domingo, dezembro 31, 2006

Ano Novo

Votos de um óptimo Ano Novo!
Divirtam-se na passagem de ano, deixem 2006 com a Honra com que o viveram e entrem em pleno em 2007.

Um ano mais velho, TAM

terça-feira, dezembro 26, 2006

o Sagrado, em tom Profano

Espiritual, mas em tom profano, é das melhores mensagens que um Poeta nos podia transmitir em época tão Sagrada. Deixo-vos com Alexandre:

Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O’Neill

sábado, dezembro 23, 2006

Tratamos mal as nossas Forças Armadas

Porque é que a comunicação social só foca o Iraque? Portugal tem lá tropas, mas também as tem no Afeganistão e no Líbano, onde se joga paradas mais altas. Também temos tropas na Bósnia, no Kosovo, no Sahara Ocidental e no Congo. Já nos esquecemos deles. E de Timor, alguém ainda se lembra de Timor? Também estamos lá... Não percebo como é que a comunicação social só dá atenção ao Iraque. E não percebo como é que tratamos tão mal as nossas forças armadas. Qualquer país vibraria com o desempenho das suas tropas em qualquer ponto do Mundo.
AVC

Estamos preocupados com as coisas certas?

Estamos a chegar ao fim de 2006 e sabemos que, só neste ano, morreram mais de 4.000 tropas da NATO no Afeganistão. Enquanto isso, estamos mais preocupados em denegrir a acção americana no Iraque, onde "apenas" morreram 3.000 soldados desde o início da guerra, isto é, nos últimos 3 anos. Não prestarmos atenção às nossas tropas da NATO que desempenham uma missão que, a correr mal, pode pôr em causa a sua própria existência. Nas montanhas do Afeganistão está muita coisa em jogo. Em vez disso, distraímo-nos com o Iraque, que influencia muito menos o nosso futuro.
AVC

Mullah Osmani capturado

Ontem nós, NATO, eliminámos o Mullah Osmani num bombardeamento aéreo sobre a viatura, onde o general Taliban seguia com mais dois guerrilheiros que também morreram. É um avanço importante no processo de conquista do Afeganistão, mas não nos devemos iludir que os Talibans serão rápidos em arranjar um substituto. Em todo o caso, é um momento bom para os aliados procurarem agir na confusão em que estarão os comandos Taliban. O problema é que eles se escondem nas montanhas, onde combatem a 4000 metros de altitude com a perícia adquirida pelo hábito, coisa que as nossas tropas ainda não têm.
AVC

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Sobre os impérios...

Não conheço um império que não tivesse cedido ao caminho da intolerância e dos abusos de poder sobre as realidades culturais, vontades locais e liberdades individuais. Os impérios, são bons? Há maneira de um império não descambar para uma opressão da liberdade individual? E de não acabar, mais tarde ou mais cedo, numa guerra?
AVC

o nascimento do Menino

Daqui para todo o Fidelíssimo Império Português, votos de um Santo Natal.

TAM

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Com Argúcia:

Ah e tal, os Diplomatas não servem para muita coisa. O que fazem, algumas vezes tarde de mais, também podia ser feito pelos Governos dos respectivos Estados em negociações.
Esta é uma ideia vulgarmente difundida pelos denominados "homens de acção", da Política ou das Forças Armadas, da qual não sou partidário. Porque não sou dela partidário nem partidarizado.
Digamos que a minha consideração pela Diplomacia é elevada; esta Nobre Arte que de há séculos aos nossos dias tanto dá que falar e tantos conflitos tem evitado... surgiu no século XVI, no contexto das querelas entre Cidades-Estados no espaço italiano(longe de estar unificado) e, na mesma época, com as lutas entre partidários do Papa e do Imperador(Carlos V e Habsburgos seus descendentes directos). Já é uma Senhora! Respeito!

TAM

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Estado de Sítio, Nação Valente

Tenho notado, de há uns tempos a esta data, um elevar exponencial da credibilidade da Causa Real. Deve-se, principalmente, a uma nova antiga imagem que tem sido correcta e fielmente transmitida ao Público em geral que, agora, além de receptivo está mais informado sobre a Causa e, até, sobre a sua ainda existência(e, se o não estava, é por clara incompetência das instituições que, fielmente, a poderiam difundir e dignificar). A imagem mudou, em relação ao carácter despótico e distante que durante séculos se atribuiu e difundiu, erradamente, à figura do Rei, associada à imagem parasitária subjacente à Família Real e determinados Nobres da Corte. Seguiu-se um período, contemporâneo, de quase total apagamento da Causa... os parasitas talvez existissem/existem mesmo e ninguém, dos que estão prontos para ir para o campo, para trabalhar, tinha paciência para os ouvir ou ver, a desfilar(refiro-me já a alguns Monárquicos, normalmente próximos das instituições, todavia, igualmente afastados e desfasados, papagaios e de espírito e intelecto algo desaproveitados). Surge, muito recentemente, porém, como todas a evoluções, permitida por factores diversos e que foram difundidos ao longos dos últimos decénios e garças a alguns, poucos, Monárquicos, uma abertura notável: de ambos os lados, dos indivíduos anteriormente embaciados pelo fantasma do salazarismo, cujo conservadorismo se confundiu, por vezes, com a Monarquia; aos descontentes da Causa e, finalmente, aos Monárquicos com responsabilidades sérias e aproveitáveis para um aproximar de ideias, que não são mais(e tanto que são!) do que a exaltação da Língua, da História e, em suma, da Nação.
Entrevistas a jornais e revistas de grande tiragem, nacionais e internacionais; crónicas; livros e sessões de informação ao grande público(nomeadamente a posição tomada, e bem, na minha perspectiva, em relação ao referendo próximo ao Aborto) têm desmistificado a verdadeira nobreza, a Ordem e os grupos que a têm em ideias, inato e de carácter, não obstante das naturais diferenças internas em detalhes(interessantes mas irrelevantes ao grande e desejado Público).
Na Época Contemporânea, excepto em períodos críticos e muito curtos, nunca percepcionei um inverno tão quente e exaltante: Obras iminentemente científicas, Discursos Patrióticos, jantares, homenagens... tudo tem sido falado, ouvido e difundido. Respeitado e Credibilizado. Assim, e apesar do apoio(que abrindo caminho a, no entanto, nem de perto nem de longe partidário de)involuntário concedido pelo actual estado das coisas, do Estado e do mundo, as facções -várias e complexas, tal como provavelmente geradoras de ambientes constrangedores- monárquicas devem cooperar, juntar-se, para bem deles e de todos nós.
O que não faltou ao Portugal republicano foram Monárquicos de valor, agora que se vislumbra um ambiente favorável ao sistema político superior, espero que não haja -somente e à cabeça da manada- Monárquicos de vícios, ao pior estilo liberal.

TAM

terça-feira, novembro 28, 2006

Questão

Será que a lei do financiamento dos partidos é um atentado ao aparecimento de movimentos livres de cidadãos?
AVC

domingo, novembro 19, 2006

Emergência histórica

Estamos já no tempo do outsourcing. O outsourcing é a atitude que as grandes e médias empresas mundiais (e daqui a pouco, também as pequenas e as micro-empresas) têm ao despachar trabalhos de rotina para países de mão-de-obra barata e relativa formação profissional. Tudo o que possa ser assegurado à distância, pode ser vítima (no bom sentido) de outsourcing. Call-centers, tapetes de Arraiolos, serviços de contabilidade, burocracias, peças jornalísticas, tudo pode ser feito à distância, pela internet, video-conferência ou telefone. É uma atitude que cresce em volume e importância a olhos vistos, e é a China e a Índia que mandam nesta tendência como países que têm melhores condições para assegurar esses serviços. Os Estados Unidos e a Europa vão perdendo rapidamente serviços, e por isso empregos, que tratavam destes assuntos. Mas não têm de ter medo. Continuarão à frente do Mundo rico e poderoso se apostarem nas relações humanas. Confiando o trabalho enfadonho (mas necessário) a países com condições mais baratas, há que apostar nas relações humanas e na criatividade.
Ora, conhecem povo mais habilidoso nas relações humanas do que nós, portugueses e mediterrânicos? Haverá povo que se equipare a nós em hospitalidade? Não somos também um povo de alta tendência para a boa criatividade? Os poetas e escritores são criativos. Não nos queixamos que somos um país de poetas e escritores? Agora, bem nos podemos orgulhar. Estamos vários pontos à frente dos Estados Unidos e do resto da Europa, no que diz respeito às relações humanas. Somos um povo caloroso e naturalmente simpático e hospitaleiro. Para além disso somos criativos e temos uma Natureza propícia ao Turismo que não podemos mais estragar. Qual é o ponto do título deste post? É que, já que estamos em vantagem, usemos esse valor acrescentado que temos para nos valorizarmos. Apostemos nas relações humanas e na nossa criatividade!
AVC

Ainda Europa

Se se quer uma Europa que dê cartas no Mundo, faz sentido pensar numa outra proposta que não seja a de uns "Estados Unidos da Europa"?
AVC

quinta-feira, novembro 16, 2006

europeu

Desde quando existe «Europa», e com que significado?

TAM

quinta-feira, novembro 09, 2006

Uma questão pragmática

Quando é que nos vamos deixar de fantasias e preconceitos de "esquerdas" e "direitas" e passamos a adoptar as políticas que nos interessam para andar para a frente? Dá-me ideia que não andamos mais para a frente por estarmos tão presos a estas grilhetas que nos sufocam!
AVC

quarta-feira, novembro 01, 2006

Portugal, o que vale a pena!

Passo a transcrever um e-mail que recebi recentemente.
Para TODOS (e sublinho o TODOS) os efeitos, bem ou mal escrito, verdadeiro ou falseado, escrito ou não por aquele a quem o atribuem, deixa-nos a pensar, que mais não seja, se andamos atentos e valorizamos os pontos certos..

