, Jorge Palma & Demitidos, GNR, Pedro Abrunhosa & Bandemónio, Rui Veloso, e Xutos e Pontapés. Das agradáveis e inofensivas melodias de Macau, passando pelo ébrio e comediante Palma, os GNR encheram o palco como nenhum e deram lugar ao abrunho, que fez lembrar o mais perigoso e sinistro estilo Goebbels, misturando música com culto da sua personalidade e propagandeando (e também papagueando) a sua mensagem política. A assistência, que antes foi por ele estrategicamente cansada, pouca força teve para pensar no que ali foi dito, quanto mais para o vaiar. Mesmo assim, houve alguns heróis que o fizeram, embora rapidamente abafados pelos decibéis bandemoniosos. Passado este momento de amargo sabor, voltou a doçura melodiosa das mais belas baladas do Veloso, que teve uma actuação em crescendo de ritmo e encerrou com grandes hits mais mexidos. Rui Veloso, a nível de voz e de virtuosidade técnica - na guitarra eléctrica, onde não tem igual, e na gaita de beiços - foi sem dúvida o mais perfeito. Com os músculos aquecidos pelo indispensável Chico Fininho, foi fácil de a assistência ficar ao rubro com os Xutos e Pontapés, que podem não ser os únicos a olhar o céu, mas olham-no de uma forma especialmente vibrante. Foi um espectáculo grandioso, que encheu o Pavilhão Atlântico durante 6 horas - das 21h às 3h. Para mais tarde recordar.