terça-feira, fevereiro 13, 2007

a vitória dos agentes infiltrados

Os agentes infiltrados do "sim" na campanha do "Não Obrigada", nem sequer disfarçaram os sorrisos de vitória quando se soube da sua derrota. Por cá, festeja-se a maturidade democrática do povo que participou no referendo mais que nos outros que já se fizeram. Lá fora, os jornais destacam que o referendo teve uma abstenção superior a metade dos eleitores, portanto, uma participação fraca. Quem vai às duas fontes, fica sem saber qual a água que deve beber. E entretanto, há quem pense em fazer uma lei que torne o voto obrigatório. Mas não será concerteza em nome da liberdade...

4 comentários:

Sandokan disse...

Caro Nuno, que mudança propões? Eu não defendo que a liberdade tenha de ser o maior dos valores. Só é preciso é clarificar que a obrigatoriedade do voto não poderá ser feita em nome da liberdade, como muita coisa o foi depois do 25/4, sem o ser. Cumprimentos

Tiago disse...

Meus Caros:
O meu Prazer por tê-los aqui aos dois, como sabem, é enorme. Mas convém termos Bom-Senso. Principalmente quando a sensibilidade das questões é tão notória e próxima é natural que o contrário se verifique, todavia, é nestes casos que devemos ter mais juízo.
António, agentes infiltrados sempre houve e haverá, principalmente quando se trata de eleições; o que permite supor que também os havia no movimento do Sim a sorrir por obrigação, só que tu não os viste. Por outro lado, a Liberdade -em Portugal- é um dos valores da Revolução de 25 de Abril(não há que ter o mesquinho desdém de a citar, pois o período de Glória não foi ela que derrubou... havia sido derrubado umas décadas antes) em emulação de outros passados ainda mais livres(de 1822 a 1910). Portanto, realmente, não se compreende esta possível medida que vai contra quem a toma(Socialismo Social contra Liberdade "revolucionária" é no mínimo estranho). Mas neste estilo de governação a Liberdade, apesar de também consider que não é o maior, é bem necessária, ou aproximar-nos-emos ainda mais da tal Ditadura sobre a qual se salta ao ouvirmos falar sobre o "idealismo Soviético".
Caro Nuno, tem de haver quem nos "comande", ou governe.
Digamos que a Anarquia também nunca deu provas de nada de bom...
um Abraço que aos dois Admira, TAM

P.S.- a participação eleitoral foi fraca, mas superior à de anterioridades semelhantes. O caminho faz-se caminhando, não é? Tenhamos calma, então."Quem sabe o que se passa no Convento é quem lá está dentro", e nós bem sabemos que houve um forte apoio ao Sim.
"O seu, a seu dono!"(a esmagadora maioria dos apoiantes do Sim não ia gostar desde provérbio, mas até aposto que neste caso me apoiariam :P).

Sandokan disse...

Tiago, faço uma vénia pelo teu comentário. E não é por estarmos de acordo, embora esteja.
Só não estou é tão certo quanto ao grau liberdade que tivemos entre 1822 e 1910... como sabes, houve sérias e graves interrupções à liberdade durante esse período. A última foi a ditadura do mal compreendido João Franco e o regicídio, sinais nada indicadores de boa liberdade. O que veio a seguir ainda piorou a situação, concordo. Mas penso que o povo português nunca se habituou à verdadeira liberdade, a não ser quando foi à descoberta de Mundos Novos por construir... mas onde isso já vai! E essa liberdade era só para os colonos, já que os que ficaram cá, continuaram na velha lei.

A liberdade deve trazer consigo responsabilidade, de uma forma até de proporcionalidade directa. A abstenção é sempre um bom instrumento de medição da responsabilidade dos portugueses. Responsáveis à força? Isso significaria "livres à força"! E penso que tal coisa não existe.

Um abraço

Sandokan disse...

Caro Nuno, eu acredito que o ser humano é naturalmente conservador. É-o na medida em que precisa de uma esfera de acção própria, onde age em liberdade sem dar contas a niguém. Mas se ficasse por aqui, seria apenas liberal. Mas é mais que isso, tem valores que quer manter, tem um background cultural e histórico que o influencia e o faz viver em sociedade, dando-se melhor com pessoas que têm o mesmo padrão de cultura. É por isso conservador. Averso à mudança no sentido que sabe gozar daquilo que tem, e por isso só muda se a tal for obrigado. É como ter uma porta com uma maçaneta que chia. O conservador já se habituou ao barulho chiante que a maçaneta faz quando gira. Mais, até gosta daquele barulho, aprendeu a apreciá-lo. Só vai substituir a maçaneta da porta quando ela definitivamente deixar de funcionar. Peço-te desculpa pelo exemplo (que não é meu) pois pode parecer quase ridículo. Mas se repararmos, até pode fazer sentido e encontramos várias "maçanetas" na nossa vida. A imagem que tens do português parado no tempo, pode ser explicada assim. Quando estivermos habituados à liberdade, o português comum será defensor da liberdade. Enquanto isso, ele vai olhá-la com desconfiança e com pouco interesse.

Um abraço e obrigado pelo bom comentário