Cumprimentos
JGMP



"VAMOS LÁ A LEVANTAR A BANDEIRA DO ORGULHO NACIONAL, QUE JÁ CHEGA DE OLHAR SÓ PARA BAIXO

Portugal vale a pena

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia. Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.
Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus. Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados. E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais. E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática. Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que "bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis.
E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive -
Portugal.

Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação.
Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo. E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).

É este o País em que também vivemos.

É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc.

Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.

Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.

Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados,porque não hão-de os bons serem também seguidos?


Nicolau santos, Director - adjunto do Jornal Expresso

In Revista Exportar"

terça-feira, outubro 31, 2006

Os grandes Portugueses

Pelo outro lado, ainda bem que Salazar não figura na lista dos candidatos. Seria uma ironia do destino o seu nome ser... votado!
AVC

segunda-feira, outubro 30, 2006

estes Grandes Portugueses

Surgiu entretanto, e apesar de ser herança de um formato televisivo britânico, um programa que pode assumir um carácter muito interessante para análise futura. Dos Portugueses contemporâneos e da sua análise dos mesmos e dos que viveram em Épocas passadas. Será certamente curioso ler a lista das cem Personalidades mais nomeadas, nesta primeira fase, e antes de se conhecer o Podium.
Refiro-me, evidentemente, ao Os Grandes Portugueses, da RTP1.
Levantou, como todos os que podem ser mais culturais do que a média, polémica disparatada e tão insensata quanto reveladora. Quanto à presença, ou falta dela, do Senhor Salazar na lista de sugestões, só posso dizer: não é grave, porém, é grave que venham meninas bloquistas/soaristas dizer que, caso tal Personalidade tenha votação suficiente para figurar entre as figuras cimeiras(que no caso significa tão somente as mais Populares), é uma vergonha para Portugal, significa o esquecimento do passado estado-novense e a ignorância adolescente.
Ora punhamos os pontos nos i's, caso não se pudesse votar no Senhor, independentemente de ser a favor ou contra, só significaria uma terrível imaturidade Democrática. E caso apareça num lugar lisonjeiro, trata-se da opinião de Portugueses suficientes para o colocar em hipotético patamar.
A mim, sinceramente, admirar-me-ia mais ver no topo da lista o Senhor Sócrates, ou qualquer outro, que por Portugal têm feito muito pouco.

Vamos ver qual será a avaliação atribuída aos nossos senhores(isto é, os nossos Ilustres Monarcas, claro está).
TAM

quinta-feira, setembro 21, 2006

Convidado Especial continua:

Idade Média, uma idade das trevas…porquê? - parte II

É com um enorme prazer que intervenho novamente neste blog, agora para complementar o artigo anterior de combate ao preconceito de que o período medieval é alvo. No passado artigo limitei-me a tocar, além da origem do preconceito, em apenas algumas dimensões que marcam o período em questão (poder régio, estados, sociedade e guerra). Desta feita irei referir-me a outros medievos assuntos (religião - cristianismo e economia), igualmente descorados e mal interpretados quanto ao seu valor pelos detractores desta época.
Decretada a religião oficial do Império Romano por Teodósio em 380, o cristianismo viria a ser seguido pelos povos bárbaros invasores (até aí pagãos ou arianos), cujos reis perceberam as vantagens da sua conversão imediata à fé de Cristo, criando-se então as condições para que esta religião se enraizasse de vez no Ocidente e se tornasse na forte matriz cultural que hoje conhecemos (além de ser ainda a religião mais seguida neste espaço). Rico na doutrina, o cristianismo principiou a Idade Média à luz das reflexões de Padres da Igreja como Sto. Agostinho, autor da obra “Cidade de Deus”, cuja visão teológica passava pela existência de uma “cidade” (mundo perfeito) do bem para a qual todos deviam contribuir, raciocínio este que subjaz a quase todo o pensamento medieval (sobretudo o da Igreja que pautava tudo o resto). Com forças para resistir ao poder temporal, a Igreja reestrutura-se pela Reforma Gregoriana, separando o “mundo secular” do “mundo religioso. No séc. XIII surgem pois as ordens mendicantes, exaltando novos valores (ainda hoje enaltecidos): a pobreza, a vida apostólica e o dever da assistência. Também na Idade Média existiram inovações e aperfeiçoamentos nos sacramentos e hábitos religiosos: surge a confissão privada e auricular (como hoje a conhecemos) bem como o hábito da peregrinação, valorizando-se a pregação e a oração. Apesar de a Igreja ser constantemente acusada de intolerante para com os membros de outras religiões, saiba-se que na época medieval a vida de “não-cristãos” em reinos da Cristandade devia ser respeitada pelo principio canónico do “apartamento”, que desaparece pois na alvorada da época moderna, dando lugar a enormes perseguições a muçulmanos e a judeus.
A economia medieval é actualmente bastante menosprezada, caluniada de estagnada quando não de inexistente. De maior ou menor pujança, a economia variava consoante as épocas e as regiões, o que é certo é que o mundo medieval foi pleno de produção e de trocas comerciais. De uma economia essencialmente agrária (cujas inovações permitiram o “boom” do séc. XII), o ocidente garantia a partir dos campos a sustentabilidade das cidades onde as indústrias transformadoras se iam “refinando”, bem como as variadas oficinas de artífices. Pela rota do Levante chegavam as preciosidades do oriente com destino a importantes zonas comerciais (como a Flandres) onde mercadores ricos emergentes (burgueses) esperavam lucrar com as vendas destes produtos, fazendo desenvolver a actividade bancária e com esta novas formas de transacção (como o cheque ou a letra de câmbio).
Espero com a “postagem” deste artigo ter conseguido ajudar a desmontar os preconceitos existentes acerca deste período. Para não tornar fastidiosa a leitura dos meus artigos voltarei em breve para a conclusão da temática medieval.


por António Costa

quarta-feira, julho 19, 2006

"O Sonho Comanda a Vida"

O seguinte post é um excerto de uma dedicatória que fiz a uma Amiga quando ela terminou o Curso. O Sonho... aquela "constante da Vida tão concreta e definida", habita, com certeza, a Alma dos Amáveis leitores e "contribuintes" do Curtas e Rápidas. Daí a pertinência da publicação deste post, que a ter alguma virtude é o facto de ser Original e oferecido com o Maior Prazer! =)

(...)Se, na realidade, como diz o António Gedeão, há quem não saiba que o Sonho Comanda a Vida; quem nunca tenha sentido no Fundo da Alma aquela Luz de Esperança e Força que nos ajuda, mesmo quando tudo parece não fazer sentido, a seguir em direcção ao Horizonte... aquele Horizonte que se afasta a cada passo que damos na sua direcção... se, realmente, há alguém que não Sonha... então lamento por terem de "viver" ! (...)

Gundisalvus

sábado, julho 15, 2006

Medievalidades

Está a decorrer na vila de Óbidos, até Domingo 23 de Julho, o Mercado Medieval. Para além das especificidades da vila, que desde logo nos remetem para tempos idos, a Feira retrata na perfeição a vida social na Idade Média.
O difícil é lembrarmo-nos que somos Homens do nosso Tempo, isto é, que estamos no século XXI e que aquela sociedade acaba quando saimos das muralhas do castelo. Mas até à saída, a ilusão é real.

Para mais informações:
http://www.cm-obidos.pt/AgendaCultural/

Fica feita a sugestão de visita, TAM

quarta-feira, julho 12, 2006

Conseguem ouvir...?

Caros leitores e "contribuintes" do Curtas e Rápidas, é com o Maior Prazer e Emoção que inauguro a minha participação neste Fantástico blog de Opinião e Cultura. Um Obrigado Especial ao meu Grande Amigo Tiago e um Grande Abraço para o Sandokan que me deu esta Imensa Honra. Obrigado!

Pois bem, pensei muito bem (demasiado bem, acha o Tiago) no tema do meu primeiro post. Cheguei então à conclusão que é necessário prestar um tributo ao Melhor Amigo das Ideias Iluminadas! =) É que...

Há quem não o conheça, porque
não tem Tempo para o ouvir;
Há quem não precise dele, porque
não têm nada em que Pensar;
Há quem o evite, porque
ele consegue mostrar com Clareza os Monstros que habitam a Alma!
Porém,
Há quem, como eu, recorra a ele, porque
ele tem uma Máquina do Tempo;
Há quem se inspire nele, porque
ele tem uma caixinha cheia de Ideias e pó de pirlimpimpim;
Há quem se sinta Louco e Perdido sem... O Doce e Amável SILÊNCIO!

