Não querendo marcelizar o Curtas&Rápidas, venho hoje aqui propor um livro de grande interesse, cuja leitura acabei hoje de saborear. Para se ler devagar, com atenção aos promenores e subtilezas que os autores nos presenteiam, "Histórias e fragmentos da arte empresarial" é o livro que mistura em improvável mas saboroso cocktail os ensinamentos dos Antigos com exemplos pertinentes da actualidade empresarial. Incidindo preferencialmente sobre a realidade da organização da empresa, este livro tenta não apresentar termos técnicos de economia e de gestão, tornando-o mais apetecível aos olhos de um mero leigo na matéria, como eu. A sua abordagem é feita a partir de citações cuidadosamente escolhidas de grandes autores de Filosofia Política, da ficção, da Economia e da Religião.
Este livro reúne em si autores como Aristóteles, Hobbes, Adam Smith e São João Evangelista, por exemplo, seguidos de um comentário elaborado pelos autores do livro - Hugo Chelo e Miguel Morgado, ambos professores do curso de Ciência Política - e um exemplo empresarial de boas ou más aplicações dos ensinamentos por nós atrás assimilados. O preço de "Histórias e fragmentos da arte empresarial" não é superior a 15 euros, sendo este dinheiro bem empregue no caso da sua compra. Para se ler, saborear e conservar na biblioteca pessoal numa posição acessível para futuras consultas.
5 comentários:
Existe Arte Empresarial? A existir, teremos de retomar a velha distinção entre Artes Maiores e Menores... no caso de quererem que tudo o que é pensado seja Arte.
O título deixa-me assustado... talvez o conteúdo o suplante.
Vou seguir o conselho, sobre gestão empresarial, António Marcelo.
É muito positivo uma interactividade prática no Curtas, não há que só pensar, o incentivo à visita/pesquisa é igualmente louvável(e talvez mais raro).
Saudações marcelistas(de Sousa)... estouvadas, portanto.
Caro Tiago, o que entendes tu por "arte"? Marx, como sabes, defendia que o motor da História se baseava na Economia. Penso que é redutor resumirmos a evolução histórica a uma mera evolução das relações de produção. Mas se olharmos para a História desapaixonadamente, sabemos reconhecer algum valor ao que Marx, Adam Smith (só para este comentário ter "contraditório") e muitos outros defenderam neste aspecto, e damos bastante (nunca toda, nem perto disso) importância à Economia na nossa vida. Admitindo essa importância fulcral que a Economia tem, e sendo a Economia dos dias de hoje uma Economia de empresas, como não elevar o conceito a "arte"? As virtudes que neste livro são apresentadas acerca do líder empresarial, são aliás assaz parecidas com as de um líder político. Também por isso, vale a pena ler "Histórias e fragmentos da arte empresarial". Com um abraço e aguardando o que pensas acerca das "artes",
Ant.
Caro António:
Belo desafio...! Ora bem, vou tentar: só por falarmos em "Arte" pressupõe que a reconheçamos em alguma coisa ou em alguém e que o conceito seja preenchido. Passado este primeiro patamar de a admitirmos no mundo sensível, avancemos. "Arte", para mim, faz-se em todos os lugares sendo, também, um objecto. Mas para se diferenciar de qualquer objecto (« Se a tanto me ajudar o Engenho e Arte» quer dizer quem nem tudo o que é escrito/conseguido tem de ser artístico) temos de incutir outras noções no próprio conceito. Uma essencial é a de que se trata de um objecto estético, concebido para ser apreciado pelo seu valor intrínseco(seja qual for o valor, mas essa relatividade não se aplica ao objecto, isto é, já não se pode dizer: seja qual for o objecto). Pelas suas características especiais, tende-se a afastá-lo do que nos é quotidianamente próximo, em Museus, Igrejas, Centros de Cultura, espaços priviligeados em geral. Assim, esta Arte aliada à Estética terá de dizer igualmente respeito ao "belo"... e é aqui que "a porca torce o rabo", pois não encaixo aqui a Economia(nem outras actividades do Ser Humano). É esta a minha noção de Arte. Talvez por isso dificilmente aceite neste conceito muitas actividades, mesmo que contemporaneamente preciosas... mas sem (o meu) valor de Belo, Bom ou Estético.
Espero ter respondido ao exigente e motivador desafio!
TAM
"Penso que é redutor resumirmos a evolução histórica a uma mera evolução das relações de produção."... escreveste tu e muito gostei! Claro está que Karl Marx, e outros, será interessante de analisar e ter em conta para a análise correcta(coisa que ele não fez, mas podemos basear-nos, também, nele para o tentar fazer) do processo histórico. Todavia, foi muito débil o seu contributo: reduzir o processo ao choque entre dominantes e dominados é altamente(e sublinho) redutor! Para além do que, os próprios conceitos de Classe, não se aplicam a toda a História, somente a partir do período em que viveu até ao século XX... o que per si inviabiliza a sua correcção analítica. Com uma linguagem que ele decerto gostaria (de Econometria): ficou-se por Equações do 1º e 2º grau quando, essas, são para principiantes como eu. O interessante é quando as incógnitas ascendem às dezenas...e Marx não foi capaz de atingir esta complexidade necessária à fide-digna análise do Processo Histórico(que apresentou totalmente incompleto, apesar do aspecto de cientificidade que lhe imprimiu).
Considero ainda que a partir dele se dá bastante valor à Economia(os seus cegos discípulos até darão demasiado) e que, só por algo/alguém ser hoje muitíssimo importante, não adquire o estatuto de "Arte", nem das Belas nem das Feias.
Grande Abraço, TAM
Percebo-te melhor assim, caro Tiago! Parece-me uma boa ideia de arte essa que tens. Para mim, há os artistas e o aprendizes de artistas. Os que já são artistas, tudo o que fazem é para mim arte. Porque os verdadeiros artistas, põem tudo o que são em tudo o que fazem, como sugeriu o grande Pessoa. Um abraço agradecido por esta explicação que fazes, plena de arte. Mais que ser comentário, o que escreveste merecia ser postal, para não ficar esquecido nas brumas do tempo.
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