quarta-feira, fevereiro 28, 2007

apontamentos sobre o conservadorismo - II

O termo prescription em Edmund Burke, assume uma importância grande no seu pensamento. A prescription pode ser traduzida como a adesão a esquemas políticos e governamentais que são legitimados e consagrados pelo tempo. É essencial perceber que uma instituição com provas dadas ao longo do tempo, e que se manteve com uma aceitação alargada por aqueles que dela disfrutam, deve continuar. Para esta continuidade acontecer, é preciso que se façam ligeiras reformas, e nunca revoluções destruidoras destas instituições. Num país com tradição constitucional, as mudanças deverão ser feitas de acordo com a constituição. Um monárquico dos dias de hoje, em Portugal, nunca seria considerado um verdadeiro conservador. Aos olhos de Burke, a destruição da tradição republicana que já existe no nosso país seria um lamentável início de um novo ciclo prescritivo. Tal como em 1910 o conservador nunca poderia ser republicano, hoje ele não pode ser monárquico e ser entendido como tal. O conservadorismo não é, por isso - e aproveitando as palavras de Michael Oakeshott, outro grande pensador do conservadorismo -, uma crença ou uma doutrina, mas sim uma disposição. Ser conservador é ser o travão de uma carroça, que não a pára mas fá-la andar mais devagar, e também com passos mais certos e prudentes. Como a carroça anda, o conservadorismo também vai andando. A doutrina é fixa, as crenças mudam pouco; já o conservadorismo é uma disposição prudente de estar na vida.

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