Gundisalvus

terça-feira, julho 11, 2006

Actos e Futebol

É comum ouvir-se que as atitudes e comportamentos são indicadores credíveis de onde vimos(mas não para onde vamos) e que, individual como colectivamente, o que se verifica são formas de estar e agir que são intrínsecas a uma Civilização, ou aos vários grupos sociais e étnicos que a compõem. Assim sendo, somos um Povo Empolgante e com Carisma. Os Franceses são iminentemente arrogantes e com uma consciência moral diminuída e os Italianos o Povo mais civilizado, educado, simpático e correcto do Mundo.
Será assim? Se no Desporto nos demonstramos, os Italianos demonstraram-se muito bem... até eu vi um jogo de futebol integral.
Felicitações à Selecção Italiana e, já agora, à nossa também.
TAM

sexta-feira, julho 07, 2006

Convidado Especial fala sobre: a Idade Média

Idade Média, uma idade das trevas…porquê? -parte I

O período medieval é ainda (lamentavelmente) encarado como um tempo estagnado, de trevas, de escuridão, de destruição e guerras, de superstição, de perseguição, de ausência de progresso (ou mesmo de retrocesso em relação ao período antigo), sem arte nem cultura.
Este “preconceito” já reporta à modernidade, para os renascentistas a “Idade Média” teria sido uma interrupção no progresso humano, inaugurado pelos gregos e romanos e retomado pelos homens do século XVI. Com o iluminismo o estigma mantém-se, a filosofia da época guiada pela luz da razão tinha nos seus filósofos firmes opositores aos privilégios sociais e também contrários ao peso da Igreja na sociedade e na política.
Começa então a Idade Média com a queda do Império Romano do Ocidente (século V) e consequente formação dos reinos bárbaros saídos das invasões. Corte abrupto civilizacional? Nem por isso, e escutemos Lucien Febvre: “Fracasso, o Império Romano? Politicamente, talvez, mas não sabemos nós que é preciso não confundir os destinos de um Estado com os da civilização que ele propaga.” Entre esses elementos está o cristianismo, que permanece como fonte estruturante nos novos reinos. A Cristandade Ocidental é, pois, um sistema simultaneamente religioso e político, um cruzamento de esferas de intervenção do poder temporal dos príncipes com o poder espiritual da Igreja.
Será pois o cristianismo a pautar todas as dimensões da vida medieval no Ocidente. Comecemos pelo poder político. Os reis medievais, ao contrário do que se pensa, não podiam ser déspotas que exercessem o poder por capricho. O poder régio tinha de obedecer a parâmetros fixados pela doutrina religiosa: o rei só o poderá ser caso governe para o bem comum (tentar criar a “Cidade de Deus” na Terra), louvando os bons e castigando os maus, impondo a ordem, defendendo as fronteiras e respeitando a Santa Igreja de Cristo. Após época em que o poder efectivo esteve nas mãos dos senhores (época feudal - séculos IX a XI) será o tempo de fortalecimento do “Rex”. A criação e/ou aperfeiçoamento de várias instituições (tribunais régios, corte itinerante, fiscalidade, etc.) juntamente com uma propaganda centrada na sua figura (sagração, unção, o fenómeno taumaturgo) permitiram um fortalecimento eficaz da autoridade régia, sendo que só com este robustecimento do poder central (e consciencialização da sua necessidade) se conseguiu o atingir dos estados-nações (séculos XIV-XV). Não são vários os actuais estados europeus com sua origem na Idade Média?
No que toca à sociedade, é comum hoje acusar-se a sociedade desigual, injusta, “anti-democrática” e exploradora! Perfeitamente ridículo, há que ter em conta que não se tratava de classes, mas de ordens que formavam a sociedade medieval, em que cada uma tinha uma função especial (oratores – rezar pela humanidade; bellatores – combater pela defesa de todos; laboratores – trabalhar para o sustento geral), essencial para o equilíbrio e harmonia do funcionamento do “mundo” sempre em consonância com os “desígnios divinos”.
A guerra é actualmente das situações mais propagandeadas para denegrir a Idade Média. Contudo, o acto bélico para ser feito licitamente teria de obedecer a vários parâmetros canónicos, só se podia partir para uso da violência se hipotética causa de guerra for “justa” (jus ad bellum) e deverá ser conduzida e praticada com vários preceitos subjacentes (jus in bellum). Foi também na Idade Média que se disciplinou o comportamento guerreiro pela cristianização da cavalaria (“miles Christi”), pela instituição da Paz de Deus (proibia a profanação de locais de culto religioso e o ataque a não combatentes)e das Tréguas de Deus(proibia o uso da violência em vários períodos litúrgicos)
.
Porque sou “aspirante” a historiador e sei que o meu papel é tentar compreender e não julgar o passado, e porque a Idade Média (como qualquer época) deve ser vista com os olhos dela própria e não com os daqueles que viveram noutro momento, sinto pois, que não posso deixar passar em claro este estigma e calúnia actualmente despropositada para com tão importante período.
António Costa
[Este artigo é da autoria de António M. Costa -Toninho-, assíduo leitor do Blog, analista imparcial e Historiador, que nos honra com a sua participação neste espaço. A sua participação divide-se em duas partes e tem por base a análise, à luz da Ciência Histórica, do Período Medieval, essencialmente para iluminar raciocínios. Ao prezado Toninho muito agradeço e sublinho a importância do texto redigido.]

sexta-feira, junho 30, 2006

Eu digo A, tu dizes B. Então eu sou 1 e tu és 2!

O Nascimento, como a Linguagem, segue códigos rígidos(através da educação) que nos aproxima, desde logo, dos que nos estão social e culturalmente mais próximos e podem, hipoteticamente, vir a ser os nossos braços-direitos. Mas isto, analisado com dedicação -é uma temática que aprecio especialmente- é muito complexo e pode ser consideravelmente nefasto. E exponho-vos a minha reflexão: nascemos no seio de uma Família que, naturalmente, tem Amigos com quem se relaciona intimamente e com quem partilha códigos: de gosto, de estar, de ser, de pensar, de querer. Contudo, e supondo que os Amigos tenham descendentes de idades próximas, a nossa relação -embora de infância- pode não ser a mais querida e fraterna, pois tal como podemos ambos seguir as regras e atitudes de nossos Pais(e portanto seremos também nós parecidos) pode ser somente um de nós a segui-las, ou sermos ambos terrivelmente diferentes: entre nós e dos nossos Pais. Assim, esta Relação de infância pode não ser de Amizade, ou sê-lo-á na medida em que nos respeitamos e cumprimentamos com uma atitude familiar. Porém, passionalmente, os Amigos são os que escolhemos e não os que, de alguma forma, apareceram no nosso caminho, sem que tenhamos desejado que nele continuassem e que para ele contribuíssem activamente, ou nos foram subtilmente impostos.
Também na Linguagem, que é muito mais que a Língua(a Língua que cada um transporta enquanto identificadora com um colectivo mais vasto, uma Nação, é também importante), os códigos podem ser facilitadores de aproximações, na medida em que os estratos sociais comunicam efectivamente com discursos semelhantes e estes possibilitam que as trocas e a aceitação seja mútua, criando um ambiente de pertença que é agradável ao Ser Humano enquanto ser social que parece ser. No entanto, os diferentes códigos, regras e termos linguísticos afastam, não raras vezes, indivíduos que se estimam e nutrem sentimentos recíprocos de fraternidade manifestados naturalmente no decorrer do processo de socialização(que já se pode desenvolver com elementos de outros estratos). E outros há, que embora se detestem, levam a cabo uma tentativa frustrada de manutenção das aparências: ou porque ambos dizem X, ou porque são N.
Nestes casos, a Linguagem e o Nascimento podem ser perversos, afastando, à priori, pessoas que naturalmente tendem a manifestar comportamentos e raciocínios numa linha próxima, sendo que a linha ténue que os separa é de clara organização social, criada pelo Homem, e de cariz divisionista.
Portanto, se o código linguístico, ou o Sangue, superficialmente, nos identifica com A ou com B, este não é o mais relevante para a Natureza Humana. Pois ela tende a aproximar indivíduos sem consultar imposições sociais ou vontades de outrém e cria, normalmente, entre amigos como entre comunicadores, ligações que são infinitamente superiores às separações que qualquer regra parece separar, numa primeira análise.
Assim sendo, é a Nobilitas Literaria e a linguagem da Verdade, do despojado de interesse ou obrigação, que move as sociedades humanas.
Quero lá saber se diz vermelho ou encarnado: como é Pai quem se preocupa, é Amigo quem nos Ama(e nós Amamos)... Nem tão pouco interessa a "azulidade"(que já nem sequer é a Tradicional, agora é atribuída pelas revistas cremes/acastanhadas) de Sangue: é mais Nobre o Coração Azul.

...na actualidade verifica-se e defende-se o contrário, mas vivemos numa sociedade sem Valores, portanto é melhor não ser norma!
TAM

quinta-feira, junho 29, 2006

os anti-Cristo

Discute-se, na actualidade, as implicações da poluição ambiental, da sonora, da energia nuclear, do aquecimento global, das políticas a curto prazo, das lixeiras a céu aberto, dos esgotos destapados, dos rios poluídos, das escolas com menos de 20 alunos, da falta de civismo nas estradas, da democracia viciada, das mudanças climáticas... e muito bem! São assuntos da maior importância e que devem ser discutidos e esclarecidos, seja para desalarmar posições, seja para alertar consciências. Todavia, e analisando áreas de construção institucional política e economicamente mais específicas, fiquei realmente preocupado.
Na construção destas organizações internacionais, nomeadamente da União Europeia, com toda a História que a antecede -desde a fundação da CECA, com o Tratado de Paris-, o Homem tem-se tornado, simultaneamente, o centro e a periferia da sua construção. Isto porque, na minha análise, retomaram-se os valores Humanistas Antropocêntricos e Iluministas Tolerantes, porém, afastaram -proprositadamente afastaram e denegriram- os Valores Cristãos (Católicos, na maioria dos Estados-membros, mas refiro-me aos da Cristandade em toda a sua generalidade), estes que tinham sido a matriz de toda e qualquer Civilização, ou de qualquer outra nomeação que se queira atribuir, Ocidental. Assim sendo, os Valores positivos, grosso modo, que "surgiram" no Iluminismo com espaço cultural em França foram laicizados, mas já existiam: tinham origem na Bíblia e nos Valores Cristãos.
Como se pode, então, numa Europa que se pretende aberta e construtiva, cândida e tolerante, coesa e com valores, afastar arrogantemente os Valores que, indubitavelmente, foram a base para o entendimentos dos Povos europeus e organização dos seus Estados?
Sinceramente, não percebo! E com isto não defendo que a União Europeia devesse inscrever na sua hipotética Constituição uma Religião Oficial, pois defendo a Liberdade Religiosa, consagrada generalizadamente com a promulgação da Lei de Separação da Igreja e do Estado, no entanto, considero que qualquer acção de boa-vontade deve ter por base a sua História, com todo o seu peso, para poder desejar o seu futuro. Ou melhor, ter um futuro.
Deste modo, o Homem, para a felicidade do qual tudo se direccionou, acabou por dificultar o seu caminho: colocou curvas onde a estrada era recta e acabou por se encruzilhar, num labirinto só miraculosamente ultrapassável. Com o desejo de Tolerância, aplicou a Ditadura aos Valores que o tinham orientado tornado-se, tristemente contudo com culpa própria, na periferia humana que tinha tudo para ter sido o centro do... nosso mundo. Não é, pois, de admirar, que a Constituição Europeia, especificamente, tenha pré-destruído todo um desejo que desde Victor Hugo habitava nos corações do Homem(uma unidade entre as europas, na Europa) e, em geral, o Homem tenha perdido os seus valores de Bem, Amor, Respeito, entre muitos outros, que na época Escura abundavam nos corações.
Sem História e sem Valores, tal como sem um Pai e uma Mãe, poucos desejos ascenderão ao Olimpo Consagrado!
TAM

quarta-feira, junho 21, 2006

No primeiro Dia de Verão

«Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...

Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?

Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...»

Alberto Caeiro, XXII-Num Dia de Verão

Chegou o Verão. Que o seu calor se manifeste na nossa atitude, na medida em que os raios de sol que nos oferece devem ser proporcionais ao sorriso com que presenteamos os outros(cândido e generoso).
TAM

domingo, junho 11, 2006

10 de Junho(com Reis), em Constância

Ontem, dia 10 de Junho, passei o meu dia na belíssima zona ribatejana de Constância onde vislumbrei, com ignorância minha, um "arraial popular", inclusivé com reconstituição histórica de Ordens, motivado e acolhedor. Pensei tratar-se de mais uma Celebração dos Santos Populares, dos quais sou devoto, no entanto, tanta boa-vontade era só(e tanto que é!) para comemorar o dia 10 de Junho, dia este em que, corria o ano de 1580, morreu o poeta Luiz.
Em Contância, o Orgulho que sentem pelo facto de Luiz de Camões ter escolhido aquele lugar para sua casa transborda a olhos vistos e, numa época em que o sentimento de Identidade Nacional e Amor à Nação parecem assuntos menores e, portanto, assumindo um papel tão secundário, apraz-me trazer exemplos de valor, contra-corrente, que -com a felicidade acrescida de terem sido por mim vivenciados no Dia de Portugal- assumiram, realmente, um lugar especial no meu livro íntimo de Prazeres e Honras.
É, pois, assim, que o peito ilustre Lusitano/ A quem Neptuno e Marte obedeceram., volta a ser valor mais alto que tudo aquilo que a Musa antiga cantou.

Seguiu-se uma noite musicada fantástica, em Português, num carácter intimista e familiar... honras nenhumas poderia eu ter tido para além de tão adorável convite. Um Agradecimento especial aos meus amores,
TAM

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

«As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
E em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
Entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
-Cantando espalharei por toda a parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.»

Luiz Vaz de Camões, Os Lusíadas

Na sequência do 10 de Junho, deixo aqui a Exaltação maior à Civilização Lusitana, aquela que há muito se libertou da Lei da Morte.

TAM

quarta-feira, junho 07, 2006

Uma ilusão

Nem tudo o que parece, realmente é. Parece que tanto na Política como na Economia e na Comunicação Social, tudo é cada vez mais feito à base de mentiras e dissimulações, pois coisas graves há a esconder do eleitorado, dos consumidores e investidores, e das audiências, respectivamente. O Povo, cada vez mais habituado a ser enganado, vai-se dividindo entre duas possíveis reacções: a indignação que revolta ou a embriaguez que os vendedores de sonhos lhe provocam, anestesiando-o. Estes vendedores de sonhos não formam nem informam, mas deformam aquilo que é a educação das massas (através de políticas e da comunicação social, sendo que o lobby económico está presente em ambos os vectores). Porque o sangue vai sendo renovado, em breve este sistema fraquejará e o feitiço virar-se-á contra os bruxos, pois as gerações vindouras serão fruto desta deformação colectiva que patrocinam.


Para quando o dia D? Para um dia que não haja futebol e as pessoas se lembrem que estão a ser enganadas. Não, não chega. Para além de se lembrarem de tal, têm de ainda ter sangue na guelra, o que sobrar da alimentação destes vampiros...
Devo apenas dizer que não gosto de funcionar com generalizações, é óbvio que ainda há excepções. Mas são poucas e, de momento, insuficientes, daí o grito de alerta. Antes que o sistema caia, vamos cultivarmo-nos e fazer de nós e dos nossos honrosas excepções? Vamos ser dignos, para bem ou para o mal? Levantar o País, e se não der... cair com dignidade mas com forças para o reerguer! Como diz o lema do "Curtas & Rápidas", por Portugal enquanto é tempo!
AVC

terça-feira, junho 06, 2006

Citações

As Citações... tão recorrentes quanto interessantes são, principalmente nos meios académicos e eruditos mais fechados, difíceis de justificar. E, se surge a hipótese de desenvolvermos ideias e noções, não raras vezes chegamos a conclusões que nos remetem, intelectualmente, para outros textos, ideias, noções, etc, com conclusões idênticas no conteúdo áquelas que nós defendemos, escritas por autores/pensadores relativamente reconhecidos. Deste modo, e referindo-me às conclusões que se tiram através de reflexões próprias e não por plágio, como se consegue provar que aquela ideia também "é nossa"? Ou melhor, como provamos que chegámos a ela provavelmente por termos conhecimento das mesmas tendências e influências que os ditos pensadores também tinham? Isto é possível e, até, bastante provável. No entanto, quando utilizamos um fruto da nossa análise, frequentemente somos acusados do tão vulgarizado plágio, pois a conclusão ja existia com outra autoria ou está, de facto, próxima de citações consagradas.
Creio, agora, que depois de bem defendido se conseguirá percepcionar que uma dada ideia é fruto de um raciocínio autónomo, todavia, esse tempo de explicação nem sempre é disponibilizado e passamos diversas vezes por "preguiçosos intelectuais".
Não me choca que alguém, se consultar as obras e vivenciar as mesmas experiências que Karl Marx investigou e viveu, chegue a algumas conclusões a que ele tembém chegou e, de alguma forma, difundiu. E isso, espero, não torna ninguém num imitador e descarado aproveitador do conceito -por exemplo- de capital.

Este texto surgiu no seguimento de uma motivadora cavaqueira, pelo que considero que tem dois autores. Eu e o Gundisalvus, também colega de Blog. Devo confessar que também tinha a ideia que algo que já havia sido concluído por alguém ficava dessa pessoa, mas o meu Amigo Gonçalo muito sensatamente explicou que também nós podemos concluir na mesma linha sem que para isso tenhamos plagiado alguém... contigo só aprendo preciosidades, és REALmente Digno.
TAM

domingo, junho 04, 2006

Uniões há muitas, seu...

A Europa é, desde sempre, uma realidade histórica altamente complexa: todos sabemos que há traços altamente identificadores entre alguns Estados e Nações e reconhecemos, também, que, entre eles, há diferenças significativas. Isto é, os espaços(nações) tendo conseguido ou não atingir a autoridade governativa(Estados) têm especificidades tais que, mesmo tratando-se de um mesmo Estado, é possível vislumbrar diferenças em tradições, línguas e costumes regionais e locais. Outros há, como é o nosso caso, que grosso modo conseguiram fazer corresponder o Estado à Nação. Mesmo assim, e tratando-se do mesmo espaço geográfico - o Velho Continente-, na década de 50 do século XX, alguns países da Europa deram um passo importante e formaram a CECA, que deu, décadas depois, origem à União Europeia, da qual fazemos parte integrante. Este espaço, iminentemente económico, pretendeu desde a sua formação dar passos maiores e atingir a união política, de segurança e social. Contudo, sempre considerei que tais "obreiros" se esqueciam do espaço onde estavam a aplicar as políticas: não somos os Estados Unidos da América, onde a federação de Estados foi facilmente atingível e, até, desejada. A Europa integra Civilizações(com o peso que Fernand Braudel dá ao conceito) seculares, vincadas pelas miscelânea de culturas que nelas se verificaram durante os períodos de Expansão e Impérios e, portanto, são únicas e valiosas, mais-valias culturais quando bem integradas num sistema(até pode ser união) aberto e possibilitador de convivência harmoniosa. Agora esta união que nos tentam a aceitar, iminentemente hierarquizada e sub-valorizadora de alguns, quando menos relevantes no contexto mundial(para os parâmetros duvidosos tomados em consideração), só pode gerar desconfianças, desilusões e conflitos.
Portanto, em última análise, não seria mau se existisse uma política inter-nacional, com o estilo de uma organização internacional, para representar interesses comuns. Porém, uma política segregadora daqueles que, diacronicamente, são mais interessantes, a favor de índices económicos tão terrivelmente vulgares quanto importantes ao funcionamente do motor económico mundial, só pode ser nefasta a qualquer verdadeira tentativa de "Unidade na Diversidade".
Assim sendo, só apetece dizer: se é esta União que nos pretende governar, que futuro risonho poderemos nós, portugueses e europeus em geral, esperar para as nossas Pátrias?
Tendo em conta, como exemplo, a obrigatoriedade de comunicação numa única língua -já nem se aceita a expressão verbal ou escrita na 1ª Língua Cultural Moderna, le Français, quanto mais nas línguas nacionais, que na verdade têm estatuto oficial nas instituições comunitárias- é difícil poder-se esperar tolerância ou valor acrescentado desta União Europeia que, de Diversidade, permite pouco e, de Ditadura, assume muito.

TAM

segunda-feira, maio 29, 2006

O que irá naquela cabeça?

Alberto João Jardim, recorrente nas várias denúncias que faz de situações preconizadas pelos "Senhores de Lisboa", sempre deixou adivinhar um grande cepticismo ou pessimismo face a Lisboa. Deixaram de ser denúncias pontuais para ser uma embirração geral por Lisboa. Ontem, dia 28 de Maio de 2006, o Presidente da Região Autónoma da Madeira, falou assim no encerramento do Congresso do PSD/Madeira:
"Não estou a pensar em independência e muito menos independências tipo Cabo Verde ou Timor. Só por razões muito trágicas é que se iria para a independência. Saber se a Madeira é autosustentável é uma matéria que temos de analisar profundamente porque uma das maneiras de governarmos bem a nossa casa é sabermos com o que contamos."
Com o pessimismo que conhecemos do sujeito face a Lisboa, ficamos ainda mais sem ideia do que serão as "razões muito trágicas" de que fala Jardim. O que irá naquela cabeça?
AVC

sexta-feira, maio 26, 2006

Gundisalvus


Da forma composta do Germânico: Gunthi(combate) e Salwa(salvo), foi latinizado por volta do século VI d.C., tendo tomado -na Alta Idade-Média- a forma aglutinada de Gundisalvus. Resultou, em Português, Gonçalo. Entre as muitas formas arcaicas destacou-se a de Gundisalvo.

É com Prazer e Honra -sou eu que o escrevo mas estou certo que posso falar pelo grupo- que o "Curtas e Rápidas" recebe, fraternalmente, mais um colaborador, uma lufada de ar fresco e garantia de dignidade. De seu nome Gundisalvus, presenteou-nos com a sua amabilidade e prontidão ao aceitar o convite que lhe foi dirigido. É, assim, um privilégio enorme para todos nós, e para mim em especial, poder partilhar este Espaço tão Nobre com tão Nobre Amigo.
E lanço-te desde já, com base nesta imagem que te dedico, uma questão: o que tem este quadro a ver contigo?

Votos de felicidades e muito trabalho, TAM

quinta-feira, maio 25, 2006

Jerusalém: Mito ou Realidade?

A partir de 1187, Jerusalém nunca mais seria reconquista pelos cristãos, no entanto por um breve período de tempo, esta seria devolvida a Frederico II. Frederico II, Imperador do Sacro Império Romano-Germano, excomungado pelo Papa, tenta estabelecer tréguas com os sarracenos. de modo a cair nas boas graças do Papa, facto conseguido por um período de 10 anos, mas mesmo assim o Papa nada fez para o comungar novamente. No entanto Jerusalém não ficaria nas mãos dos cristãos por muito tempo, este conseguiu apenas um pacto entre Al-Kamil, para possibilitar a peregrinção cristã à Terra Santa em segurança. Este é o exemplo que melhor arranjo para descrever o falhanço das cruzadas, mas que demonstra muito bem, por um lado, o desejo pela Terra Santa.
Jerusalém na época das cruzadas
Jerusalém tem uma grande carga simbólica, pois seria o sítio onde Jesus teria ressuscitado, Maomé teria ascendido ao Paraíso, aqui se encontrava o túmulo de Adão e o Templo se Salomão, ou seja, Jerusalém aparece assim como mito paras as três religiões: Muculmanos, Cristãos e Judeus.
E colocamos a questão: Qual das três religiões tem mais direito nesta cidade Santa? Esta pergunta continua a ressoar nos dias de hoje, com a mortandade que se verifica na cidade. Só com respeito mútuo se conseguirá uma paz duradoura e proveitosa para todos. A cidade não pertence a uma só religião, mas a todas. Como cidade Santa deverá simbolizar a paz e o respeito deverá ser a palavra de ordem. Esse ideal nunca alcançado, ainda hoje aguarda a sua realização.
Eu coloco a pergunta: Será que o Reino dos Céus, não está em lugar nenhum, mas na mente e coração dos crentes?
TSM

terça-feira, maio 23, 2006

O Comboio da Vaidade

Na arena, como lhe chama José Pacheco Pereira, estava de um lado ele próprio (JPP) e Ricardo Costa da SIC e, do outro lado, estavam dois homens em queda livre, quase renegados, sendo um da Política - Carrilho - e outro da Comunicação Social - Emídio Rangel. Ambos invadidos de visível rancor por sucessivas derrotas que um e outro foram sofrendo, perderam claramente a calma num debate que só lhes exigia exactamente isso: calma. Pacheco Pereira esteve bem, embora quase arredado do debate de ontem por não querer sujar as mãos. Rangel, parecia comprometido a defender um problema que não era seu. O verdadeiro confronto foi entre Carrilho e Ricardo Costa, que pode bem com a vaidade do primeiro. Vaidade sim, porque achou-se vítima de toda a gente, que o queria afastar da Câmara. A sua derrota esmagadora foi interpretada por ele como um complot contra si próprio, e não como o reconhecimento de que Carmona foi escolhido por ser o melhor candidato para Lisboa. É assim que o jogo democrático funciona, e Carrilho falhou redondamente. É mau para um político mostrar ressentimento contra os eleitores e tentar mostrar como todos são burros por cairem na esparrela de alegadas manipulações. Passados quase 9 meses das eleições, Carrilho volta ainda ressentido e ferido no seu sempre insufladíssimo ego. Embarcou há muito no Comboio da Vaidade, comboio destinado desde cedo a descarril(h)ar...
AVC

Descarrilhamento filosófico

Realmente esse programa -Prós e Contras- e todos aqueles que de uma forma geral abordam essa temática são desprezíveis(no sentido de serem desnecessários). Não me parece, contudo, que o Sr. Manuel Maria Carrilho seja vaidoso. Antes não percebe o funcionamento dos mecanismos democráticos e as suas consequências, quer se ganhe ou não. Além de tudo isto, o conceito de Cidadania também me pareceu algo nebuloso junto do Filósofo.
O debate que se gerou no programa foi, portanto, completamente indigno de uma figura da Política e, principalmente, do Saber Filosófico, pois caracterizou-se pelo "lavar de roupa suja" que é comum em pessoas vulgares.
AVC, é óbvio que a Comunicação Social é altamente manipuladora, mas disso poucos terão dúvidas. No entanto, devo também salientar que, de facto, me parece ter existido um défice de tempo de antena concedido à campanha socialista do Município de Lisboa... pode ser impressão minha, porém, na verdade, foi Lisboa quem saiu vitoriosa.
«Haja bom-perder!»

TAM

Descarrilhamentos

Estou neste momento no intervalo de ver os "Prós & Contras" na televisão, sobre o livro de Carrilho, supostas manipulações da Comunicação Social e afins. Que existe manipulação na Comunicação Social, parece-me evidente, está quase na Natureza das coisas, desde sempre. No entanto, Manuel Maria Carrilho acusa TODA a Comunicação Social de estar CONTRA si nas eleições, manipulada por TODOS os "donos de Lisboa" (expressão de Carrilho) só para o DERROTAR, o que me parece mais uma prova de que a vaidade de Carrilho o faz pensar-se como o centro do Mundo, ao ponto de mobilizar tanta gente contra si...
Já agora... se fosse assim como Carrilho diz, também não estaria completamente mal. Já viram bem do que nos livrámos? Haja bom-perder!
AVC

segunda-feira, maio 22, 2006

Fernando Santos no Benfica

Fernando Santos sempre foi Benfiquista. Mesmo assim, fez um trabalho sério no F.C. Porto e no Sporting. Exemplo de profissionalismo e também de simpatia e educação, é acolhido agora no Benfica. Os Benfiquistas que olhem para as qualidades do novo treinador e não se preocupem muito por ele não ser estrangeiro. Aliás, o facto de ser português e Benfiquista só joga a seu favor! É que precisamos de uma política de verdadeiro "amor à camisola", pois penso que só assim é que as equipas portuguesas podem competir com as equipas estrangeiras.
AVC

Está de Parabéns o Misantropo!

O "Misantropo Enjaulado" fez um ano na Internet no passado dia 19 de Maio. Sempre com uma produção diária fantástica (em quantidade, mas sobretudo em qualidade!), uma análise política graciosa e ao mesmo tempo incisiva, com posições patrióticas que em vários casos me identifico, com quadros de boa pintura, artigos de inexprimível eloquência e graça, transcrições de alguns dos mais belos poemas que já me passaram pela vista e um afinado gosto no que diz respeito a obras-primas da Natureza... o "Misantropo" é certamente um sítio para os leitores do "Curtas" visitarem diariamente, asseguro-vos! Mas já agora, não deixem de aqui passar!
Paulo Cunha Porto, autor do "Misantropo Enjaulado", apostou arriscadamente em citar algumas vezes o "Curtas e Rápidas", o que deu origem a uma ligação especial e que aqui lembramos. Quando o "Curtas e Rápidas" surgiu, ainda recém-nascido e sem jeito para andar, já o "Misantropo" nos apadrinhava com os seus comentários sempre plenos de uma cada vez mais rara combinação entre extrema sabedoria e impressionante simpatia. À medida que o "Curtas" foi crescendo em colaboradores e consequentemente o nível foi subindo, começámos a poder dizer que merecíamos esta honra! Foi o "Misantropo" o nosso primeiro link e foi nele que encontrámos o primeiro link para nós. Ao "Misantropo" devemos muitas das nossas alegrias enquanto humildes Blogueiros. Ao Paulo Cunha Porto damos os parabéns e brindamos a muitos anos de Vida!
AVC

Em busca da Verdade

Nos últimos dias, o "Curtas e Rápidas" tem recebido belos postais pela pena do Napoleão e do Tiago, os quais sáudo pela qualidade que imprimem nas suas prosas. Despertou-me especial interesse o postal do TSM. Napoleão fala-nos do "Movimento das Cruzadas", concluindo o seu postal com uma pergunta talvez retórica, mas que ainda assim me atrevo a responder. E assim, em busca de mais alguma Verdade, este Vosso Tigre da Malásia mascarou-se de Sherlock e começou a pôr hipóteses...
Relembrando o mote: "Verificamos, então, que este movimento [as Cruzadas] tinha por base a salvação do Santo Spulcro, mas a questão coloca-se: Será só esse o principal e o único objectivo deste movimento?"
Pois bem, penso que mercenários e falsos virtuosos aproveitadores, sempre os houve em qualquer campanha de guerra durante a História. É inegável que as Cruzadas não são excepção! Havia, quero crer, um princípio verdadeiro e sentido de libertação das Terras por onde andou o Messias, mas que obviamente foi sendo corroído pelo dinheiro que a campanha implicava, assim como pelo facto de qualquer campanha que dure bastante tempo (e aqui falamos de séculos) ser alvo de erros e da ganância dos homens, que por serem homens erram, já que errar é humano...

Com isto, não quero de maneira alguma desculpar todas as barbaridades cometidas em nome de Deus, nem sequer tirar a culpa a todos os intervenientes, incluindo a Igreja Católica Romana que em alguns períodos patrocinou esta campanha das Cruzadas. No entanto, considero que nem tudo é sombrio, nem deve ser encarado como tal. Veja-se que às Cruzadas deve-se muito daquilo que é o ideal romântico do Cavaleiro Campeador, que percorre o Mundo em busca de Deus, de aventuras e de uma dama que lhe preencha o coração. É óbvio que isto não chega. O que mais devemos às Cruzadas foi a ajuda essencial que os Cruzados nos deram na reconquista de solo pátrio. E a tal aspecto fundamental da nossa História, devemos agradecer a São Bernardo Claraval, que aconselhou o seu amigo D. Afonso Henriques a ver as vantagens de aceitar a ajuda dos Cruzados. E como diria Sherlock, a ajuda dos Cruzados foi elementar para a formação de Portugal, meus caros!

AVC

domingo, maio 21, 2006

Troca de Sentimentos, coisas da Liberdade

Na sequência da I Corrida após a reinauguração da Monumental de Lisboa, surgem várias reflexões. No seguimento da barulhenta manifestação que se verificou antes do início da Corrida, com manifestantes oriundos de várias zonas de Portugal, principalmente para Norte de Lisboa, ouviram-se "gritos de guerra" que traziam mensagens fortes e, reconheça-se, sentidas: "-assassinos, fascistas...". Contudo, as posições das mentes que funcionavam dentro dos encéfalos dos quais só vislumbrei a parte visível -parece-me óbvio- poderão estar, na minha perspectiva, baralhadas.
Até aqui está tudo terrivelmente banal, agora surge a novidade: dizia uma pessoa, em tom também de confusão, que aqueles senhores estariam ali, acreditava, contra os animais! À primeira audição/leitura(e graças ao também digníssimo ouvinte do comentário, para quem aproveito para mandar uma saudação fraterna), pareceu um equívoco da respeitosa pessoa, todavia, em última análise, parece que a troca de pólos até faz muito mais sentido do que poderia parecer. Analisemos: os manifestantes seriam manifestamente contra a realização daquela, e de todas, as corridas de touros, todavia, se estas não existissem, é certo e seguro que o touro bravo, nobre e inteligente animal, já não existiria. Ou, quanto muito, faria parte da lista de animais em vias de extinção e, assim sendo, só tínhamos a possibilidade de o vislumbrar em Sete-Rios, no Jardim Zoológico, ou em qualquer outro, embora raros, parque da raça.
Deste modo, de facto, os manifestantes, estavam contra os animais(no caso eram os touros), pois se os seus "pedidos" tivessem sido ouvidos amanhã já não teríamos as lezírias taurinas, e respectivas Ganadarias(locais onde são bem-tratados, faustosamente alimentados, dispõem de cuidados constantes de médicos veterinários e têm a possibilidade de ganhar músculo e, por isso, serem o animal robusto que conhecemos), e a sentença de morte da raça tinha sofrido o seu mais forte, e quiçá último, apoio.
Os manifestantes identificavam-se, colectivamente, como membros dos partidos Comunista e Bloco, que, de facto, preferem a preservação da vida animal(sem capacidade de raciocínio) à da vida humana, cuja morte é apoiada através das inúmeras campanhas sobre a temática abortiva.
Como uma troca, consciente mas involuntária, de vocábulos pode ser incrivelmente lógica! E assim foi!
Diziam ainda os citados senhores manifestantes que a liberdade existia desde o Golpe Militar, ao que eu comecei a pensar: Não seremos também nós, aficionados ou simples admiradores, livres para poder assistir a uma Corrida de Touros?

Aficionadamente, TAM

sexta-feira, maio 19, 2006

O movimetos das Cruzadas

A Cruzada mais do que um movimento é um estado de espírito. A cultura medieval ocidental com forte cariz religioso enquadra-se perfeitamente neste espírito de Cruzada. Os apelos de pregadores, como Papa Urbano II, S. Bernardo, abade de Cluny, ou mesmo Pedro, o erimita, tem uma grande adesão na cristandade da época e invocam como motivo as perseguições de que os cristãos peregrinos eram vítimas na Terra Santa, e ainda a libertação dos lugares sagrados das mãos dos infiéis. Todos os que participassem nas Cruzadas, veriam os seus pecados redimidos, e um lugar no Paraiso assegurado, incentivavam assim, várias pessoas, sem enquadramento social a participarem na guerra Justa e Santa, para defenderem princípios transcendentais da fé critã, tendo sempre um benção divina, por este ser o seu desejo.
Uma Guerra Justa não é necessariamente uma Guerra Santa, mas uma Guerra Santa é sempre Justa, é neste contexto que assenta o ideal de Cruzada. A posição dos cristãos e muçulmanos face à guerra era bem distinta, de um lado temos a Jihad islâmica, considerada para muitos como pilar do islamismo (já o Profetam desde o inicio que tolera a violência de modo a impor a sua religião, eliminando todos os que se opunham ao islamismo), do outro lado, temos a Cruzada que surgiu como meio de responer à Jihad. Encontramos na Bíblia, o caminho para a paz, o apelo da harmonia e amor entre os povos. Mas na prática encontramos a tolerância do lado muçulmano, ao contrário do que aconteceu do lado critão onde se cometeram grande atrocidades e genocidios, não podemos esquecer que a violência foi introduzida no cristianismo, quando a religião cristã foi estatizada por Constantino no século IV, tendo a palavra de cristo, sido deturpada.
Por detrás deste espírito religioso existiam motivações politícas, sociais e económicas. A perspectiva de Bizâncio face ás Cruzadas, era visto numa posição de desconfiança. Apesar de necessitar de uma ajuda exterior contra a constante ameaça muçulmana e de ter oferecido apoio logístico, a avalanche de gentes fascinadas por uma pseudo liberdade entregam-se a um descontrolo onde a violência demonstrava a falência dos preceitos morais que a missão de cruzada implicava.
O apelo dirige-se principalmete aos filhos segundos dos grandes senhores (iuvennes). O ocidente está cheio desta matéria prima, jovens com um espírito belicista que procuram o pretexto a glória e a imortalidade, e que neccesitavam de espaço vital para se instalarem e recuperarem o tipo de vida e honrarias a que estavam habituados, esta procura de espaço vital na Terra Santa está bem patente na frase, " Eu, onde vivia, não era ninguém, aqui tenho terras e riquezas". Contudo ao chegarem à Terra Santa deparam se com uma geografia, clima, fauna, flora, cultura, língua diferente da sua. Ora, duas culturas em contacto logicamente influeciam-se mutuamente. Levam consigo os valores e os ideais do feudalismo, mas encantados pelo fascínio oriental aprendem a língua árabe e a sua cultura, de tal modo que quando regressam nunca mais serão os mesmos.
Verificamos, então, que este movimento tinha por base a salvação do Santo Spulcro, mas a questão coloca-se: Será só esse o principal e o único objectivo deste movimento?
TSM
desculpem a ausência tentarei ser mais assíduo

segunda-feira, maio 15, 2006

Campo Pequeno

Depois de vários anos em reconstrução, devido ao perigo de derrocada que manifestava, reabre, a 16 de Maio de 2006, a Monumental Praça de Toiros de Lisboa contruída em 1892. A Praça Centenária, que ocupa o espaço onde já no século XVIII havia Corridas de Toiros, foi a Primeira Portuguesa e, portanto, a primeira internacional no domínio do Toureio a Cavalo: a Nobreza da festa, quando bem acompanhada por um destemido Grupo de Forcados, valentes Campinos e uma Ganadaria dedicada. Nela se desenrolaram inúmeras histórias, lides e pegas dignas de serem relembradas e cantadas por todos aqueles quantos apreciam esta Arte Nacional que, como tantas outras -embora há mais tempo-, apresentam a Nação Portuguesa ao Mundo e a representam de uma das formas mais dignas que existe.
Não que sejam necessárias recomedações à actual administração, mas tão somente um voto de que se viva sincera Aficción e grandiosa presença na estreante velha Praça.

A Primeira Grande Corrida à Portuguesa realiza-se Quinta-feira, dia 18 do corrente mês, com Toiros da Ganadaria Vinhas, os Grupos de Forcados Amadores de Lisboa, Montemor e Santarém e com os Cavaleiros António Ribeiro Telles, João Moura e Rui Fernandes.

Fica aqui o convite, para os que apreciarem, para presenciarem a "força" da Festa Brava e manterem viva uma das mais genuínas Tradições, tão sentida e digna de glória quanto o Canto III d' Os Lusíadas.

TAM

domingo, maio 07, 2006

Lutar contra os nossos Adamastores

Sê persistente. Luta contra os vícios, mesmo que eles te pareçam monstros invencíveis. És português e tens a sorte de poder olhar para a História do teu país e ver um de muitos grandes exemplos de persistência: a passagem do Atlântico para o Índico!


Um monstro invencível: o Adamastor. Com persistência e "sem medos" (o que não quer dizer "sem respeito"), vencemos o obstáculo. Com a vitória e sem medos, desmistificámos por completo o pesadelo, dando espaço à realidade que nos faz sonhar. Abrimos novos horizontes, cheirámos a liberdade! O medo foi substituído pela confiança. Os gritos dos nossos vícios foram abafados por valores mais altos que se erguiam, sendo eles a e a Esperança, que nos possibilitam practicar uma melhor Caridade!


São pois a Fé, a Esperança e a Caridade três virtudes teologais que só ganhamos em aplicar como vectores dirigentes da nossa vida. O primeiro passo é, como disse no princípio, o da persistência. Persistir em combater os nossos vícios e medos que nos limitam como o Adamastor. Persistir em transformar as nossas "Tormentas" em "Boas Esperanças"!
Porque em tudo na vida, só tentando é que se consegue...
AVC

segunda-feira, maio 01, 2006

Convite ao Excelentíssimo leitor do "C&R""

Caríssimas e Caríssimos leitores do "Curtas e Rápidas", venho propor-vos uma noite muito bem passada! O Tigre da Malásia continua a sua ronda pelos principais eventos culturais de Portugal e desta vez lança-lhe um novo desafio: Uma noite inesquecível ao ritmo de belos fados cantados por grandes nomes já firmados no estrelato nacional, acompanhados por outras grandes promessas para o futuro deste nosso património cultural que é o fado. Se mais delongas, aqui está o convite com os dados mais técnicos:


O preço é de apenas 3,50 euros e com direito a bebida. Ninharia, comparando com os preços que por aí se praticam! O dinheiro reverte a favor das Missões humanitárias do MSV - Movimento de Serviço à Vida. Oferecemos-lhe deste modo também a oportunidade de contribuir para tão nobre causa! Não perca esta oportunidade, porque nós também não! Lá nos encontramos, e até lá despeço-me com amizade,

AVC

quinta-feira, abril 27, 2006

Pintura de Júlio Resende na SNBA - a não perder!

O Tigre da Malásia andou hoje por Lisboa cultural, tendo atingido o pico do seu dia na visita à Sociedade Nacional de Belas-Artes, onde decorre até sábado próximo (dia 29 de Abril) uma imperdível exposição de pintura do conceituado autor português Júlio Resende. Com quadros de várias fases da sua vida, a exposição é rica em verdadeiras obras-primas de vários estilos diferentes, pelos quais o pintor foi sendo seduzido até aos dias de hoje. Aconselho uma visita urgente a este evento, que oferece uma oportunidade única de contemplar quadros da Colecção de Arte Millenium BCP e o painel que mede 40 metros de comprimento, gentilmente cedido pela Câmara Municipal do Porto, de nome "Ribeira Negra" e que pela primeira vez é exposta a sul do Douro.
Não percam, caros leitores, esta exposição única. A entrada é gratuita, sendo que no sábado haverá uma visita guiada por um entendido na matéria, começando a visita às 15:30.
Ficam aqui as indicações necessárias. Eu fui, e vou voltar!

Júlio Resende
na Colecção de Arte Millennium bcp
e Ribeira Negra

de 3 de Abril a 29 de Abril de 2006
no Salão da Sociedade Nacional de Belas-Artes
(Rua Barata Salgueiro, 36, Lisboa)
Horário:
segunda-feira a sexta-feira, das 12h00 às 20h00;
sábados: das 14h00 às 18h00.
AVC

terça-feira, abril 25, 2006

Feriado (este vem de ferida e não de féria)

Hoje, dia 25, é para mim dia de trabalho como outro qualquer. Não celebro a ferida, tento não me lembrar daquilo que felizmente não vivi e trabalho como se nada fosse. Trabalho em casa, claro, para não ter de sair à rua e deparar-me com forçadas manifestações de canhotos, aparentemente felizes com o Estado do País. No fundo, o que os alegra é o facto de terem um dia mais para a folia de um Carnaval que já foi, mas à portuguesa. Assemelha-se exactamente ao Carnaval à Portuguesa, as celebrações do 25-barra-4: os protagonistas, descascados até ao fim, vão simulando falsas alegrias entre tremideiras de frio, tentando imitar Carnavais importados de sítios mais propícios à sua práctica! A cada um, o que é devido. Portugal merece esta democracia? O que nasce torto, dificilmente se endireita! O Tigre da Malásia não tem mãos a medir no trabalho. Hoje, faço voto de silêncio. Até amanhã ou depois!
AVC

segunda-feira, abril 24, 2006

Sandokan - O Regresso

A segunda série completa do grande pirata malaio já saiu em DVD e está à venda! Quatro episódios de hora e meia cada, recheados de grandes aventuras, cheias de trama, acção e suspense... à distância de 19,95 euros! Impecavelmente bem recuperado, para já mais não digo, para não correr o risco de vos tirar o apetite... digo só que é imperdível! Embora seja suspeito dito por mim...
AVC

sábado, abril 22, 2006

Infelizmente, bocejos...

Que os Portugueses estão descontentes com a Política que por este País se faz, e por isso andam cada vez mais alheados e desinteressados, isso não é novidade. A novidade é que os políticos já nem disfarçam que eles próprios estão também desinteressados da Política! Que desgraça! De 230 deputados que literalmente enchem a Assembleia da República, só 111 compareceram na sessão de 12 de Abril, tendo as votações sido adiadas por falta de quórum.
Enfim, o sistema a cair aos bocados... será preciso tantos deputados? Reduzam, meus senhores! Já nem a mancha do inútil se dão ao luxo de fazer! É que dá muito trabalho, dizem. Aos Portugueses dá sono. E ao "Tigre da Malásia" também...
AVC

Ele está de volta...

Sandokan, o Tigre da Malásia!
Para fatiar os inimigos dos Portugueses à espadeirada!
AVC

com Nobreza, do nascimento à acção

Na humilde, mas Real, Praça de Toiros do Vidigal "estreia-se" no Toureio o Príncipe Real, D.Luís Filipe de Bragança, com uma motivação especial: seria ajudado por dois Ilustres Cavaleiros Tauromáquicos, de reputação Nacional e, até mesmo, internacional. Vitorino de Avelar Froes, exímio Cavaleiro, de coração Alfeizerense(onde tinha a sua propriedade agrícola de treino e possibilitava a vivência desta Afición a vários amigos, entre eles possibilito-me citar o meu prezado Bisavô Francisco, corajoso Moço Forcado) e Simão Luís da Veiga, de Lavre (Montemor-o-Novo). Estes dois, nomes Maiores da Tauromaquina do Reino de Portugal, desempenharam a função de Peão de Brega por um dia e, dignamente, apoiaram Sua Alteza Real para que os riscos, sempre presentes numa Corrida -só não reconhecidos por quem nunca enfrentou um Toiro ou lidou com a inconstância natural de um robusto cavalo Lusitano- não se efectivassem naquele dia. Deste modo, dois Cavaleiros Tauromáquicos, assumem um papel de "menor relevância"(em Praça e junto do Público, mas não em Arte e Técnica), possibilitando a D. Luís Filipe o Triunfo que se verificou. Não que a sua Arte fosse inexistente, pois a Pessoa Real caracterizava-se, entre outras coisas, pela «finíssima e inteligente» Personalidade, bem como pela beleza na Arte de Bem Cavalgar em toda a Cela, todavia, sem o precioso auxílio de tão dedicados e valorosos Cavaleiros, o risco e a exigência teriam sido, estou certo, mais elevados.
Simão da Veiga superou-se a si próprio nas colocações e nos quites e, apesar da dificuldade motora de Vitorino Froes, as experiências de vida e de profissão conjugaram-se, como era, de resto, de esperar, na Perfeição: o Príncipe Real coloca magnificamente cinco Ferros compridos e um curto, sem que Sua Majestade tenha permitido mais um Ferro, quando pedido em Praça por seu filho.
É, portanto, de relevar, esta lição deixada para a posteridade: independentemente do grau conferido pela valorosa carreira de cada um, ou pela proeminência que o Sangue, à nascença, lhe confere, há sempre Valores mais Altos que se levantam: neste caso, foi a Casa Real Portuguesa.
Há, ainda, contudo, a salientar, que o Toiro da Ganadaria da Casa Real era um animal de 4 anos com, diz-me a experiência e o Amigo António, mais de 400 Kg. e não um Garraio, como El-Rei havia feito suspeitar. Ao aperceber-se de tal facto, comenta o Sr. Simão da Veiga a Sua Majestade que a corpulência do toiro talvez fosse exagerada, ao que El-Rei responde: «Noblesse Oblige!».
Eis aqui o Exemplo de dois Portugueses e de uma Família Real!

P.S.- o tema pode ser aprofundado com a leitura do livro: Simão da Veiga, um nome e duas saudades, de Luís Fernando da Veiga(filho de um dos referidos Cavaleiros).

Com Respeito, TAM

sexta-feira, abril 21, 2006

A inveja europeia

Um dos grandes problemas da União Europeia, para nós Portugueses, é esta necessidade constante de nos comparar a outros países da comunidade. Fazem-no "em nome da competitividade e do progresso", assim o apregoam, esquecendo ou fazendo por esquecer que não se pode comparar realidades tão diferentes na sua base identitária. A nossa História, Geografia, Religião, sorte e engenho moldaram-nos numa cultura e num espírito que nos distingue perfeitamente de cada povo do Mundo. Aliás, cada povo tem as suas especificidades que lhe conferem uma identidade própria, se assim não fosse não seria necessário chamar-lhe de "Povo X" ou "Povo Y".



Ora, "Povo Europeu" e "Identidade Europeia" são chavões que não nos soam nada bem, por muito que suem para no-los impor. Porquê? Precisamente por nos sugerirem que a base de todos os povos europeus é tão parecida que se pode tomar por igual, para compararmos todas as decisões políticas e económicas de cada país, na senda da descoberta de um modelo único, perfeito e abstracto que sirva para todos, e tudo em nome do tal "progresso" e da "competitividade" entre países.


Este esforço racionalista de encontrar o modelo único e perfeito traz o perigo de igualarmos países diferentes, potenciando a inveja nos mais fracos e a arrogância dos mais ricos, em vez do desenvolvimento económico. Para além disso, o triste é que o erro é clássico e estupidifica quem nele acredita: não será óbvio que os modelos abstractos e perfeitos estão ultrapassados? Como diria Michael Oakeshott, o racionalismo exacerbado só vê um "melhor absoluto", que se impõe a todos! Não vê soluções que possam ser "melhores consoante cada circunstância"...

Circunstâncias diferentes não devem ser alvos de comparação! Países diferentes não podem ser assim confrontados! Identidade europeia é algo que não existe! Não devemos deixar segregar a Grandiosa Portugalidade numa ignóbil tentação europeia... Lembremo-nos que esta luzidia maçã que nos tenta foi e é polida com o sebo da artificiosa manha, escondendo um buraco, cuja minhoca habitante traz os podres da inveja e da arrogância em luta! Com indignação,

AVC

terça-feira, abril 18, 2006

XVII Governo Constitucional

O Governo da Nação parece seguir com as medidas polémicas que tem apresentado à sociedade Portuguesa. Nas ruas, apesar do descontentamento crescente, nomeadamente nas Forças de Segurança, parece manter-se o sentimento "do mal, o menos". Isto é, as medidas do Governo de Maioria, Socialista, não agradam, porém, parecem ser necessárias ao retomar do funcionamento da Estrutura Económica e para possibilitar equilibrar as Finanças Públicas(o Déficit, valor primordial para a política económica comunitária, parece ter deixado de ser uma prioridade). Desta vez, o Governo afasta-se da ideia "paranóica" dos Anteriores -Sociais Democratas- do Défice Público e surge com uma nova prioridade: extinção de organismos estatais, reestruturações e, consequentemente, despedimentos. É, pois, óbvio, que o funcionalismo público anda descontente, trémulo, e os processos pendentes arrastam-se morosamente(difundiu-se a ideia de que os Funcionários Públicos são lentos e ineficientes o que, em todo o caso, não constitui uma realidade abrangente, mas tão somente casos pontuais e verificáveis em todos os sectores da sociedade produtiva).
Como que paralelamente, surge -e muito bem- uma Política Cultural, dedicada e intransigente, que historicamente só se verificava em Conjunturas económicas prósperas. Das duas uma: ou a situação económio-financeira não é assim tão negra ou, se é, as Colecções Berardo's, os TGV's e as Ota's podem esperar(estas últimas, apesar de serem Políticas no campo dos Transportes, também só se devem desenvolver quando os aspectos essenciais à vida dos cidadãos estiverem resolvidos). A Política nos Transportes é estruturada e constitui uma aposta interessante e avultada no sector, contudo, não me parece que tenha prioridade sobre as questões, por exemplo, das Escolas do 1º Ciclo que vão encerrar e os alunos terão de frequentar outra, mais populosa e distante(que incitará, não tenhamos dúvidas, principalmente no interior rural do País, ao precoce abandono escolar). Portanto, na minha análise, as prioridades foram trocadas: eis a desilusão dos Cidadãos(dos que neles acreditaram e por isso os elegeram) perante a tomada de Poder dos Socialistas, e da Esquerda em geral, pois os seus programas de candidatura verificam-se inexecuíveis e, portanto, falaciosos.
E depois não temos uma Oposição Fide-digna: a classe Política caracteriza-se, grosso modo, por uma atitude desleixada e uma execução em conformidade, ou seja, despreocupada. Os exemplos são mais que muitos e raros são os que dignificam a Classe.
Resta aos Cidadãos, Contribuintes para o Estado, estarem atentos e, na sua maioria, descontentes.

TAM

sexta-feira, abril 14, 2006

Páscoa, a Original

«Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o como uma festa em honra do Senhor: Fareis isto de geração em geração, pois é uma instituição perpétua.» Livro do Êxodo 12, 14

A Páscoa é, indubitavelmente, uma das Celebrações mais marcantes e relevantes de toda a Cristandade. Nela se comemora a Ressureição de Jesus Cristo, vindo ao mundo para nos Salvar e que Morreu por todos nós, suportanto a Dor dos nossos Pecados e Purificando-nos, numa prova de inquestionável Amor por todos os Seus filhos.
Foi barbaramente Crucificado, tendo feito, até chegar ao calvário, o penoso caminho com a Cruz às costas, na Sexta-Feira Santa, por volta de 33 d.C., e Ressuscitou ao 3º Dia, Domingo, conforme as Sagradas Escrituras descrevem. A Páscoa( Pesach = Passagem) Celebra a Sua Vitória sobre a Morte.
A Última Ceia de Jesus com os seus Discípulos celebra-se na Quinta-feira, que precede a Sexta-Feira Santa, e a Subida para junto do Pai Celeste na Quinta-feira após o Pentecostes, a Ascensão de Cristo ou Corpus Christi.
A Páscoa é um Feriado móvel que serve de referência para outras datas, sendo calculada com base na Lua(por influência do calendário judeu, baseado na Lua). Calcula-se como sendo o primeiro Domingo(Dia do Senhor, literalmente) após a lua cheia seguinte ao Equinócio de Outono -no Hemisfério Sul- ou o Equinócio de Primavera, no Hemisfério Norte.
Agora, mais não digo do que nos diz a Bíblia, pois a Verdade e Luz, essas, só fomos realmente capazes de ver com este Exemplo: o Cordeiro de Deus que Tirou o Pecado do mundo e Morreu por nós, tendo Ressuscitado e Voltado para o Céu, onde nos Conduz e Ama como Ninguém.

Votos de uma Santa Páscoa para todos os Leitores do Curtas e Rápidas, bem como para os que para ele têm contribuído. Com Respeito, TAM

domingo, abril 02, 2006

A minha Páscoa

Não sei, e julgo que não alteraria em nada este artigo caso soubesse, o grau de religiosidade de cada um de vós, prezados leitores do Curtas e Rápidas, porém, considero que cada um de nós tem Crenças e uma Religião, que pratica mais ou menos intensamente, dependendo de vários factores. Não me afasto rigorosamente nada de vós se confessarmos uma Religião distinta, só me preocupa se não tiverem nenhuma(ou uma teoria racionalista não falaciosa que defenda essa não-crença). Pois bem, sou Católico Apostólico Romano convicto e, daqui, nada me demove. Torna-se, portanto, imperioso, nesta época, reflectir sobre os Valores transmitidos. Não vos peço que aprovem os Dez Mandamentos da Lei de Deus (se aprovarem, óptimo, fico feliz), contudo, há valores de Bem, mais globais e intemporais do que esses e, deste modo, estou certo, que não nos afastamos em discussões desde o início condenadas ao fracasso(na medida em que jamais corroboremos) e que promovem mais a tensão do que a harmonia social. Estamos na Quaresma, a viver(espero) a nossa Páscoa de forma intensa, todavia, esta intensidade deve assumir uma tónica de Bem, de Bom, de cada vez mais e melhor. Mais solidários, Melhores Amigos, de Bem com Deus, "em Bom" com a Família. Estas devem ser metas desejadas por tudos(não considerando eu que é a única meta, pois pessoas há que têm para além destas muitas outras e em graus igualmente difíceis e exigentes), independentemente do Credo de cada um.
A Páscoa não é A ALTURA, mas é uma boa altura para começar, ou continuar, a caminhada que, como se diz, faz-se caminhando. É difícil, leva-nos por caminhos tortuosos e exige-nos Vontade, Amor, Verdade, Paz, Humildade... valores actualmente raros e barreiras, não raras vezes, consideradas, à partida, de intransponíveis. No entanto, com Fé, tudo é ultrapassável: já Moisés abriu - quando parecia impossível e por isso poucos acreditaram - uma passagem no Mar Vermelho, para que o seu Povo passasse entre as águas revoltas e alcançasse a Terra Prometida, deixando para trás o tenebroso Egipto. O Racionalmente impossível revelou-se, na realidade, um obstáculo intrasponível? Não, claro que não. Vontades há Infinitamente Maiores e mais Poderosas do que as nossas.
Assim sendo, e com este exemplo Bíblico, independentemente da nossa Religião, como já disse, tentemos viver este período em harmonia, humildade, simplicidade, sinceridade, amor e solidariedade para com todos. De facto parece, ao ler, um pedido inexequível, porém, estou em crer que, com a força e a ajuda de Cristo, a missão será penosa, mas recompensadora por si só. Isto é, podemos não ganhar uma pipa de ouro, mas alcançaremos decerto a tranquilidade da consciência e a Amizade de Deus (bens infinita e incomparavelmente maiores que quaisquer outros).

Esta Missão, que deve ser aceite por todo o bom Critão, nem sempre é, tenho a certeza, tão simpática e "leve" quanto gostaríamos. Contudo, e nomeadamente com a ajuda dos nossos "Salvadores terrenos", ela vai-se tornando num fardo leve, que passa a ser encarado como uma simples rua empedrada, medieval, onde tantas vezes caímos de bicicleta e que, nem assim, deixamos de lá passar ou de a adorar. Porque a vida não é para ser vivida com tristeza, muito menos com a ideia de que a qualquer momento nos espera o penoso Calvário, devemos sorrir e contribuir para que, amanhã, o Calvário do nosso irmão lhe seja mais suportável, mesmo que isso implique maior peso para nós.
Por tudo isto, vou passar a dedicar, aqui e a partir de hoje, um texto a cada um dos Amigos que me têm facilitado a Caminhada em vários contextos e em diferentes épocas. Não que tenha sido pesada ou que possa sequer queixar-me(do meu Calvário), mas porque lhes reconheço uma atitude tão nobre quanto a que desejo para os meus filhos: a Pureza de Carácter.

Gonçalo, meu Ultra-Caro(será que posso escrever isto?), este 1º é-te dedicado porque me motivas para reflexões complexas, és uma Pessoa de Excepção e o mais Nobre que até hoje conheci. Um atento leitor do Curtas e... não me esqueci que me enviaste a sms mais sentida que já alguma vez - pelo menos nos tempos recentes- me enviaram, ao vislumbrares a minha notória, na data, indisposição mental. Um Grande Abraço, meu Grande Aristocrata.
TAM